A 4ª Conferência da Sociedade Internacional da AIDS (IAS) sobre Patogênese, Tratamento e Prevenção do HIV foi aberta em Sydney trazendo grandes expectativas. Oradores na conferência de imprensa da abertura enfatizaram os avanços recentes nas três áreas de foco da conferência: a ciência básica do HIV; a terapia anti-retroviral; e as tecnologias para prevenção.
Contudo, a parceria previamente bem-sucedida da Austrália entre governo, médicos, sociedade civil e as comunidades afetadas pelo HIV está “em risco de fragmentar-se” se o Primeiro Ministro australiano continuar a fazer discursos que “mostrem titubeios no compromisso da Austrália em reduzir o estigma e a discriminação”, declararam os oradores durante a sessão de abertura, no domingo à noite, da 4ª Conferência da Sociedade Internacional da AIDS sobre Patogênese, Tratamento e Prevenção do HIV, em Sydney.
Comentários de especialistas
Comentários de especialistas no assunto, sumários das apresentações da conferência e conjuntos de slides disponíveis para download estarão em breve no website Clinical Care Options HIV.
Vídeos das sessões da conferência
Vídeos de trechos da conferência estarão disponíveis logo após as sessões no websiteKaisernetwork.org IAS 2007.
Interações entre medicamentos para TB e HIV
Os medicamentos para TB e HIV podem interagir entre si, reduzindo o nível sangüíneo. Muito se preocupa com o efeito dos medicamentos para a TB sobre os usados para o HIV, porém um novo estudo apresentado na segunda-feira na conferência da Sociedade Internacional da AIDS mostrou que a infecção pelo HIV pode reduzir os níveis de alguns medicamentos para a TB, sobretudo em pessoas em estágio avançado da doença do HIV.
Um estudo tailandês descobriu que, embora 80% dos pacientes que receberam a dosagem padrão de 400mg de nevirapina tivessem níveis plasmáticos sub-ótimos do medicamento, a eficácia foi apenas observada no controle da carga viral durante as 60 semanas de estudo. O aumento da dosagem de nevirapina para 600mg, com uma dosagem induzida de 400mg, uma vez ao dia, resultou em uma alta taxa de hipersensibilidade reativa.
Em contrapartida, um outro estudo de Botsuana descobriu que pessoas com HIV não recebendo os anti-retrovirais apresentaram níveis baixos do medicamento para a TB. Pesquisadores acreditam que a infecção por HIV possa afetar o modo como alguns medicamentos são metabolizados e afirmam que é necessário mais pesquisa com relação às doses corretas para tratar da TB em pessoas HIV-positivas.
A supressão do HSV-2 reduz o risco de infecção por HIV?
O HSV-2 [vírus herpes simples tipo 2], o vírus que causa a herpes genital, torna as pessoas mais vulneráveis à infecção por HIV. Mesmo quando as úlceras do herpes não se encontram nas partes genitais, o vírus pode causar lesões minúsculas que propiciam a entrada do HIV mais facilmente no corpo.
Tentou-se comprovar através de vários estudos se o medicamento que suprime o HSV-2 reduz ou não a incidência do HIV em mulheres HIV-positivas. Um testou o valaciclovir e outro, o aciclovir. Ambos os medicamentos anti-herpes reduziram indiretamente os níveis de HIV nos fluidos genitais.
Mas será possível que um medicamento supressor do HSV-2 em pessoas que já o tenha contraído seja capaz de proteger contra infecção por HIV? A questão foi investigada em um estudo importante apresentado no primeiro dia da conferência. O estudo foi realizado na Tanzânia e 820 mulheres HIV-negativas receberam o aciclovir ou um placebo.
O estudo não constatou diferença na taxa de novas infecções por HIV entre o grupo com o placebo e o grupo com o aciclovir. Os pesquisadores crêem que a falta de eficácia pode ter sido devido às baixas taxas de aderência ao aciclovir – somente metade dos participantes tomaram pelo menos 90% das doses durante os 30 meses de estudo.
Os resultados do estudo ressaltam uma desvantagem importante dos novos métodos de prevenção baseados em medicamentos ou microbicidas – esses têm de ser usados constantemente para que ofereça proteção. Um outro estudo recente sobre lubrificantes e diafragmas juntamente com camisinhas descobriu que 70% das mulheres relataram utilização constante do diafragma. Outros estudos com microbicidas reportaram um uso menos freqüente.
PPE após violência sexual
A Profilaxia Pós-Exposição – medicamentos anti-retrovirais tomados em até 72 horas de exposição em potencial ao HIV – talvez seja capaz de prevenir a infecção por HIV.
Dois estudos apresentados à conferência salientaram a necessidade, em locais de renda média e com limitação de recursos, de uma maior consciência sobre a profilaxia pós-exposição depois de violência sexual.
Concepção assistida
Muitas pessoas com HIV e seus parceiros HIV-negativos anseiam por filhos. Para aquelas HIV-positivas tomando medicamentos anti-retrovirais, o desejo de conceber é freqüentemente citado como razão para não usar camisinha. No entanto, a penetração sem proteção, mesmo o parceiro sendo HIV-positivo e com carga viral indetectável, oferece ainda um pequeno risco de infecção.
Um estudo apresentado na segunda-feira à conferência da IAS sugere que as mulheres HIV-negativas podem conceber com segurança, através da penetração sem proteção com seu parceiro HIV-positivo - desde que a carga viral no líquido seminal dele seja indetectável. A combinação de terapia de casais com exames para DST e penetração no momento certo – com a “salvaguarda psicológica” das duas doses de tenofovir (Viread), usadas como profilaxia pré-exposição (PPrE) – resultou em uma taxa de gravidez acima de 70% e sem transmissão do HIV.
Vacina para o HPV
O Papilomavírus Humano (HPV) é o vírus causador das verrugas genitais. Certos tipos de HPV causam o câncer anal e cervical.
Apesar da terapia anti-retroviral potente, as pessoas com HIV continuam a desenvolver esses cânceres, em parte porque parecem ser mais vulneráveis ao vírus, apresentando apenas os modestos níveis de imunossupressão.
Duas vacinas contra a infecção por HPV vêm sendo globalmente aprovadas, mas não se sabe ao certo sua eficácia contra o desenvolvimento de câncer anal ou cervical em pessoas com HIV.
Pesquisadores australianos declararam à conferência da IAS os testes de uma outra vacina gerada para prevenir o desenvolvimento do câncer em pessoas que já tenham o HPV. Eles a testaram em homens gays HIV-positivos e confirmaram sua segurança, havendo boas respostas imunológicas apesar de um histórico de danos graves ao sistema imunológico. Entretanto, não houve tendências claras na detecção do HPV ou mudanças nas células anais quando se comparou as dosagens das diferentes vacinas e o placebo.
Câncer de pele
Cânceres de pele são conhecidos por aparecerem em taxas mais altas em pessoas com supressão imunológica, incluindo as que sofreram transplante de órgão. A incidência do sarcoma de Kaposi na pele de pessoas HIV-positivas tem declinado drasticamente desde o advento da HAART [Terapia Anti-retroviral Altamente Ativa]. Mas alguns estudos sugerem que outros tipos de câncer de pele são mais comuns ou mais agressivos em pessoas com o HIV.
Pesquisadores americanos relataram uma análise das taxas de câncer de pele em 4.500 pacientes HIV-positivos. Eles descobriram uma taxa mais alta de alguns cânceres de pele (excluindo o sarcoma de Kaposi) quando comparados à população geral no período desde a introdução da terapia anti-retroviral potente, em 1966.
Na visão deles, como as pessoas com HIV vivem mais, exames regulares para câncer de pele em pessoas HIV-positivas devem ser considerados.
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Contudo, a parceria previamente bem-sucedida da Austrália entre governo, médicos, sociedade civil e as comunidades afetadas pelo HIV está “em risco de fragmentar-se” se o Primeiro Ministro australiano continuar a fazer discursos que “mostrem titubeios no compromisso da Austrália em reduzir o estigma e a discriminação”, declararam os oradores durante a sessão de abertura, no domingo à noite, da 4ª Conferência da Sociedade Internacional da AIDS sobre Patogênese, Tratamento e Prevenção do HIV, em Sydney.
Comentários de especialistas
Comentários de especialistas no assunto, sumários das apresentações da conferência e conjuntos de slides disponíveis para download estarão em breve no website Clinical Care Options HIV.
Vídeos das sessões da conferência
Vídeos de trechos da conferência estarão disponíveis logo após as sessões no websiteKaisernetwork.org IAS 2007.
Interações entre medicamentos para TB e HIV
Os medicamentos para TB e HIV podem interagir entre si, reduzindo o nível sangüíneo. Muito se preocupa com o efeito dos medicamentos para a TB sobre os usados para o HIV, porém um novo estudo apresentado na segunda-feira na conferência da Sociedade Internacional da AIDS mostrou que a infecção pelo HIV pode reduzir os níveis de alguns medicamentos para a TB, sobretudo em pessoas em estágio avançado da doença do HIV.
Um estudo tailandês descobriu que, embora 80% dos pacientes que receberam a dosagem padrão de 400mg de nevirapina tivessem níveis plasmáticos sub-ótimos do medicamento, a eficácia foi apenas observada no controle da carga viral durante as 60 semanas de estudo. O aumento da dosagem de nevirapina para 600mg, com uma dosagem induzida de 400mg, uma vez ao dia, resultou em uma alta taxa de hipersensibilidade reativa.
Em contrapartida, um outro estudo de Botsuana descobriu que pessoas com HIV não recebendo os anti-retrovirais apresentaram níveis baixos do medicamento para a TB. Pesquisadores acreditam que a infecção por HIV possa afetar o modo como alguns medicamentos são metabolizados e afirmam que é necessário mais pesquisa com relação às doses corretas para tratar da TB em pessoas HIV-positivas.
A supressão do HSV-2 reduz o risco de infecção por HIV?
O HSV-2 [vírus herpes simples tipo 2], o vírus que causa a herpes genital, torna as pessoas mais vulneráveis à infecção por HIV. Mesmo quando as úlceras do herpes não se encontram nas partes genitais, o vírus pode causar lesões minúsculas que propiciam a entrada do HIV mais facilmente no corpo.
Tentou-se comprovar através de vários estudos se o medicamento que suprime o HSV-2 reduz ou não a incidência do HIV em mulheres HIV-positivas. Um testou o valaciclovir e outro, o aciclovir. Ambos os medicamentos anti-herpes reduziram indiretamente os níveis de HIV nos fluidos genitais.
Mas será possível que um medicamento supressor do HSV-2 em pessoas que já o tenha contraído seja capaz de proteger contra infecção por HIV? A questão foi investigada em um estudo importante apresentado no primeiro dia da conferência. O estudo foi realizado na Tanzânia e 820 mulheres HIV-negativas receberam o aciclovir ou um placebo.
O estudo não constatou diferença na taxa de novas infecções por HIV entre o grupo com o placebo e o grupo com o aciclovir. Os pesquisadores crêem que a falta de eficácia pode ter sido devido às baixas taxas de aderência ao aciclovir – somente metade dos participantes tomaram pelo menos 90% das doses durante os 30 meses de estudo.
Os resultados do estudo ressaltam uma desvantagem importante dos novos métodos de prevenção baseados em medicamentos ou microbicidas – esses têm de ser usados constantemente para que ofereça proteção. Um outro estudo recente sobre lubrificantes e diafragmas juntamente com camisinhas descobriu que 70% das mulheres relataram utilização constante do diafragma. Outros estudos com microbicidas reportaram um uso menos freqüente.
PPE após violência sexual
A Profilaxia Pós-Exposição – medicamentos anti-retrovirais tomados em até 72 horas de exposição em potencial ao HIV – talvez seja capaz de prevenir a infecção por HIV.
Dois estudos apresentados à conferência salientaram a necessidade, em locais de renda média e com limitação de recursos, de uma maior consciência sobre a profilaxia pós-exposição depois de violência sexual.
Concepção assistida
Muitas pessoas com HIV e seus parceiros HIV-negativos anseiam por filhos. Para aquelas HIV-positivas tomando medicamentos anti-retrovirais, o desejo de conceber é freqüentemente citado como razão para não usar camisinha. No entanto, a penetração sem proteção, mesmo o parceiro sendo HIV-positivo e com carga viral indetectável, oferece ainda um pequeno risco de infecção.
Um estudo apresentado na segunda-feira à conferência da IAS sugere que as mulheres HIV-negativas podem conceber com segurança, através da penetração sem proteção com seu parceiro HIV-positivo - desde que a carga viral no líquido seminal dele seja indetectável. A combinação de terapia de casais com exames para DST e penetração no momento certo – com a “salvaguarda psicológica” das duas doses de tenofovir (Viread), usadas como profilaxia pré-exposição (PPrE) – resultou em uma taxa de gravidez acima de 70% e sem transmissão do HIV.
Vacina para o HPV
O Papilomavírus Humano (HPV) é o vírus causador das verrugas genitais. Certos tipos de HPV causam o câncer anal e cervical.
Apesar da terapia anti-retroviral potente, as pessoas com HIV continuam a desenvolver esses cânceres, em parte porque parecem ser mais vulneráveis ao vírus, apresentando apenas os modestos níveis de imunossupressão.
Duas vacinas contra a infecção por HPV vêm sendo globalmente aprovadas, mas não se sabe ao certo sua eficácia contra o desenvolvimento de câncer anal ou cervical em pessoas com HIV.
Pesquisadores australianos declararam à conferência da IAS os testes de uma outra vacina gerada para prevenir o desenvolvimento do câncer em pessoas que já tenham o HPV. Eles a testaram em homens gays HIV-positivos e confirmaram sua segurança, havendo boas respostas imunológicas apesar de um histórico de danos graves ao sistema imunológico. Entretanto, não houve tendências claras na detecção do HPV ou mudanças nas células anais quando se comparou as dosagens das diferentes vacinas e o placebo.
Câncer de pele
Cânceres de pele são conhecidos por aparecerem em taxas mais altas em pessoas com supressão imunológica, incluindo as que sofreram transplante de órgão. A incidência do sarcoma de Kaposi na pele de pessoas HIV-positivas tem declinado drasticamente desde o advento da HAART [Terapia Anti-retroviral Altamente Ativa]. Mas alguns estudos sugerem que outros tipos de câncer de pele são mais comuns ou mais agressivos em pessoas com o HIV.
Pesquisadores americanos relataram uma análise das taxas de câncer de pele em 4.500 pacientes HIV-positivos. Eles descobriram uma taxa mais alta de alguns cânceres de pele (excluindo o sarcoma de Kaposi) quando comparados à população geral no período desde a introdução da terapia anti-retroviral potente, em 1966.
Na visão deles, como as pessoas com HIV vivem mais, exames regulares para câncer de pele em pessoas HIV-positivas devem ser considerados.
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