quinta-feira, julho 26, 2007

Tratamento antecipado para crianças reduz perigo de morte






De acordo com o relato de hoje, no dia final de conferência da IAS em Sydney, acerca de um estudo da África do Sul, o tratamento com terapia anti-retroviral (ART) para bebês HIV-positivos, iniciado dentro das primeiras 12 semanas de vida – em vez de esperar até que os sinais de deterioração imunológica ou clínica apareçam –, diminui drasticamente os riscos de morte prematura.
O estudo observou crianças em cenários com limitação de recursos e comparou proposições para tratamento de HIV às crianças que não se encontravam suficientemente doentes para receber tratamento imediato sob as diretrizes atuais.
Um grupo adiou o tratamento até que suas porcentagens de CD4 tivessem queda abaixo do limiar indicando grave imunossupressão, enquanto o outro grupo iniciou tratamento imediatamente. As crianças tinham menos de 12 semanas de idade quando foram aleatoriamente designadas a fazer parte dos grupos.
O estudo descobriu que o tratamento imediato reduzira o perigo de morte em 75%, durante o período de acompanhamento médio de 32 semanas.
Em um comunicado do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA (NIAID), patrocinador do teste, Dr. Anthony S. Fauci afirmou: “Os resultados desse teste poderiam trazer implicações significativas na saúde pública do mundo inteiro.”
No entanto, para conseguir máximo impacto, programas de prevenção da transmissão de HIV da mãe para a criança (PMTCT) precisarão consideravelmente de mais força e deverão estar mais fortemente ligados aos serviços de saúde maternais à criança.
Mães e responsáveis oferecendo tratamento precisarão de considerável apoio no fornecimento consistente desses tratamentos para as crianças. O pagamento pela extensão do tratamento às crianças precisará da ajuda de todos os setores. Além disso, também serão necessários programas para aumentar a capacidade de diagnóstico o mais cedo possível das crianças.


Resultados decepcionantes nos testes para prevenção

A conferência não tem sido encorajadora no que se refere às novidades sobre intervenções biomédicas para prevenir a transmissão do HIV.
No início da semana, reportamos que um importante estudo sobre a supressão do HSV-2 [vírus herpes simples 2] pelo medicamento aciclovir fracassou na redução do risco de infecção por HIV em mulheres HIV-negativas na Tanzânia.
Outro estudo da mesma equipe descobriu que, nas mulheres HIV-positivas, o medicamento não havia reduzido a incidência de HIV ou HSV-2 de seus fluidos genitais, então seus parceiros continuariam a apresentar o mesmo risco de infecção por HIV como no período anterior ao tratamento.
A presença do HSV-2 aumenta o risco de transmitir o HIV caso você seja HIV-positivo e aumenta enormemente o risco de contrair o HIV caso seja HIV-negativo. Supõe-se que a supressão do HSV-2 seja uma maneira de reduzir o número de novas infecções por HIV, mas essas descobertas sugerem que há muito que se aprender antes que os medicamentos aciclovir e valaciclovir possam ser empregados como medida de prevenção do HIV.
Em uma das sessões finais da conferência, resultados de dois estudos com microbicidas mostraram que o produto mais perto de ser aprovado, UsherCell, na verdade, aumentava o risco de infecção por HIV em um estudo e, em outro, não surtiu efeito, comparado a um gel inativo.
Os investigadores ainda não entendem por que razão o UsherCell aparentemente aumentara o risco de infecção por HIV, já que tinha sido provado seguro e eficaz em muitos estudos anteriores.
Finalmente, um estudo da África do Sul, com mulheres aleatoriamente designadas para usar camisinha com seus parceiros ou a usar um diafragma e lubrificante em adição às camisinhas, não descobriu nenhum efeito de proteção extra no uso do diafragma e lubrificante. Ambos os grupos tinham a mesma taxa de infecção por HIV. Os resultados daquele estudo foram reportados anteriormente este mês quando houve sua publicação no The Lancet.
Apesar de muito entusiasmo pelas intervenções biomédicas ao longo dos últimos anos, até agora, a medida mais promissora para ser levada à prática é a circuncisão. Novidades sobre a circuncisão serão ainda discutidas neste boletim.


Antagonistas do CCR5, uma nova classe de medicamento anti-HIV

Quando o HIV penetra em uma célula, este se prende em diversos alvos de sua superfície. Um é o receptor CD4. Também, na superfície da célula, o vírus precisa ligar-se a outro receptor chamado quimiocina. Depois da infecção com o HIV, virtualmente, todos apresentarão uma população de vírus que somente poderá usar o receptor CCR5 para conseguir entrar nas células. Mas, como a contagem de células CD4 apresenta queda, alguns vírus se adaptam ao uso de outro receptor, o chamado CXCR4.
Há alguns anos, cientistas descobriram que pessoas sem o receptor CCR5 (uma condição hereditária não-prejudicial aos humanos e bem rara) menos provavelmente serão infectadas com HIV e, se realmente tiverem o HIV, têm menos probabilidade de progredir com a doença.
Medicamentos que bloqueiam o receptor CCR5 podem interromper a infecção das células pelo HIV. Esses medicamentos são chamados antagonistas da quimiocina ou inibidores do CCR5. Várias empresas vêm desenvolvendo produtos relacionados e os últimos resultados de suas pesquisas foram apresentados esta semana na conferência da IAS.
O primeiro medicamento a ser disponibilizado é o maraviroc (Celsentri). Este foi aprovado, semana passada, na Europa, e está prestes a ser aprovado nos EUA para pacientes experientes no tratamento.
Na quarta-feira, foram revelados os resultados de um estudo sobre o maraviroc para pessoas novas ao tratamento. Em um estudo de 48 semanas, o maraviroc foi comparado ao efavirenz. Todos tomaram, também, o Combivir (AZT/3TC). O estudo recrutou 729 pacientes de todo o mundo.
O maraviroc e o efavirenz suprimiram a carga viral para menos de 400 cópias/ml em uma mesma proporção de pacientes, mas o maraviroc foi inferior ao efavirenz na supressão de carga viral menor do que 50 cópias.
Contudo, ao compararem as respostas do hemisfério norte e sul, os pesquisadores descobriram que pacientes recrutados na Austrália, Argentina e África do Sul tiveram menos probabilidade de chegar à carga viral abaixo de 50 cópias/ml do que os pacientes do hemisfério norte, onde não houve diferença entre os grupos com o efavirenz e o maraviroc.
Ainda são necessárias análises adicionais para explicar tais resultados, cujas causas poderiam ser atribuídas ao subtipo viral.
Resultados de estudos com dois outros inibidores do CCR5 foram também apresentados esta semana em Sydney.
O vicriviroc está sendo desenvolvido pela Schering-Plough. Este medicamento alcançou estudos de fase II no qual doses diferentes são comparadas ao placebo. Vem-se testando o medicamento em pacientes experientes no tratamento, os quais seguiram um regime selecionado após o exame de resistência.
Depois de 48 semanas, até 37% no grupo com a dose mais alta, comparados aos 11% no grupo com o placebo, tiveram carga viral indetectável.
Mais pacientes que receberam o vicriviroc haviam desenvolvido câncer antes de 48 semanas em comparação ao grupo com o placebo (8 vs 2), e os pesquisadores estão ainda tentando determinar se alguns dos cânceres são causados pelo vicriviroc.
Outro inibidor do CCR5, cujo codinome é INC9471, está em desenvolvimento pela empresa Incyte. Diferentemente do maraviroc, esse pode ser tomado uma vez ao dia. Na verdade, resultados de um estudo de 14 dias com aplicação exclusiva do INC9471, sem outros anti-retrovirais, indicam para a possibilidade de se tomar o medicamento menos de uma vez ao dia. O estudo, com 19 indivíduos HIV-positivos, descobriu que, na média, eles ainda apresentavam níveis de carga viral 1,72 log abaixo do parâmetro de seis dias após a última dose.
Na próxima fase dos estudos, o INC9471 será testado como um medicamento administrado uma vez ao dia, porém os pesquisadores também querem colocar em teste o uso de uma dose baixa de ritonavir como estimulante suficiente ou não dos níveis do medicamento para que se permita a menor freqüência de doses.


Circuncisão

Na última conferência da IAS, em 2005, foi apresentado o primeiro grande estudo demonstrando que a circuncisão reduzira o risco de infecção por HIV em homens. Desde então, mais dois estudos mostraram resultados semelhantes: a circuncisão reduz o risco de infecção por HIV em homens em cerca de 60%.
Conseqüentemente, a Organização Mundial da Saúde e a UNAIDS recomendaram que os programas de prevenção do HIV devessem oferecer circuncisão médica aos homens.
Entretanto, ainda há muitas questões não-respondidas referentes à circuncisão como uma estratégia de prevenção do HIV.
Uma preocupação está relacionada com sua segurança: com que freqüência os homens sofrem complicações resultantes da circuncisão e quanto tempo as feridas levam para cicatrizar?
Um estudo analisando as taxas de complicação em dois grupos, homens HIV-negativos e homens HIV-positivos com contagens de células CD4 acima de 350, descobriu uma taxa semelhante de complicações, cerca de 3%, em ambos os grupos. Porém, homens HIV-positivos apresentaram menos probabilidade de cicatrização total da ferida após um mês. Quase 30% ainda apresentavam feridas não-cicatrizadas da cirurgia, comparados com 20% dos homens HIV-negativos.
O estudo foi criticado por Kevin de Cock da Organização Mundial da Saúde, porque deixou de incluir os homens com contagens de células CD4 mais baixas, os quais poderiam apresentar um risco maior de infecção depois da operação.
Ainda se desconhece também o efeito protetor da circuncisão dentre os homens que fazem sexo entre si. Embora os homens da América Latina - onde é rara a circuncisão - queiram participar de testes sobre a efetividade da circuncisão, um estudo na Austrália questionou se realmente houve um efeito de proteção para esse grupo.
Através de análises de todas as novas infecções dentre os homens que fazem sexo entre si, desde 2000, os pesquisadores não observaram diferenças nos seus riscos de infecção por HIV entre aqueles circuncisos e não-circuncisos.
Outra questão não-respondida está relacionada ao custo. Um estudo-modelo apresentado, hoje, sugere que programas de circuncisão em massa, nos países da África gravemente afetados, podem custar aos governos e doadores internacionais $500 milhões pelos próximos cinco anos. Mas, prevenindo-se as infecções existe o potencial de se economizar $3 - $4 bilhões em custos para tratamento anti-retroviral ao longo dos próximos 20 anos.


Comentários de especialistas
Comentários de especialistas no assunto, sumários das apresentações da conferência e conjuntos de slides disponíveis para download estarão em breve no website Clinical Care Options HIV.

Vídeos das sessões da conferência
Vídeos de trechos da conferência estarão disponíveis logo após as sessões no websiteKaisernetwork.org IAS 2007.

ARVs [Anti-Retrovirais] para mães durante amamentação a fim de prevenir a transmissão do HIV






4ª Conferência da Sociedade Internacional da AIDS (IAS), Sydney: 22 a 25 de julho de 2007
Notícias de terça-feira, 24 de julho de 2007
Quarta Conferência da Sociedade Internacional da AIDS, Sydney
ARVs [Anti-Retrovirais] para mães durante amamentação a fim de prevenir a transmissão do HIV
Raltegravir, o novo inibidor da integrase
Terapia de supressão do HSV-2 [vírus herpes simples-2] para mulheres HIV-positivas
Hepatite
Comentários de especialistas
Vídeos das sessões da conferência
Tradução Marcela Frota Todos os links deste boletim são para artigos em inglês. Por favor, visite nossas seções de outras línguas para mais informações em:
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Quarta Conferência da Sociedade Internacional da AIDS, Sydney

ARVs [Anti-Retrovirais] para mães durante amamentação a fim de prevenir a transmissão do HIV

Talvez as descobertas mais importantes da conferência tenham sido apresentadas hoje, através de dois estudos sobre tratamento anti-retroviral para mães amamentando. Suas implicações são importantes para os países que estão tentando promover a amamentação como fonte única de alimentação do bebê, a fim de reduzir a transmissão do HIV da mãe para o filho.
Os dois estudos descobriram taxas extremamente baixas de transmissão do HIV durante o período de amamentação quando as mães recebiam terapia com três medicamentos anti-retrovirais até que desmamassem, quando a criança completasse seis meses de idade.
Até agora, a maioria dos principais estudos de prevenção da transmissão do HIV da mãe para o filho (PMTCT) se concentraram nos efeitos em proporcionar terapia com um, dois ou três medicamentos anti-retrovirais próximo ao momento do parto e o imediato pós-parto.
Outros estudos demonstraram que a amamentação como fonte única de alimentação do bebê, em vez da alimentação mista (leite e sólidos não-maternos, que irritam a parede do intestino), reduz significativamente o risco de transmissão do HIV. Por outro lado, somente a amamentação não elimina totalmente o risco da transmissão.
A administração da terapia com medicamentos que reduzem a carga viral no leite materno pode ser dificultada pelo fato de que o leite materno consiste em um compartimento protegido dentro do corpo. Não se sabe ao certo o quão bem os anti-retrovirais irão penetrar no leite e assim reduzir sua carga viral. Qualquer patamar abaixo da supressão total do vírus no leite materno poderia levar à resistência.
Alguns estudos preliminares com mulheres amamentando, e já aptas à utilização do ART para benefício da própria saúde, sugeriram que tal uso reduz o risco de transmissão. Porém, para a majoritária população das mães HIV-positivas que ainda não precisam de terapia anti-retroviral para benefício próprio, o valor, para um período limitado da terapia com três medicamentos, não foi constatado – até agora.
No estudo MITRA Plus, na Tanzânia, todas as mães receberam AZT, 3TC e nevirapina próximo à semana 34 de gravidez e interrromperam o tratamento depois de desmamar, aos seis meses, a não ser que a mãe precisasse de terapia anti-retroviral para si própria.
O número de transmissões, após o período de amamentação, foi muito baixo (menos do que 5%) e a maioria dessas crianças apareceu infectada no momento do parto.
No estudo AMATA, em Ruanda, todas as mães receberam terapia anti-retroviral e depois escolheram por amamentar ou alimentar seu filho com fórmula. Somente uma criança apareceu infectada neste estudo. Os pesquisadores acreditam que sua mãe tenha interrompido o uso das medicações anti-retrovirais.
Outra descoberta interessante foi a de que não houve diferenças estatisticamente significativas na mortalidade ou morbidade, mesmo com as descobertas de outros estudos comprovando que os filhos de mães HIV-positivas tomando o leite materno apresentavam taxas mais baixas da doença e morte do que aquelas alimentadas com fórmula.
Provavelmente, haverá mais discussões sobre as descobertas e como colocá-las em prática, mas a mensagem está clara: nos locais onde as mães vêm sendo encorajadas a somente amamentar, a terapia anti-retroviral para elas poderia poupar milhares de crianças da infecção por HIV.


Raltegravir, o novo inibidor da integrase

O raltegravir (Isentress) é um novo medicamento anti-HIV de uma classe completamente nova denominada inibidores da integrase. É provável que seja aprovado, para pacientes com experiência no tratamento, antes de Outubro, nos Estados Unidos e, logo depois, na Europa.
O raltegravir impede que o HIV integre seu material genético nas células humanas, por isso o nome “inibidor da integrase”.
Para pessoas novas ao tratamento, o raltegravir está ainda sendo testado. Resultados de um estudo sobre dosagem em fase 2b em que o raltegravir foi comparado ao efavirenz foram apresentados na terça-feira durante a conferência da IAS.
O raltegravir e o efavirenz suprimiram a carga viral a níveis indetectáveis aproximadamente na mesma proporção nos pacientes depois de 48 semanas (entre 80% e 90%). As pessoas do teste tomaram os medicamentos com tenofovir (Viread) e 3TC (Epivir). Somente 3% dos pacientes haviam sofrido um ressalto da carga viral após 48 semanas de tratamento em ambos os grupos de tratamento, o que indica a grande eficácia das duas combinações de medicamentos.
Entretanto, as pessoas que tomaram o raltegravir sofreram menos efeitos colaterais no sistema nervoso central, como pesadelos, tonteiras e dores de cabeça, do que as que tomaram o efavirenz.


Terapia de supressão do HSV-2 [vírus herpes simples-2] para mulheres HIV-positivas
Na segunda-feira, os pesquisadores relataram que a administração do aciclovir por mulheres HIV-negativas, a fim de controlar a infecção do HSV-2, não reduziu os riscos de infecção por HIV, possivelmente, devido à falta de aderência ao medicamento.
Na terça-feira, o mesmo grupo de pesquisa relatou os resultados de um segundo estudo sobre o aciclovir, também realizado na Tanzânia. Este observava se o aciclovir reduzira ou não a incidência de HSV-2 e HIV nos fluidos genitais de mulheres HIV-positivas.
Grandes estudos observaram se a medicação que suprime o HSV-2 poderia reduzir a incidência de HIV em mulheres HIV-positivas, um analisou o valaciclovir, outro, o aciclovir. Ambos os medicamentos anti-herpes reduziram indiretamente os níveis de HIV nos fluidos genitais.
Contudo, o estudo da Tanzânia não obteve evidências suficientes de um efeito. Embora houvesse tendência estatística em relação aos níveis reduzidos de HIV em mulheres com o aciclovir, o fato não foi necessariamente suficiente para chegar à conclusão de que o aciclovir possa reduzir efetivamente o risco de transmissão do HIV.
Além disso, não houve diferença significativa nos níveis de HSV-2 do fluido genital entre o grupo com o aciclovir e o de mulheres que receberam uma cápsula falsa. Isso surpreende pelo fato de que a terapia de longo-prazo com o aciclovir supostamente deveria reduzir a incidência de HSV-2 em indivíduos com herpes genital.
Igualmente ao estudo com os indivíduos HIV-negativos, reportado ontem, os pesquisadores concluíram que a fraca aderência explica os resultados. Somente 50% das mulheres do estudo tomaram mais do que 90% dos seus comprimidos, apesar de constante aconselhamento sobre aderência. Esses resultados ainda são um lembrete do inconveniente dos novos métodos de prevenção baseados em medicamentos ou microbicidas – esses têm de ser usados regularmente para que ofereçam proteção.

Hepatite

A Hepatite C é uma co-infecção bastante difundida entre pessoas com HIV, sobretudo onde é comum a transmissão de HIV através de drogas injetáveis. O HCV [vírus da hepatite c] manifesta-se normalmente como uma infecção apresentada no sangue, mas, ao longo dos últimos cinco anos, surtos de infecções sexualmente transmitidas do HCV ocorreram entre homens gays HIV-positivos no Reino Unido, no norte da Europa, nos Estados Unidos e na Austrália.
Freqüentemente, a infecção aguda por HCV em homens gays é identificada somente com o monitoramento regular da função do fígado durante o tratamento anti-retroviral. Níveis elevados de enzimas do fígado podem indicar infecção aguda pelo HCV e tal aumento deve ser considerado como uma explicação para os aumentos nos níveis enzimáticos no fígado em pessoas tomando anti-retrovirais.
Uma pesquisa apresentada na terça-feira, na conferência da IAS, revelou que surtos na Europa identificam fortes conexões internacionais. Os investigadores analisaram semelhanças genéticas entre os vírus da hepatite C de 190 homens HIV-positivos e descobriram grupamentos de transmissão. Um grupo continha vírus de quatro países diferentes e sete dos dez continham vírus de mais do que um país.
Viagens entre países representam um importante papel nessa nova epidemia, afirmam os pesquisadores, e mensagens direcionadas para homens gays sobre os riscos de infecção por HCV devem ser divulgadas pela Europa e América do Norte, não só em uma única cidade.
Os fatores de risco incluem penetração anal sem proteção, apunhaladas, sexo por influência de drogas, doenças sexualmente transmissíveis (em particular a sífilis), divisão de acessórios para cheirar drogas e sexo em grupo.


Comentários de especialistas
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Inicia em Sydney a Quarta Conferência da Sociedade Internacional da AIDS


A 4ª Conferência da Sociedade Internacional da AIDS (IAS) sobre Patogênese, Tratamento e Prevenção do HIV foi aberta em Sydney trazendo grandes expectativas. Oradores na conferência de imprensa da abertura enfatizaram os avanços recentes nas três áreas de foco da conferência: a ciência básica do HIV; a terapia anti-retroviral; e as tecnologias para prevenção.
Contudo, a parceria previamente bem-sucedida da Austrália entre governo, médicos, sociedade civil e as comunidades afetadas pelo HIV está “em risco de fragmentar-se” se o Primeiro Ministro australiano continuar a fazer discursos que “mostrem titubeios no compromisso da Austrália em reduzir o estigma e a discriminação”, declararam os oradores durante a sessão de abertura, no domingo à noite, da 4ª Conferência da Sociedade Internacional da AIDS sobre Patogênese, Tratamento e Prevenção do HIV, em Sydney.

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Interações entre medicamentos para TB e HIV

Os medicamentos para TB e HIV podem interagir entre si, reduzindo o nível sangüíneo. Muito se preocupa com o efeito dos medicamentos para a TB sobre os usados para o HIV, porém um novo estudo apresentado na segunda-feira na conferência da Sociedade Internacional da AIDS mostrou que a infecção pelo HIV pode reduzir os níveis de alguns medicamentos para a TB, sobretudo em pessoas em estágio avançado da doença do HIV.
Um estudo tailandês descobriu que, embora 80% dos pacientes que receberam a dosagem padrão de 400mg de nevirapina tivessem níveis plasmáticos sub-ótimos do medicamento, a eficácia foi apenas observada no controle da carga viral durante as 60 semanas de estudo. O aumento da dosagem de nevirapina para 600mg, com uma dosagem induzida de 400mg, uma vez ao dia, resultou em uma alta taxa de hipersensibilidade reativa.
Em contrapartida, um outro estudo de Botsuana descobriu que pessoas com HIV não recebendo os anti-retrovirais apresentaram níveis baixos do medicamento para a TB. Pesquisadores acreditam que a infecção por HIV possa afetar o modo como alguns medicamentos são metabolizados e afirmam que é necessário mais pesquisa com relação às doses corretas para tratar da TB em pessoas HIV-positivas.


A supressão do HSV-2 reduz o risco de infecção por HIV?

O HSV-2 [vírus herpes simples tipo 2], o vírus que causa a herpes genital, torna as pessoas mais vulneráveis à infecção por HIV. Mesmo quando as úlceras do herpes não se encontram nas partes genitais, o vírus pode causar lesões minúsculas que propiciam a entrada do HIV mais facilmente no corpo.
Tentou-se comprovar através de vários estudos se o medicamento que suprime o HSV-2 reduz ou não a incidência do HIV em mulheres HIV-positivas. Um testou o valaciclovir e outro, o aciclovir. Ambos os medicamentos anti-herpes reduziram indiretamente os níveis de HIV nos fluidos genitais.
Mas será possível que um medicamento supressor do HSV-2 em pessoas que já o tenha contraído seja capaz de proteger contra infecção por HIV? A questão foi investigada em um estudo importante apresentado no primeiro dia da conferência. O estudo foi realizado na Tanzânia e 820 mulheres HIV-negativas receberam o aciclovir ou um placebo.
O estudo não constatou diferença na taxa de novas infecções por HIV entre o grupo com o placebo e o grupo com o aciclovir. Os pesquisadores crêem que a falta de eficácia pode ter sido devido às baixas taxas de aderência ao aciclovir – somente metade dos participantes tomaram pelo menos 90% das doses durante os 30 meses de estudo.
Os resultados do estudo ressaltam uma desvantagem importante dos novos métodos de prevenção baseados em medicamentos ou microbicidas – esses têm de ser usados constantemente para que ofereça proteção. Um outro estudo recente sobre lubrificantes e diafragmas juntamente com camisinhas descobriu que 70% das mulheres relataram utilização constante do diafragma. Outros estudos com microbicidas reportaram um uso menos freqüente.


PPE após violência sexual
A Profilaxia Pós-Exposição – medicamentos anti-retrovirais tomados em até 72 horas de exposição em potencial ao HIV – talvez seja capaz de prevenir a infecção por HIV.
Dois estudos apresentados à conferência salientaram a necessidade, em locais de renda média e com limitação de recursos, de uma maior consciência sobre a profilaxia pós-exposição depois de violência sexual.

Concepção assistida

Muitas pessoas com HIV e seus parceiros HIV-negativos anseiam por filhos. Para aquelas HIV-positivas tomando medicamentos anti-retrovirais, o desejo de conceber é freqüentemente citado como razão para não usar camisinha. No entanto, a penetração sem proteção, mesmo o parceiro sendo HIV-positivo e com carga viral indetectável, oferece ainda um pequeno risco de infecção.
Um estudo apresentado na segunda-feira à conferência da IAS sugere que as mulheres HIV-negativas podem conceber com segurança, através da penetração sem proteção com seu parceiro HIV-positivo - desde que a carga viral no líquido seminal dele seja indetectável. A combinação de terapia de casais com exames para DST e penetração no momento certo – com a “salvaguarda psicológica” das duas doses de tenofovir (Viread), usadas como profilaxia pré-exposição (PPrE) – resultou em uma taxa de gravidez acima de 70% e sem transmissão do HIV.


Vacina para o HPV

O Papilomavírus Humano (HPV) é o vírus causador das verrugas genitais. Certos tipos de HPV causam o câncer anal e cervical.
Apesar da terapia anti-retroviral potente, as pessoas com HIV continuam a desenvolver esses cânceres, em parte porque parecem ser mais vulneráveis ao vírus, apresentando apenas os modestos níveis de imunossupressão.
Duas vacinas contra a infecção por HPV vêm sendo globalmente aprovadas, mas não se sabe ao certo sua eficácia contra o desenvolvimento de câncer anal ou cervical em pessoas com HIV.
Pesquisadores australianos declararam à conferência da IAS os testes de uma outra vacina gerada para prevenir o desenvolvimento do câncer em pessoas que já tenham o HPV. Eles a testaram em homens gays HIV-positivos e confirmaram sua segurança, havendo boas respostas imunológicas apesar de um histórico de danos graves ao sistema imunológico. Entretanto, não houve tendências claras na detecção do HPV ou mudanças nas células anais quando se comparou as dosagens das diferentes vacinas e o placebo.


Câncer de pele

Cânceres de pele são conhecidos por aparecerem em taxas mais altas em pessoas com supressão imunológica, incluindo as que sofreram transplante de órgão. A incidência do sarcoma de Kaposi na pele de pessoas HIV-positivas tem declinado drasticamente desde o advento da HAART [Terapia Anti-retroviral Altamente Ativa]. Mas alguns estudos sugerem que outros tipos de câncer de pele são mais comuns ou mais agressivos em pessoas com o HIV.
Pesquisadores americanos relataram uma análise das taxas de câncer de pele em 4.500 pacientes HIV-positivos. Eles descobriram uma taxa mais alta de alguns cânceres de pele (excluindo o sarcoma de Kaposi) quando comparados à população geral no período desde a introdução da terapia anti-retroviral potente, em 1966.
Na visão deles, como as pessoas com HIV vivem mais, exames regulares para câncer de pele em pessoas HIV-positivas devem ser considerados.

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segunda-feira, julho 02, 2007

Ministro da Saúde anuncia criação do Fórum Nacional da Sociedade Civil para o VIH/SIDA


Durante o discurso proferido no encontro ADIS, dia 19 de Junho de 2007, o Senhor Ministro da Saúde, anunciou a instituição este ano do FNSC


Cita-se alguns trechos do discurso e espera-se a sua concretização.


“É reconhecido o papel importante das organizações da sociedade civil no combate à infecção VIH/sida, enquanto líderes em activismo, advocacia, empoderamento e disponibilização de informação preventiva e serviços de apoio social. Estas têm sido capazes de envolver pessoas que vivem com VIH/sida nas suas actividades, ajudando a lidar com fenómenos como o estigma e a discriminação associados à infecção....De facto, a infecção VIH/sida exige uma resposta organizada da sociedade e dos governos em particular, pelo que as organizações da sociedade civil desempenham um papel chave de parceria no desenvolvimento de uma resposta alargada, através da sua experiência, os seus exemplos de boas práticas e a sua capacidade de implementar programas e disseminar informação, particularmente junto de populações com menor acesso à informação e aos serviços de saúde.... A articulação entre os organismos governamentais e a sociedade face ao desafio da infecção pressupõe, para além do apoio financeiro, um efectivo envolvimento e participação da sociedade civil no combate à epidemia.
Assim, decorrente da comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu relativa à luta contra o VIH/sida na União Europeia e nos países vizinhos 2006 – 2009, no que respeita à participação da sociedade civil, decidiu a Coordenação Nacional para a Infecção VIH/sida/Alto Comissariado da Saúde no âmbito do Plano de Acção 2007 – 2008, criar o Fórum Nacional da Sociedade Civil para o VIH/sida (FNSC/VIH).
Integrarão este Fórum organizações não governamentais e da sociedade civil e associações de pessoas que vivem com VIH/sida, com o objectivo de garantir a sua participação efectiva no desenvolvimento e implementação das políticas e programas nacionais”.


Junho 27, 2007