sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Gays VIH+ e surtos de IST


Vários surtos de hepatite C transmitida sexualmente foram relatados entre homens gays HIV-positivos.
Atualmente, evidências do Reino Unido sugerem que alguns homens vêm se re-infectando com hepatite C depois de administrar com sucesso a terapia para hepatite C. É possível que as infecções sexualmente transmissíveis, como sífilis e LGV [linfogranuloma venéreo], tenham sido parcialmente responsáveis pela re-infecção com hepatite C.

Tratamento para HIV e infecciosidade


Semana passada, experts em HIV da Suíça afirmaram que indivíduos em terapia anti-HIV que possuem carga viral indetectável no sangue por seis meses ou mais e que não possuem uma infecção sexualmente transmissível não deveriam ser considerados capazes de transmitir o HIV para seus parceiros sexuais.
A afirmação foi controversa, mas ajudou a chamar a atenção para habilidade da terapia anti-retorviral de reduzir as transmissões do HIV.
Recentemente, um estudo conduzido em Uganda e apresentado à CROI sugere que o tratamento anti-HIV, combinado com educação sexual e aderência, poderia diminuir as transmissões de HIV em 91%.
O estudo durou três anos. Havia 62 casais no estudo, no qual um parceiro era HIV-positivo e o outro HIV-negativo. Somente um parceiro foi infectado com HIV durante o estudo e essa infecção aconteceu logo depois que o tratamento foi iniciado.
Pensa-se que esta infecção única aconteceu devido ao marido infectado ter apresentado uma resposta lenta à terapia anti-HIV e ter levado seis meses para atingir uma carga viral indetectável.

Tratamento para herpes genital não reduz o risco de HIV em homens e mulheres


A infecção por herpes genital (HSV-2) tem sido associada com o risco maior de contração do HIV.
Sugere-se que o tratamento diário com o medicamento anti-herpes aciclovir poderia reduzir o risco de uma pessoa com herpes ser infectada pelo HIV.
No entanto, resultados de estudos envolvendo mais de 1800 homens gays com herpes genital, nos EUA e no Peru, e 1300 mulheres heterossexuais com HSV-2, na África, demonstraram que o medicamento aciclovir não reduziu o risco de infecção por HIV.
Os indivíduos foram escolhidos aleatoriamente para administrar 400mg de aciclovir duas vezes ao dia ou um placebo. Houve 75 novas infecções dentre os pacientes que receberam o aciclovir e 64 daqueles que ficaram com o placebo.
Um estudo conduzido entre mulheres na Tanzânia e apresentado na Conferência da Sociedade Internacional para AIDS também mostrou que tratamento diário com o aciclovir não reduziu o risco de contração do HIV.

Prevenção em VIH


Circunsisão


Existem evidências de queos homens circuncidados têm menos probabilidade de contrair o HIV.
Entretanto, resultados de um estudo apresentado à CROI mostram que a circuncisão não é a chave para a prevenção do HIV. O estudo descobriu que, longe de proteger, a circuncisão pode, na verdade, estar associada ao risco de transmissão do HIV. As esposas dos homens HIV-positivos circuncidados são um pouco mais propensas a contrairem o HIV do que as esposas dos homens HIV-positivos não-circuncidados.
O estudo foi conduzido em Rakai, Uganda, e envolveu mais de 1000 homens HIV-positivos. A incidência anual de HIV foi 14% dentre as esposas dos homens circuncidados e 9% dentre as esposas de homens não-circuncidados.
Investigadores descreveram esses resultados como “inesperados e decepcionantes.”
Porém, os homens HIV-positivos circuncidados foram um terço menos prováveis a apresentarem úlceras genitais. A infecção foi associada com o maior risco de transmissão do HIV.

Interrupções do tratamento


Há dois anos, o estudo SMART, que enfocava a interrupção do tratamento, terminou antes do esperado. Descobriu-se que os pacientes instruídos a deixar de tomar os medicamentos para CD4 por um tempo tiveram mais probabilidade de desenvolver doenças relacionadas ao HIV e algumas doenças não-relacionadas ao HIV do que os indivíduos que estavam em tratamento para HIV contínuo.
Outros resultados do estudo SMART, apresentados à CROI deste ano, mostraram que as interrupções do tratamento poderiam ocasionar consequências a longo prazo.
Foi demonstrado, após 18 meses da conclusão do estudo, que as taxas das infecções oportunistas relacionadas ao HIV e de morte por outra causa permaneceram mais altas em pacientes que deixaram de tomar o medicamento por um período do que em pacientes que tomaram a terapia de HIV contiuamente.
Os investigadores sugerem que “a interrupção da terapia anti-retroviral está associada com consequências de longo prazo acima do período de interrupção do medicamento.”

Atazanavir em pacientes novos ao tratamento


De acordo com os princípios atuais do Reino Unido para tratamento de HIV , o Atazanavir (Reyataz) não é recomendado para terapia anti-HIV de primeira linha. Recomenda-se, então, o Kaletra (lopinavir/ritonavir) para pacientes novos ao tratamento, o que é uma opção específica entre pacientes que decidem começar tratamento com inibidores de protease.
O Atazanavir possui algumas vantagens. É tomado apenas uma vez ao dia e parece ter menos probabilidade de causar diarréia em comparação aos outros inibidores de protease.
Um estudo apresentado à CROI mostrou que o atazanavir reforçado pelo ritonavir poderia ser uma opção segura e eficaz para as pessoas iniciando tratamento anti-HIV. Comprovou, também, que os pacientes que começaram a terapia anti-retroviral com uma combinação de medicamentos incluindo o atazanavir de dose única foram tão propensos a ter uma carga viral indetectável (abaixo de 50 cópias/ml) após um ano, quanto os pacientes que começaram tratamento com um regime contendo o Kaletra tomado duas vezes ao dia
As contagens de células CD4 aumentaram da mesma forma em pacientes tomando os dois medicamentos.
Menos pacientes tomando o atazanavir sofreram náusea ou diarréia. E, em pacientes tratados com atazanavir, as taxas de gordura no sangue também foram mais baixas. Mas o atazanavir pode causar um efeito colateral chamado hiperbilirubinemia, o qual involve um amarelado da pele e branco dos olhos.

Abacavir e ddI relacionados ao maior risco de ataques cardíacos


Muito se sabe sobre a relação entre a terapia anti-HIV e o maior risco de doenças cardiovasculares.
Resultados recentes do estudo DAD apresentados durante Décima-Quinta Conferência sobre Retrovírus e Doenças Oportunistas (CROI) sugerem que o tratamento com os NRTIs [Inibidores da Transcriptase Reversa Nucleosídeos] abacavir (Ziagen, também em combinação com os comprimidos Kivexa e Trizivir) e ddl (didaosina, Videx) aumenta significamente o risco de infarto do miocárdio, ou ataque cardíaco.
Mais de 30.000 pacientes estão registrados para o estudo DAD e os investigadores acompanharam os dados por sete anos a fim de checar se houve associação entre o tratamento com NRTIs e o risco aumentado de infarto do miocárdio.
Eles descobriram que o tratamento com o abacavir, nos seis meses anteriores, aumentava o risco de infarto do miocárdio em 94% e que o tratamento recente com o ddl aumentava em 53% o risco de ataque cardíaco.
Os pesquisadores acreditam que as descobertas tem particular importância para as pessoas que apresentam alto risco de doença cardíaca. Por exmplo, as pessoas que fumam ou aquelas que possuem um histórico familiar de doença cardiovascular.
Deixar de fumar, fazer exercícios físicos regularmente e seguir uma boa dieta podem reduzir o risco de ataque cardíaco. Os pesquisadores afirmam também que um fumante tomando abacavir reduziria mais o risco de doenças cardíacas parando de fumar do que deixando de tomar o abacavir.
Eles recomendam que os pacientes tomando qualquer dos medicamentos e que estão preocupados com seus riscos de ataque cardíaco deveriam conversar com seus médicos com relação à troca ou não do medicamento.