terça-feira, março 18, 2008

Eficácia da terapia de segunda linha


Com melhores medicamentos e mais cuidado, a terapia anti-HIV de segunda linha oferece agora uma grande chance de controlar a carga viral a longo prazo.
Pesquisadores juntaram informações obtidas de 22 estudos coortes no mundo todo.
A análise mostrou que logo depois que a terapia potente anti-retroviral foi disponibilizada, de 1996 a 1997, a incidência de falha virológica, durante a terapia de segunda linha, foi de 114 casos, o que baixou para 42 casos entre 2000 e 2001. Entre 2004 e 2005, a taxa de fracasso do tratamento de segunda linha tinha apresentado queda de somente 15 casos.
Entretanto, apesar desses avanços no controle da carga viral com a terapia anti-HIV de segunda linha, os pesquisadores descobriram que o risco de morte para os pacientes, cujo tratamento de segunda linha fracassou, permaneceu inalterado de 1996 a 2005

Terapia anti-HIV tem bom desempenho nos países em desenvolvimento

Estudos conduzidos nos países onde os recursos são limitados mostram que a terapia anti-HIV vem melhorando os sistemas imunológicos dos pacientes tratados e levando a quedas significativas da mortalidade.
Os estudos demonstraram que os programas de tratamento anti-retrovirais oferecem níveis altos de retenção pelo paciente – em um estudo em Ruanda, mais de 90%, depois de doze meses.
Os pacientes tratados com anti-retrovirais, no estudo de Ruanda, aumentaram bastante suas contagens de células CD4 e um estudo isolado realizado em KwaZulu-Natal mostrou que a mortalidade dos pacientes com tratamento anti-HIV caiu mais de 20%.
Além disso, análises de estudos conduzidos na África, América do Sul e no sudeste da Ásia mostraram que os pacientes que receberam tratamento anti-HIV apresentaram aumentos nas contagens de CD4 depois de cinco anos do início da terapia.

Kaletra uma vez ao dia tão seguro e eficaz quanto tomado duas vezes ao dia

A composição do comprimido do inibidor de protease Kaletra (lopinavir/ritonavir) funciona tão bem dosado uma vez ao dia quanto duas vezes ao dia.
Após um ano, os pacientes tomando os comprimidos do Kaletra (lopinavir 800mg/ritonavir 200mg) uma vez ao dia tiveram a mesma probablilidade de alcançar uma carga viral indetectável quanto os pacientes que tomaram os comprimidos duas vezes ao dia (duas doses de lopinavir 400mg/ritonavir 100mg). O Kaletra foi tomado com o Truvada (tenofovir e FTC ou Emtricitabina).
Os pacientes tomando os comprimidos do Kaletra uma vez ao dia e duas vezes ao dia tiveram aumentos similares em suas contagens de CD4. O medicamento administrado uma vez ao dia não aumentou os riscos dos efeitos colaterais, incluindo a diarréia

Linfomas


Um estudo deu ênfase aos fatores de risco para o desenvolvimento de linfomas em pacientes com tratamento anti-HIV.
Pesquisadores alemães descobriram dois principais fatores de risco: a carga viral detectável, a qual aumentava o risco de desenvolvimento de linfomas de Burkitt ou do tipo Burkitt, e a contagem de células CD4 abaixo de 200 células/mm3, o que aumentava o risco para desenvolvimento do linfoma não-Hodgkin.
Por isso, é muito importante que os pacientes recebam tratamento com o objetivo que suprimir a carga viral aos níveis mais baixos possíveis, afirmou o pesquisador que conduziu o estudo.

Tuberculose resistente ao tratamento


O controle inadequado da infecção, em vez da não-aderência ao tratamento, consiste freqüentemente na causa subjacente aos novos casos de tuberlculose resistente ao tratamento na África do Sul.
A tuberculose resistente ao tratamento consiste em um problema crescente no mundo todo e casos de infecção por tuberculose altamente resistente ao tratamento de segunda linha (XDR-TB) vêm emergindo.
Os pesquisadores procuravam as razões pelas quais os pacientes estavam contraindo a tuberculose resistente ao tratamento. Por isso, conduziram um estudo incluindo pacientes com um histórico prévio de tuberculose e que foram, depois, diagnosticados com a tuberculose resistente a múltiplos medicamentos (MDR-TB) ou a XDR-TB.
Incluiu-se um total de 17 pacientes, maioria dos quais eram HIV-positivos.
Os exames mostraram que cada paciente tinha sido re-infectado com a classe resistente ao medicamento para tuberculose.
A re-infecção com a tuberculose resistente ao medicamento teve sérias conseqüências – 15 dos pacientes morreram dentro de duas semanas após o diagnóstico da infecção.
O controle adequado da infecção torna-se essencial para o controle da tuberculose resistente ao tratamento, enfatizam os estudiosos.

Crianças contraem o HIV resistente aos medicamentos

De acordo com um estudo, os bebês infectados com o HIV transmitidos por suas mães vêm freqüentemente adquirindo a classe dos vírus resistentes ao tratamento. Tal vírus resistente é normalmente adquirido durante a amamentação devido aos níveis do medicamento anti-HIV no leite materno serem muito baixos para se evitar a transmissão.

Tratamento para prevenir a transmissão mãe-bebê


Tratar das mães infectadas pelo HIV com tenofovir e FTC (emtricitabina), por uma semana depois do parto, adicionado a uma dose única de nevirapina durante o parto, é uma medida segura e ajuda a prevenir a transmissão para os bebês do vírus resistente à nevirapina.
Um estudo apresentado à CROI incluiu 38 mães HIV-positivas na África e Ásia. Todas as mulheres receberam o AZT (zidovudina) desde a 28ª semana de gravidez a fim de prevenir a transmissão mãe-bebê. Durante o parto, elas também receberam uma dose única de nevirapina, assim como o tenofovir e FTC. Elas permaneceram, então, com uma semana de tratamento com o tenofovir e FTC. As crianças receberam a nevirapina no nascimento e o AZT durante a primeira semana de vida.
Esse tratamento levou a grandes quedas nas cargas virais das mães. Nenhuma das crianças foi infectada com o vírus resistente aos medicamentos.
Cerca de um-quarto das mulheres sofreram efeitos colaterais e incidentes adversos foram observados em um proporção similar das criançcas. Porém, é provável que muitos destes não tenham sido relacionados ao uso dos medicamentos anti-HIV

Crianças infectadas com HIV através de comidas pré-mastigadas


Três crianças nos EUA foram infectadas com HIV após comerem alimentos previamente mastigados. A comida continha sangue da boca do adulto cuidando da criança.
Os adultos HIV-positivos olhando por essas crianças estão sendo avisados para não alimentá-las com comida pré-mastigada.
Nos países onde os recursos são limitados, é comum oferecer comida previamente mastigada devido à escassez de alimentos infantis preparados. Em outras palavras, a mastigação prévia traz um risco bem maior onde a prevalência de HIV é alta e a higiene bucal é fraca.

Herpes e transmissão do HIV




Segundo um estudo realizado no Peru, o tratamento contra herpes para as mulheres abaixa a carga viral do HIV no sangue e na secreção vaginal.
O estudo envolveu 20 mulheres que foram infectadas com ambos HIV e herpes genital (HSV-2). Metade das mulheres receberam o medicamento anti-herpes valaciclovir para ser tomado todos os dias; as outras dez mulheres ficaram com o placebo.
Os resultados mostraram que o valaciclovir reduziu a carga viral no sangue e nos fluidos da vagina.
Ademais, um estudo conduzido entre homens gays nos EUA mostrou que os homens gays HIV-positivos com HSV-2 tiveram 16 vezes mais chance de passar o HIV para seus parceiros que não tinham a herpes genital. A supressão do HSV-2 em homens HIV-positivos reduziria, por isso, o risco de transmissão do HIV.
Esses estudos vieram depois que os testes mostraram que o tratamento anti-herpes não reduzira as infecções por HIV em homens e mulheres.

quinta-feira, março 06, 2008

Mais evidências para início antecipado do tratamento para HIV?


Atualmente, os princípios para tratamento de HIV recomendam que a terapia anti-HIV deva ter início quando a contagem de células CD4 de uma pessoa estiver em cerca de 350 células/mm3.
Mas há situações em que o tratamento deva ser iniciado quando as contagens de células CD4 estiverem ainda mais altas?
Evidências apresentadas à CROI sugerem que sim. Os investigadores observaram as taxas de progressão da doença do HIV e de morte de 23 coortes. Eles descobriram que os indivíduos HIV-positivos corriam um maior risco de vida do que a população em geral, mesmo quando as contagens de CD4 estavam acima de 350 células/mm3.
Mais de 46.000 pacientes foram incluídos na análise dos pesquisadores. Homens gays tiveram apenas um ligeiro aumento no risco de morte comparados à população em geral, mas, para os homens heterosssexuais e as mulheres, o risco de morte foi três vezes maior e, alguns, dez vezes maior para usuários de drogas injetáveis.
Embora os pesquisadores saibam que outros fatores, adversos ao HIV, podem ser a base para o maior risco de morte em alguns pacientes, particularmente os usuários de drogas injetáveis, eles acreditam que o próprio HIV estava causando as mortes, mesmo entre os pacientes com contagens de células CD4 mais altas.
Os resultados desse estudo parecem contribuir para a discussão sobre qual seria o melhor momento para começar tratamento anti-HIV. Hoje, alguns médicos pensam que o início de terapia anti-retroviral, quando a contagem de células CD4 estiver em 500 células/mm3t, traz benefícios

Benefícios do início do tratamento quando o paciente apresenta uma infecção oportunista


Recomenda-se, geralmente, aos pacientes doentes por infecções oportunistas, que iniciem terapia anti-HIV assim que possível.
Um estudo apresentado à CROI demonstra que a introdução da terapia anti-HIV, enquanto um paciente ainda estiver em tratamento para suas infecções oportunistas, além de não aumentar o risco dos efeitos colaterais, reduz o risco de morte ou progressão da doença. Em outras palavras, seria melhor do que esperar até o término do tratamento para a infecção oportunista.
Pesquisadores americanos compararam dois grupos de pacientes que estavam doentes devido ao HIV e que não estavam em terapia anti-retroviral. Um grupo de pacientes começou, ao mesmo tempo, a terapia anti-HIV e o tratamento para suas infecções oportunistas. O outro, esperou para começar o tratamento anti-HIV até que a terapia para suas infecções tivesse sido finalizada.
O estudo não incluiu pacientes com tuberculose.
No geral, pouco menos da metade dos pacientes que iniciaram tratamento anti-HIV de forma imediata ou adiada sofreram maior progressão da doença do HIV e conseguiram baixar suas cargas virais para níveis indetectáveis.
Entretanto, análises adicionais dos resultados mostraram que os pacientes que adiaram o tratamento anti-HIV foram cerca de 50% mais prováveis de desenvolver uma outra doença causadora da AIDS, ou morrer, do que aqueles em tratamento imediato. E as contagens de células CD4 aumentaram mais lentamente naqueles que esperaram para iniciar o tratamento.
O início imediato do tratamento não apresentou maiores riscos. Uma vez que o tratamento foi iniciado, não houve diferença nem nas taxas de aderência entre os dois grupos de pacientes nem no risco de desenvolver uma síndrome inflamatória de reconstituição imunológica.

Marcadores biológicos talvez expliquem o risco das interrupções do tratamento


Pacientes que fazem interrupções no tratamento apresentam mais indicadores de inflamação, assim como de disfunção no revestimento dos vasos sangüíneos. De acordo com o estudo SMART, tal fato explicaria o maior risco de doença e morte devido às doenças normalmente não-associadas ao HIV, como doenças do coração, dos rins e do fígado.
Pesquisadores analisaram os resultados dos estudos sobre interrupção do tratamento SMART e STACCATO. Eles relataram à CROI que a replicação do HIV, durante as interrupções estruturadas do tratamento, afetou os principais marcadores biológicos que indicam inflamação, aumento dos coágulos sangüíneos e disfunção endotelial – diminuição da flexibilidade no revestimento dos vasos sangüíneos, um primeiro sinal de doença cardíaca.

Darunavir desempenha bem em crianças experientes com tratamento


O tratamento anti-HIV pode desempenhar bem em crianças. Porém, há menos medicamentos anti-retrovirais disponíveis para o tratamento de HIV em crianças do que em adultos, o que pode ser um problema, já que muitas crianças possuem o HIV resistente aos medicamentos.
O Darunavir (Prezisata) é um inibidor de protease reforçado pelo ritonavir e é uma importante opção de tratamento para adultos com o vírus resistente aos medicamentos.
Os resultados de um estudo apresentado à CROI mostram que o darunavir/ritonavir é um medicamento seguro e eficaz para crianças e adolescents que administram muitos medicamentos anti-HIV.
Um total de 80 crianças com idade entre seis e 17 anos foram incluídas no estudo. Elas receberam os medicamentos mais eficazes anti-HIV, escolhidos pelos testes de resistência, e o darunavir/ritonavir dosado por peso. As crianças apresentaram bastante resistência aos medicamentos anti-HIV.
Contudo, depois de seis meses de tratamento com a combinação de base darunavir/ritonavir, 50% teve uma carga viral abaixo de 50 cópias/ml e quase dois-terços tiveram uma carga viral abaixo de 400 cópias/ml.
Somente um paciente deixou de tomar o medicamento, devido aos efeitos colaterais. Por outro lado, houve apenas leves efeitos colaterais para a maioria das crianças, como problemas na barriga ou febre.

Pesquisa aponta para as perspectivas de um medicamento anti-HIV tomado uma vez ao mês


O tratamento anti-HIV, tomado uma vez ao dia, foi considerado um avanço, mas, recentemente, os pesquisadores vêm desenvolvendo um medicamento anti-HIV que poderia ser tomado somente uma vez ao mês.
Um Inibidor da Transcriptase Reversa Não-Nucleosídeo, NNRT, experimental, chamado rilpivirina foi formulado com nanopartículas. Os resultados em animais sugerem que injeções uma vez ao mês poderiam ser suficientes para tratar o HIV.
Os pesquisadores vêm tentando descobrir outros medicamentos que pudessem ser formulados de modo similar, o que significaria que o tratamento anti-HIV potente, múltiplo poderia ser desenvolvido para ser injetado uma vez ao mês.
Essa tecnologia teria o objetivo de prevenir o HIV, promovendo, então, a profilaxia pré-exposição de longa duração ou um microbicida.

HIV e tuberculose


A tuberculose é a principal razão para doenças e mortes de indivíduos HIV-postivos em todo o mundo.
Devido ao risco de síndrome inflamatória da reconstituição imunológica e à interação de alguns medicamentos anti-retrovirais com os medicamentos importantes anti-tuberculose, cuidados especiais são necessários quando se inicia tratamento anti-HIV em pacientes com tuberculose.
Resultados animadores da África do Sul foram apresentados à CROI.
Porém, os pacientes com tuberculose apresentando uma contagem de células CD4 e peso corporal muito baixos correram maior risco de vida.

sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Gays VIH+ e surtos de IST


Vários surtos de hepatite C transmitida sexualmente foram relatados entre homens gays HIV-positivos.
Atualmente, evidências do Reino Unido sugerem que alguns homens vêm se re-infectando com hepatite C depois de administrar com sucesso a terapia para hepatite C. É possível que as infecções sexualmente transmissíveis, como sífilis e LGV [linfogranuloma venéreo], tenham sido parcialmente responsáveis pela re-infecção com hepatite C.

Tratamento para HIV e infecciosidade


Semana passada, experts em HIV da Suíça afirmaram que indivíduos em terapia anti-HIV que possuem carga viral indetectável no sangue por seis meses ou mais e que não possuem uma infecção sexualmente transmissível não deveriam ser considerados capazes de transmitir o HIV para seus parceiros sexuais.
A afirmação foi controversa, mas ajudou a chamar a atenção para habilidade da terapia anti-retorviral de reduzir as transmissões do HIV.
Recentemente, um estudo conduzido em Uganda e apresentado à CROI sugere que o tratamento anti-HIV, combinado com educação sexual e aderência, poderia diminuir as transmissões de HIV em 91%.
O estudo durou três anos. Havia 62 casais no estudo, no qual um parceiro era HIV-positivo e o outro HIV-negativo. Somente um parceiro foi infectado com HIV durante o estudo e essa infecção aconteceu logo depois que o tratamento foi iniciado.
Pensa-se que esta infecção única aconteceu devido ao marido infectado ter apresentado uma resposta lenta à terapia anti-HIV e ter levado seis meses para atingir uma carga viral indetectável.

Tratamento para herpes genital não reduz o risco de HIV em homens e mulheres


A infecção por herpes genital (HSV-2) tem sido associada com o risco maior de contração do HIV.
Sugere-se que o tratamento diário com o medicamento anti-herpes aciclovir poderia reduzir o risco de uma pessoa com herpes ser infectada pelo HIV.
No entanto, resultados de estudos envolvendo mais de 1800 homens gays com herpes genital, nos EUA e no Peru, e 1300 mulheres heterossexuais com HSV-2, na África, demonstraram que o medicamento aciclovir não reduziu o risco de infecção por HIV.
Os indivíduos foram escolhidos aleatoriamente para administrar 400mg de aciclovir duas vezes ao dia ou um placebo. Houve 75 novas infecções dentre os pacientes que receberam o aciclovir e 64 daqueles que ficaram com o placebo.
Um estudo conduzido entre mulheres na Tanzânia e apresentado na Conferência da Sociedade Internacional para AIDS também mostrou que tratamento diário com o aciclovir não reduziu o risco de contração do HIV.

Prevenção em VIH


Circunsisão


Existem evidências de queos homens circuncidados têm menos probabilidade de contrair o HIV.
Entretanto, resultados de um estudo apresentado à CROI mostram que a circuncisão não é a chave para a prevenção do HIV. O estudo descobriu que, longe de proteger, a circuncisão pode, na verdade, estar associada ao risco de transmissão do HIV. As esposas dos homens HIV-positivos circuncidados são um pouco mais propensas a contrairem o HIV do que as esposas dos homens HIV-positivos não-circuncidados.
O estudo foi conduzido em Rakai, Uganda, e envolveu mais de 1000 homens HIV-positivos. A incidência anual de HIV foi 14% dentre as esposas dos homens circuncidados e 9% dentre as esposas de homens não-circuncidados.
Investigadores descreveram esses resultados como “inesperados e decepcionantes.”
Porém, os homens HIV-positivos circuncidados foram um terço menos prováveis a apresentarem úlceras genitais. A infecção foi associada com o maior risco de transmissão do HIV.

Interrupções do tratamento


Há dois anos, o estudo SMART, que enfocava a interrupção do tratamento, terminou antes do esperado. Descobriu-se que os pacientes instruídos a deixar de tomar os medicamentos para CD4 por um tempo tiveram mais probabilidade de desenvolver doenças relacionadas ao HIV e algumas doenças não-relacionadas ao HIV do que os indivíduos que estavam em tratamento para HIV contínuo.
Outros resultados do estudo SMART, apresentados à CROI deste ano, mostraram que as interrupções do tratamento poderiam ocasionar consequências a longo prazo.
Foi demonstrado, após 18 meses da conclusão do estudo, que as taxas das infecções oportunistas relacionadas ao HIV e de morte por outra causa permaneceram mais altas em pacientes que deixaram de tomar o medicamento por um período do que em pacientes que tomaram a terapia de HIV contiuamente.
Os investigadores sugerem que “a interrupção da terapia anti-retroviral está associada com consequências de longo prazo acima do período de interrupção do medicamento.”

Atazanavir em pacientes novos ao tratamento


De acordo com os princípios atuais do Reino Unido para tratamento de HIV , o Atazanavir (Reyataz) não é recomendado para terapia anti-HIV de primeira linha. Recomenda-se, então, o Kaletra (lopinavir/ritonavir) para pacientes novos ao tratamento, o que é uma opção específica entre pacientes que decidem começar tratamento com inibidores de protease.
O Atazanavir possui algumas vantagens. É tomado apenas uma vez ao dia e parece ter menos probabilidade de causar diarréia em comparação aos outros inibidores de protease.
Um estudo apresentado à CROI mostrou que o atazanavir reforçado pelo ritonavir poderia ser uma opção segura e eficaz para as pessoas iniciando tratamento anti-HIV. Comprovou, também, que os pacientes que começaram a terapia anti-retroviral com uma combinação de medicamentos incluindo o atazanavir de dose única foram tão propensos a ter uma carga viral indetectável (abaixo de 50 cópias/ml) após um ano, quanto os pacientes que começaram tratamento com um regime contendo o Kaletra tomado duas vezes ao dia
As contagens de células CD4 aumentaram da mesma forma em pacientes tomando os dois medicamentos.
Menos pacientes tomando o atazanavir sofreram náusea ou diarréia. E, em pacientes tratados com atazanavir, as taxas de gordura no sangue também foram mais baixas. Mas o atazanavir pode causar um efeito colateral chamado hiperbilirubinemia, o qual involve um amarelado da pele e branco dos olhos.

Abacavir e ddI relacionados ao maior risco de ataques cardíacos


Muito se sabe sobre a relação entre a terapia anti-HIV e o maior risco de doenças cardiovasculares.
Resultados recentes do estudo DAD apresentados durante Décima-Quinta Conferência sobre Retrovírus e Doenças Oportunistas (CROI) sugerem que o tratamento com os NRTIs [Inibidores da Transcriptase Reversa Nucleosídeos] abacavir (Ziagen, também em combinação com os comprimidos Kivexa e Trizivir) e ddl (didaosina, Videx) aumenta significamente o risco de infarto do miocárdio, ou ataque cardíaco.
Mais de 30.000 pacientes estão registrados para o estudo DAD e os investigadores acompanharam os dados por sete anos a fim de checar se houve associação entre o tratamento com NRTIs e o risco aumentado de infarto do miocárdio.
Eles descobriram que o tratamento com o abacavir, nos seis meses anteriores, aumentava o risco de infarto do miocárdio em 94% e que o tratamento recente com o ddl aumentava em 53% o risco de ataque cardíaco.
Os pesquisadores acreditam que as descobertas tem particular importância para as pessoas que apresentam alto risco de doença cardíaca. Por exmplo, as pessoas que fumam ou aquelas que possuem um histórico familiar de doença cardiovascular.
Deixar de fumar, fazer exercícios físicos regularmente e seguir uma boa dieta podem reduzir o risco de ataque cardíaco. Os pesquisadores afirmam também que um fumante tomando abacavir reduziria mais o risco de doenças cardíacas parando de fumar do que deixando de tomar o abacavir.
Eles recomendam que os pacientes tomando qualquer dos medicamentos e que estão preocupados com seus riscos de ataque cardíaco deveriam conversar com seus médicos com relação à troca ou não do medicamento.

sexta-feira, novembro 23, 2007

A JUSTIÇA DO COZINHEIRO


Esta segunda-feira, ficou a saber-se que o Tribunal da Relação de Lisboa, num acórdão de Maio, havia confirmado a sentença do Tribunal de Trabalho que em Março avalizara a justeza da cessação do contrato de trabalho de um cozinheiro com HIV. Para o Tribunal do Trabalho "ficou provado que [o cozinheiro] é portador de HIV e que este vírus existe no sangue, saliva, suor e lágrimas, podendo ser transmitido no caso de haver derrame de alguns destes fluídos sobre alimentos servidos ou consumidos por quem tenha na boca uma ferida" e portanto constitui "um perigo para a saúde pública, nomeadamente dos utentes do restaurante do hotel".Sendo certo que para uma parte substancial dos portugueses inquiridos sobre as vias de infecção do HIV os tampos das sanitas e apertos de mão estão no top - por que não então o suor, sangue e lágrimas aspergidos na comida por quem a cozinha, coisa que pelos vistos deve ser normal e corrente na restauração (onde está a ASAE quando mais precisamos dela?)- esperar-se-ia de juízes um pouco mais de informação. Que, por exemplo, atendessem ao Direito Comparado - nos anos 90, dois casos idênticos no Canadá e nos EUA foram considerados pelos tribunais "discriminatórios", "inaceitáveis" e "sem qualquer fundamento científico". Que conhecessem e atendessem às recomendações da Provedoria de Justiça - em 1999, a propósito de um militar seropositivo cuja função era, precisamente, cozinhar, o então provedor Menéres Pimentel escreveu: "O militar em causa, portador do HIV, nunca poderia ser considerado uma ameaça para a saúde pública no exercício das suas funções, que à altura eram de reforço na cozinha." Que ouvissem os especialistas (a negar, em bloco, a existência de perigo). Por fim e em suma, esperar-se-ia que os juízes conhecessem a lei e a Constituição e o fulcro da sua função: ser justos, pacificar. Mas estes juízes fizeram o contrário. Entrincheirados na sua ignorância e preconceito, certificaram que, afinal, todas as campanhas antidiscriminação de seropositivos, incluindo as que incidem sobre casos de crianças expulsas de escolas, estavam erradas. Que os seropositivos devem ser despedidos, marginalizados, perseguidos, expulsos. Que as pessoas devem recusar o teste de HIV e, caso estejam infectadas, devem escondê-lo de toda a gente - a começar pelos médicos do trabalho . O cozinheiro despedido percebeu-os muito bem: no restaurante onde entretanto arranjou emprego, ninguém sabe que ele é seropositivo. E, com um bocado de sorte, se um dos juízes em causa por lá aparecer, há-de cuspir-lhe na sopa.


Tribunal da Relação deu razão a despedimento de cozinheiro com HIV


O Tribunal da Relação de Lisboa considerou justificado e legítimo o despedimento de um cozinheiro infectado com HIV que trabalhava na cozinha de um hotel, confirmando decisão semelhante já tomada pelo Tribunal de Trabalho de Lisboa.No acórdão que o PÚBLICO consultou lê-se que "ficou provado que A. é portador de HIV e que este vírus existe no sangue, saliva, suor e lágrimas, podendo ser transmitido no caso de haver derrame de alguns destes fluidos sobre alimentos servidos ou consumidos por quem tenha na boca uma ferida". Por essa razão, os magistrados concluem que se continuasse a ser cozinheiro representaria "um perigo para a saúde pública, nomeadamente dos utentes do restaurante do hotel".Os três juízes desembargadores que assinam o acórdão da Relação - Filomena Carvalho, José Mateus Cardoso e José Ramalho Pinto - tinham ao seu dispor dois pareceres científicos, um deles pedido pela Coordenação Nacional para a Infecção HIV/sida ao Centro de Direito Biomédico, que desmentem alegados riscos de transmissão de um cozinheiro. Mas ignoraram-nos na sua decisão de Maio deste ano. O funcionário recorreu para o Supremo Tribunal de Justiça.O coordenador nacional para a infecção HIV/sida, Henrique Barros, não comenta a decisão judicial, mas "cientificamente" afirma que, "do ponto de vista biológico, as conclusões tiradas nunca foram provadas nem a comunidade científica as considera plausíveis". Explica que é verdade que o vírus existe no suor, lágrimas e saliva, "só que é irrelevante em termos de riscos de transmissão porque as concentrações do vírus nessas circunstâncias são incapazes de transmitir a infecção". Em causa está António (nome fictício), cozinheiro do quadro de um hotel do Grupo Sana Hotels durante sete anos. Em 2002 adoeceu com tuberculose e esteve um ano de baixa, quando regressou ao trabalho foi mandado ao médico do trabalho do hotel. Não revelou ter HIV e o médico do trabalho pediu ao médico assistente mais dados sobre a sua situação clínica. O tribunal superior constata que o médico de António respondeu ao médico do trabalho do hotel que este tinha sofrido de tuberculose, da qual estava completamente curado, e que era HIV positivo. Acrescentava que o cozinheiro podia "retomar a sua actividade laboral em pleno" e que "não representa qualquer perigo para os colegas". Apesar da informação, o funcionário foi impedido de voltar ao seu trabalho na cozinha e esteve sem nada para fazer durante meses. Em Março de 2004, recebeu uma carta onde se lia que o médico do trabalho o tinha dado como "inapto definitivamente para a profissão de cozinheiro, pelo que não pode manipular alimentos", lê-se no acórdão. Dever de lealdade violado?Inconformado, António contactou a Associação Positivo e decidiu recorrer aos tribunais ainda em 2004. A primeira decisão judicial (de Março deste ano), do Tribunal do Trabalho de Lisboa, deu razão ao hotel Sana e considerou legítimo o final do contrato de trabalho. António recorreu ao Tribunal da Relação, que em Maio deste ano voltou a dar razão ao hotel.O hotel nega alguma vez ter tido conhecimento de que António era portador de HIV antes do julgamento, ou de ter sido informado pelo médico do trabalho da sua condição. Afirma mesmo que o funcionário devia ter "informado imediatamente que é portador de HIV, o que nunca fez, violando assim o dever de lealdade". No julgamento do Tribunal do Trabalho a defesa de António juntou documentos científicos da agência governamental americana responsável pelo controlo e prevenção da doença (Centers for Disease Control and Prevention - CDC), em que se diz que ninguém foi infectado pelo HIV por transmissão ambiental e que as únicas formas de contágio conhecidas são as relações sexuais não protegidas, a via endovenosa ou por via materno-fetal.A sentença do Tribunal do Trabalho chega a referir-se ao documento do CDC mas diz que o caso em julgamento "não tem a ver com riscos conhecidos mas com a possibilidade desses riscos" e que o CDC refere que o vírus também está presente na saliva, suor e lágrimas. O documento científico em causa refere, de facto, que o vírus pode ser encontrado laboratorialmente naqueles fluidos mas nota que a transmissão por esta via é "zero", dado científico que é ignorado pelo magistrado Martins Alves.O magistrado do Tribunal do Trabalho ignorou na sua sentença a médica que tratou o trabalhador para o HIV, que disse em tribunal que António cumpria rigorosamente a terapêutica e que sua "carga viral é indetectável". Ao invés, o juiz escolheu citar o médico que tratou António para a tuberculose e que diz que existe risco no "caso de um pequeno derrame de sangue que passe despercebido e que caia sobre alimentos em cru consumidos por quem tenha na boca uma ferida". O médico em causa, António Gautier, afirma que o tribunal sabia que ele não é perito em infecciologia mas em pneumologia. "Eu não sou especialista nesta área, mas não fugi à pergunta." O médico diz que foi instado a responder em que situações o risco podia existir, explicando a situação da "ferida na boca", "algo que é muito remoto".O Tribunal da Relação de Lisboa, órgão de recurso, repete quase toda a argumentação da sentença do Tribunal do Trabalho e reforça: existe "o perigo concreto de no caso de qualquer corte ou ainda por qualquer das formas referidas (saliva, suor ou lágrimas segregados sobre alimentos) transmitir o vírus a terceiros". Os dois tribunais consideram que, provado que ficou que o cozinheiro é seropositivo, o despedimento é legítimo. Contactada pelo PÚBLICO, a administração do Grupo Sana Hotels recusou-se a comentar o caso.No parecer do Centro de Direito Biomédico, incluído no processo pela defesa, lê-se que "não está provado que um empregado de uma cozinha possa, no exercício das suas funções e por causa delas, transmitir o vírus HIV".Medo de represáliasO caso do cozinheiro do Grupo Sana Hotels só é diferente porque se deu num ambiente de trabalho estável e porque o trabalhador teve "coragem" de avançar judicialmente, mas situações destas "são corriqueiras", diz o responsável pela unidade de tratamento de HIV/sida do Hospital de Cascais, José Vera. A maioria dos casos de discriminação dá-se "em ambiente de trabalho temporário. Assim que se sabe que estão infectados não lhes é renovado o contrato", diz. Para que estes casos cheguem ao tribunal "é preciso que pessoas tenham contrato definitivo e que tenham coragem de avançar e se expor". Amílcar Soares, presidente da Associação Positivo, onde o cozinheiro foi denunciar o seu caso, afirma que "o problema da discriminação de trabalhadores mantém-se". Por ano costuma chegar pelo menos um caso à associação, mas muitos não avançam para tribunal "com medo de represálias, com medo de passarem para outra empresa onde isso se saiba".

quinta-feira, julho 26, 2007

Tratamento antecipado para crianças reduz perigo de morte






De acordo com o relato de hoje, no dia final de conferência da IAS em Sydney, acerca de um estudo da África do Sul, o tratamento com terapia anti-retroviral (ART) para bebês HIV-positivos, iniciado dentro das primeiras 12 semanas de vida – em vez de esperar até que os sinais de deterioração imunológica ou clínica apareçam –, diminui drasticamente os riscos de morte prematura.
O estudo observou crianças em cenários com limitação de recursos e comparou proposições para tratamento de HIV às crianças que não se encontravam suficientemente doentes para receber tratamento imediato sob as diretrizes atuais.
Um grupo adiou o tratamento até que suas porcentagens de CD4 tivessem queda abaixo do limiar indicando grave imunossupressão, enquanto o outro grupo iniciou tratamento imediatamente. As crianças tinham menos de 12 semanas de idade quando foram aleatoriamente designadas a fazer parte dos grupos.
O estudo descobriu que o tratamento imediato reduzira o perigo de morte em 75%, durante o período de acompanhamento médio de 32 semanas.
Em um comunicado do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA (NIAID), patrocinador do teste, Dr. Anthony S. Fauci afirmou: “Os resultados desse teste poderiam trazer implicações significativas na saúde pública do mundo inteiro.”
No entanto, para conseguir máximo impacto, programas de prevenção da transmissão de HIV da mãe para a criança (PMTCT) precisarão consideravelmente de mais força e deverão estar mais fortemente ligados aos serviços de saúde maternais à criança.
Mães e responsáveis oferecendo tratamento precisarão de considerável apoio no fornecimento consistente desses tratamentos para as crianças. O pagamento pela extensão do tratamento às crianças precisará da ajuda de todos os setores. Além disso, também serão necessários programas para aumentar a capacidade de diagnóstico o mais cedo possível das crianças.


Resultados decepcionantes nos testes para prevenção

A conferência não tem sido encorajadora no que se refere às novidades sobre intervenções biomédicas para prevenir a transmissão do HIV.
No início da semana, reportamos que um importante estudo sobre a supressão do HSV-2 [vírus herpes simples 2] pelo medicamento aciclovir fracassou na redução do risco de infecção por HIV em mulheres HIV-negativas na Tanzânia.
Outro estudo da mesma equipe descobriu que, nas mulheres HIV-positivas, o medicamento não havia reduzido a incidência de HIV ou HSV-2 de seus fluidos genitais, então seus parceiros continuariam a apresentar o mesmo risco de infecção por HIV como no período anterior ao tratamento.
A presença do HSV-2 aumenta o risco de transmitir o HIV caso você seja HIV-positivo e aumenta enormemente o risco de contrair o HIV caso seja HIV-negativo. Supõe-se que a supressão do HSV-2 seja uma maneira de reduzir o número de novas infecções por HIV, mas essas descobertas sugerem que há muito que se aprender antes que os medicamentos aciclovir e valaciclovir possam ser empregados como medida de prevenção do HIV.
Em uma das sessões finais da conferência, resultados de dois estudos com microbicidas mostraram que o produto mais perto de ser aprovado, UsherCell, na verdade, aumentava o risco de infecção por HIV em um estudo e, em outro, não surtiu efeito, comparado a um gel inativo.
Os investigadores ainda não entendem por que razão o UsherCell aparentemente aumentara o risco de infecção por HIV, já que tinha sido provado seguro e eficaz em muitos estudos anteriores.
Finalmente, um estudo da África do Sul, com mulheres aleatoriamente designadas para usar camisinha com seus parceiros ou a usar um diafragma e lubrificante em adição às camisinhas, não descobriu nenhum efeito de proteção extra no uso do diafragma e lubrificante. Ambos os grupos tinham a mesma taxa de infecção por HIV. Os resultados daquele estudo foram reportados anteriormente este mês quando houve sua publicação no The Lancet.
Apesar de muito entusiasmo pelas intervenções biomédicas ao longo dos últimos anos, até agora, a medida mais promissora para ser levada à prática é a circuncisão. Novidades sobre a circuncisão serão ainda discutidas neste boletim.


Antagonistas do CCR5, uma nova classe de medicamento anti-HIV

Quando o HIV penetra em uma célula, este se prende em diversos alvos de sua superfície. Um é o receptor CD4. Também, na superfície da célula, o vírus precisa ligar-se a outro receptor chamado quimiocina. Depois da infecção com o HIV, virtualmente, todos apresentarão uma população de vírus que somente poderá usar o receptor CCR5 para conseguir entrar nas células. Mas, como a contagem de células CD4 apresenta queda, alguns vírus se adaptam ao uso de outro receptor, o chamado CXCR4.
Há alguns anos, cientistas descobriram que pessoas sem o receptor CCR5 (uma condição hereditária não-prejudicial aos humanos e bem rara) menos provavelmente serão infectadas com HIV e, se realmente tiverem o HIV, têm menos probabilidade de progredir com a doença.
Medicamentos que bloqueiam o receptor CCR5 podem interromper a infecção das células pelo HIV. Esses medicamentos são chamados antagonistas da quimiocina ou inibidores do CCR5. Várias empresas vêm desenvolvendo produtos relacionados e os últimos resultados de suas pesquisas foram apresentados esta semana na conferência da IAS.
O primeiro medicamento a ser disponibilizado é o maraviroc (Celsentri). Este foi aprovado, semana passada, na Europa, e está prestes a ser aprovado nos EUA para pacientes experientes no tratamento.
Na quarta-feira, foram revelados os resultados de um estudo sobre o maraviroc para pessoas novas ao tratamento. Em um estudo de 48 semanas, o maraviroc foi comparado ao efavirenz. Todos tomaram, também, o Combivir (AZT/3TC). O estudo recrutou 729 pacientes de todo o mundo.
O maraviroc e o efavirenz suprimiram a carga viral para menos de 400 cópias/ml em uma mesma proporção de pacientes, mas o maraviroc foi inferior ao efavirenz na supressão de carga viral menor do que 50 cópias.
Contudo, ao compararem as respostas do hemisfério norte e sul, os pesquisadores descobriram que pacientes recrutados na Austrália, Argentina e África do Sul tiveram menos probabilidade de chegar à carga viral abaixo de 50 cópias/ml do que os pacientes do hemisfério norte, onde não houve diferença entre os grupos com o efavirenz e o maraviroc.
Ainda são necessárias análises adicionais para explicar tais resultados, cujas causas poderiam ser atribuídas ao subtipo viral.
Resultados de estudos com dois outros inibidores do CCR5 foram também apresentados esta semana em Sydney.
O vicriviroc está sendo desenvolvido pela Schering-Plough. Este medicamento alcançou estudos de fase II no qual doses diferentes são comparadas ao placebo. Vem-se testando o medicamento em pacientes experientes no tratamento, os quais seguiram um regime selecionado após o exame de resistência.
Depois de 48 semanas, até 37% no grupo com a dose mais alta, comparados aos 11% no grupo com o placebo, tiveram carga viral indetectável.
Mais pacientes que receberam o vicriviroc haviam desenvolvido câncer antes de 48 semanas em comparação ao grupo com o placebo (8 vs 2), e os pesquisadores estão ainda tentando determinar se alguns dos cânceres são causados pelo vicriviroc.
Outro inibidor do CCR5, cujo codinome é INC9471, está em desenvolvimento pela empresa Incyte. Diferentemente do maraviroc, esse pode ser tomado uma vez ao dia. Na verdade, resultados de um estudo de 14 dias com aplicação exclusiva do INC9471, sem outros anti-retrovirais, indicam para a possibilidade de se tomar o medicamento menos de uma vez ao dia. O estudo, com 19 indivíduos HIV-positivos, descobriu que, na média, eles ainda apresentavam níveis de carga viral 1,72 log abaixo do parâmetro de seis dias após a última dose.
Na próxima fase dos estudos, o INC9471 será testado como um medicamento administrado uma vez ao dia, porém os pesquisadores também querem colocar em teste o uso de uma dose baixa de ritonavir como estimulante suficiente ou não dos níveis do medicamento para que se permita a menor freqüência de doses.


Circuncisão

Na última conferência da IAS, em 2005, foi apresentado o primeiro grande estudo demonstrando que a circuncisão reduzira o risco de infecção por HIV em homens. Desde então, mais dois estudos mostraram resultados semelhantes: a circuncisão reduz o risco de infecção por HIV em homens em cerca de 60%.
Conseqüentemente, a Organização Mundial da Saúde e a UNAIDS recomendaram que os programas de prevenção do HIV devessem oferecer circuncisão médica aos homens.
Entretanto, ainda há muitas questões não-respondidas referentes à circuncisão como uma estratégia de prevenção do HIV.
Uma preocupação está relacionada com sua segurança: com que freqüência os homens sofrem complicações resultantes da circuncisão e quanto tempo as feridas levam para cicatrizar?
Um estudo analisando as taxas de complicação em dois grupos, homens HIV-negativos e homens HIV-positivos com contagens de células CD4 acima de 350, descobriu uma taxa semelhante de complicações, cerca de 3%, em ambos os grupos. Porém, homens HIV-positivos apresentaram menos probabilidade de cicatrização total da ferida após um mês. Quase 30% ainda apresentavam feridas não-cicatrizadas da cirurgia, comparados com 20% dos homens HIV-negativos.
O estudo foi criticado por Kevin de Cock da Organização Mundial da Saúde, porque deixou de incluir os homens com contagens de células CD4 mais baixas, os quais poderiam apresentar um risco maior de infecção depois da operação.
Ainda se desconhece também o efeito protetor da circuncisão dentre os homens que fazem sexo entre si. Embora os homens da América Latina - onde é rara a circuncisão - queiram participar de testes sobre a efetividade da circuncisão, um estudo na Austrália questionou se realmente houve um efeito de proteção para esse grupo.
Através de análises de todas as novas infecções dentre os homens que fazem sexo entre si, desde 2000, os pesquisadores não observaram diferenças nos seus riscos de infecção por HIV entre aqueles circuncisos e não-circuncisos.
Outra questão não-respondida está relacionada ao custo. Um estudo-modelo apresentado, hoje, sugere que programas de circuncisão em massa, nos países da África gravemente afetados, podem custar aos governos e doadores internacionais $500 milhões pelos próximos cinco anos. Mas, prevenindo-se as infecções existe o potencial de se economizar $3 - $4 bilhões em custos para tratamento anti-retroviral ao longo dos próximos 20 anos.


Comentários de especialistas
Comentários de especialistas no assunto, sumários das apresentações da conferência e conjuntos de slides disponíveis para download estarão em breve no website Clinical Care Options HIV.

Vídeos das sessões da conferência
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ARVs [Anti-Retrovirais] para mães durante amamentação a fim de prevenir a transmissão do HIV






4ª Conferência da Sociedade Internacional da AIDS (IAS), Sydney: 22 a 25 de julho de 2007
Notícias de terça-feira, 24 de julho de 2007
Quarta Conferência da Sociedade Internacional da AIDS, Sydney
ARVs [Anti-Retrovirais] para mães durante amamentação a fim de prevenir a transmissão do HIV
Raltegravir, o novo inibidor da integrase
Terapia de supressão do HSV-2 [vírus herpes simples-2] para mulheres HIV-positivas
Hepatite
Comentários de especialistas
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Tradução Marcela Frota Todos os links deste boletim são para artigos em inglês. Por favor, visite nossas seções de outras línguas para mais informações em:
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Quarta Conferência da Sociedade Internacional da AIDS, Sydney

ARVs [Anti-Retrovirais] para mães durante amamentação a fim de prevenir a transmissão do HIV

Talvez as descobertas mais importantes da conferência tenham sido apresentadas hoje, através de dois estudos sobre tratamento anti-retroviral para mães amamentando. Suas implicações são importantes para os países que estão tentando promover a amamentação como fonte única de alimentação do bebê, a fim de reduzir a transmissão do HIV da mãe para o filho.
Os dois estudos descobriram taxas extremamente baixas de transmissão do HIV durante o período de amamentação quando as mães recebiam terapia com três medicamentos anti-retrovirais até que desmamassem, quando a criança completasse seis meses de idade.
Até agora, a maioria dos principais estudos de prevenção da transmissão do HIV da mãe para o filho (PMTCT) se concentraram nos efeitos em proporcionar terapia com um, dois ou três medicamentos anti-retrovirais próximo ao momento do parto e o imediato pós-parto.
Outros estudos demonstraram que a amamentação como fonte única de alimentação do bebê, em vez da alimentação mista (leite e sólidos não-maternos, que irritam a parede do intestino), reduz significativamente o risco de transmissão do HIV. Por outro lado, somente a amamentação não elimina totalmente o risco da transmissão.
A administração da terapia com medicamentos que reduzem a carga viral no leite materno pode ser dificultada pelo fato de que o leite materno consiste em um compartimento protegido dentro do corpo. Não se sabe ao certo o quão bem os anti-retrovirais irão penetrar no leite e assim reduzir sua carga viral. Qualquer patamar abaixo da supressão total do vírus no leite materno poderia levar à resistência.
Alguns estudos preliminares com mulheres amamentando, e já aptas à utilização do ART para benefício da própria saúde, sugeriram que tal uso reduz o risco de transmissão. Porém, para a majoritária população das mães HIV-positivas que ainda não precisam de terapia anti-retroviral para benefício próprio, o valor, para um período limitado da terapia com três medicamentos, não foi constatado – até agora.
No estudo MITRA Plus, na Tanzânia, todas as mães receberam AZT, 3TC e nevirapina próximo à semana 34 de gravidez e interrromperam o tratamento depois de desmamar, aos seis meses, a não ser que a mãe precisasse de terapia anti-retroviral para si própria.
O número de transmissões, após o período de amamentação, foi muito baixo (menos do que 5%) e a maioria dessas crianças apareceu infectada no momento do parto.
No estudo AMATA, em Ruanda, todas as mães receberam terapia anti-retroviral e depois escolheram por amamentar ou alimentar seu filho com fórmula. Somente uma criança apareceu infectada neste estudo. Os pesquisadores acreditam que sua mãe tenha interrompido o uso das medicações anti-retrovirais.
Outra descoberta interessante foi a de que não houve diferenças estatisticamente significativas na mortalidade ou morbidade, mesmo com as descobertas de outros estudos comprovando que os filhos de mães HIV-positivas tomando o leite materno apresentavam taxas mais baixas da doença e morte do que aquelas alimentadas com fórmula.
Provavelmente, haverá mais discussões sobre as descobertas e como colocá-las em prática, mas a mensagem está clara: nos locais onde as mães vêm sendo encorajadas a somente amamentar, a terapia anti-retroviral para elas poderia poupar milhares de crianças da infecção por HIV.


Raltegravir, o novo inibidor da integrase

O raltegravir (Isentress) é um novo medicamento anti-HIV de uma classe completamente nova denominada inibidores da integrase. É provável que seja aprovado, para pacientes com experiência no tratamento, antes de Outubro, nos Estados Unidos e, logo depois, na Europa.
O raltegravir impede que o HIV integre seu material genético nas células humanas, por isso o nome “inibidor da integrase”.
Para pessoas novas ao tratamento, o raltegravir está ainda sendo testado. Resultados de um estudo sobre dosagem em fase 2b em que o raltegravir foi comparado ao efavirenz foram apresentados na terça-feira durante a conferência da IAS.
O raltegravir e o efavirenz suprimiram a carga viral a níveis indetectáveis aproximadamente na mesma proporção nos pacientes depois de 48 semanas (entre 80% e 90%). As pessoas do teste tomaram os medicamentos com tenofovir (Viread) e 3TC (Epivir). Somente 3% dos pacientes haviam sofrido um ressalto da carga viral após 48 semanas de tratamento em ambos os grupos de tratamento, o que indica a grande eficácia das duas combinações de medicamentos.
Entretanto, as pessoas que tomaram o raltegravir sofreram menos efeitos colaterais no sistema nervoso central, como pesadelos, tonteiras e dores de cabeça, do que as que tomaram o efavirenz.


Terapia de supressão do HSV-2 [vírus herpes simples-2] para mulheres HIV-positivas
Na segunda-feira, os pesquisadores relataram que a administração do aciclovir por mulheres HIV-negativas, a fim de controlar a infecção do HSV-2, não reduziu os riscos de infecção por HIV, possivelmente, devido à falta de aderência ao medicamento.
Na terça-feira, o mesmo grupo de pesquisa relatou os resultados de um segundo estudo sobre o aciclovir, também realizado na Tanzânia. Este observava se o aciclovir reduzira ou não a incidência de HSV-2 e HIV nos fluidos genitais de mulheres HIV-positivas.
Grandes estudos observaram se a medicação que suprime o HSV-2 poderia reduzir a incidência de HIV em mulheres HIV-positivas, um analisou o valaciclovir, outro, o aciclovir. Ambos os medicamentos anti-herpes reduziram indiretamente os níveis de HIV nos fluidos genitais.
Contudo, o estudo da Tanzânia não obteve evidências suficientes de um efeito. Embora houvesse tendência estatística em relação aos níveis reduzidos de HIV em mulheres com o aciclovir, o fato não foi necessariamente suficiente para chegar à conclusão de que o aciclovir possa reduzir efetivamente o risco de transmissão do HIV.
Além disso, não houve diferença significativa nos níveis de HSV-2 do fluido genital entre o grupo com o aciclovir e o de mulheres que receberam uma cápsula falsa. Isso surpreende pelo fato de que a terapia de longo-prazo com o aciclovir supostamente deveria reduzir a incidência de HSV-2 em indivíduos com herpes genital.
Igualmente ao estudo com os indivíduos HIV-negativos, reportado ontem, os pesquisadores concluíram que a fraca aderência explica os resultados. Somente 50% das mulheres do estudo tomaram mais do que 90% dos seus comprimidos, apesar de constante aconselhamento sobre aderência. Esses resultados ainda são um lembrete do inconveniente dos novos métodos de prevenção baseados em medicamentos ou microbicidas – esses têm de ser usados regularmente para que ofereçam proteção.

Hepatite

A Hepatite C é uma co-infecção bastante difundida entre pessoas com HIV, sobretudo onde é comum a transmissão de HIV através de drogas injetáveis. O HCV [vírus da hepatite c] manifesta-se normalmente como uma infecção apresentada no sangue, mas, ao longo dos últimos cinco anos, surtos de infecções sexualmente transmitidas do HCV ocorreram entre homens gays HIV-positivos no Reino Unido, no norte da Europa, nos Estados Unidos e na Austrália.
Freqüentemente, a infecção aguda por HCV em homens gays é identificada somente com o monitoramento regular da função do fígado durante o tratamento anti-retroviral. Níveis elevados de enzimas do fígado podem indicar infecção aguda pelo HCV e tal aumento deve ser considerado como uma explicação para os aumentos nos níveis enzimáticos no fígado em pessoas tomando anti-retrovirais.
Uma pesquisa apresentada na terça-feira, na conferência da IAS, revelou que surtos na Europa identificam fortes conexões internacionais. Os investigadores analisaram semelhanças genéticas entre os vírus da hepatite C de 190 homens HIV-positivos e descobriram grupamentos de transmissão. Um grupo continha vírus de quatro países diferentes e sete dos dez continham vírus de mais do que um país.
Viagens entre países representam um importante papel nessa nova epidemia, afirmam os pesquisadores, e mensagens direcionadas para homens gays sobre os riscos de infecção por HCV devem ser divulgadas pela Europa e América do Norte, não só em uma única cidade.
Os fatores de risco incluem penetração anal sem proteção, apunhaladas, sexo por influência de drogas, doenças sexualmente transmissíveis (em particular a sífilis), divisão de acessórios para cheirar drogas e sexo em grupo.


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Inicia em Sydney a Quarta Conferência da Sociedade Internacional da AIDS


A 4ª Conferência da Sociedade Internacional da AIDS (IAS) sobre Patogênese, Tratamento e Prevenção do HIV foi aberta em Sydney trazendo grandes expectativas. Oradores na conferência de imprensa da abertura enfatizaram os avanços recentes nas três áreas de foco da conferência: a ciência básica do HIV; a terapia anti-retroviral; e as tecnologias para prevenção.
Contudo, a parceria previamente bem-sucedida da Austrália entre governo, médicos, sociedade civil e as comunidades afetadas pelo HIV está “em risco de fragmentar-se” se o Primeiro Ministro australiano continuar a fazer discursos que “mostrem titubeios no compromisso da Austrália em reduzir o estigma e a discriminação”, declararam os oradores durante a sessão de abertura, no domingo à noite, da 4ª Conferência da Sociedade Internacional da AIDS sobre Patogênese, Tratamento e Prevenção do HIV, em Sydney.

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Interações entre medicamentos para TB e HIV

Os medicamentos para TB e HIV podem interagir entre si, reduzindo o nível sangüíneo. Muito se preocupa com o efeito dos medicamentos para a TB sobre os usados para o HIV, porém um novo estudo apresentado na segunda-feira na conferência da Sociedade Internacional da AIDS mostrou que a infecção pelo HIV pode reduzir os níveis de alguns medicamentos para a TB, sobretudo em pessoas em estágio avançado da doença do HIV.
Um estudo tailandês descobriu que, embora 80% dos pacientes que receberam a dosagem padrão de 400mg de nevirapina tivessem níveis plasmáticos sub-ótimos do medicamento, a eficácia foi apenas observada no controle da carga viral durante as 60 semanas de estudo. O aumento da dosagem de nevirapina para 600mg, com uma dosagem induzida de 400mg, uma vez ao dia, resultou em uma alta taxa de hipersensibilidade reativa.
Em contrapartida, um outro estudo de Botsuana descobriu que pessoas com HIV não recebendo os anti-retrovirais apresentaram níveis baixos do medicamento para a TB. Pesquisadores acreditam que a infecção por HIV possa afetar o modo como alguns medicamentos são metabolizados e afirmam que é necessário mais pesquisa com relação às doses corretas para tratar da TB em pessoas HIV-positivas.


A supressão do HSV-2 reduz o risco de infecção por HIV?

O HSV-2 [vírus herpes simples tipo 2], o vírus que causa a herpes genital, torna as pessoas mais vulneráveis à infecção por HIV. Mesmo quando as úlceras do herpes não se encontram nas partes genitais, o vírus pode causar lesões minúsculas que propiciam a entrada do HIV mais facilmente no corpo.
Tentou-se comprovar através de vários estudos se o medicamento que suprime o HSV-2 reduz ou não a incidência do HIV em mulheres HIV-positivas. Um testou o valaciclovir e outro, o aciclovir. Ambos os medicamentos anti-herpes reduziram indiretamente os níveis de HIV nos fluidos genitais.
Mas será possível que um medicamento supressor do HSV-2 em pessoas que já o tenha contraído seja capaz de proteger contra infecção por HIV? A questão foi investigada em um estudo importante apresentado no primeiro dia da conferência. O estudo foi realizado na Tanzânia e 820 mulheres HIV-negativas receberam o aciclovir ou um placebo.
O estudo não constatou diferença na taxa de novas infecções por HIV entre o grupo com o placebo e o grupo com o aciclovir. Os pesquisadores crêem que a falta de eficácia pode ter sido devido às baixas taxas de aderência ao aciclovir – somente metade dos participantes tomaram pelo menos 90% das doses durante os 30 meses de estudo.
Os resultados do estudo ressaltam uma desvantagem importante dos novos métodos de prevenção baseados em medicamentos ou microbicidas – esses têm de ser usados constantemente para que ofereça proteção. Um outro estudo recente sobre lubrificantes e diafragmas juntamente com camisinhas descobriu que 70% das mulheres relataram utilização constante do diafragma. Outros estudos com microbicidas reportaram um uso menos freqüente.


PPE após violência sexual
A Profilaxia Pós-Exposição – medicamentos anti-retrovirais tomados em até 72 horas de exposição em potencial ao HIV – talvez seja capaz de prevenir a infecção por HIV.
Dois estudos apresentados à conferência salientaram a necessidade, em locais de renda média e com limitação de recursos, de uma maior consciência sobre a profilaxia pós-exposição depois de violência sexual.

Concepção assistida

Muitas pessoas com HIV e seus parceiros HIV-negativos anseiam por filhos. Para aquelas HIV-positivas tomando medicamentos anti-retrovirais, o desejo de conceber é freqüentemente citado como razão para não usar camisinha. No entanto, a penetração sem proteção, mesmo o parceiro sendo HIV-positivo e com carga viral indetectável, oferece ainda um pequeno risco de infecção.
Um estudo apresentado na segunda-feira à conferência da IAS sugere que as mulheres HIV-negativas podem conceber com segurança, através da penetração sem proteção com seu parceiro HIV-positivo - desde que a carga viral no líquido seminal dele seja indetectável. A combinação de terapia de casais com exames para DST e penetração no momento certo – com a “salvaguarda psicológica” das duas doses de tenofovir (Viread), usadas como profilaxia pré-exposição (PPrE) – resultou em uma taxa de gravidez acima de 70% e sem transmissão do HIV.


Vacina para o HPV

O Papilomavírus Humano (HPV) é o vírus causador das verrugas genitais. Certos tipos de HPV causam o câncer anal e cervical.
Apesar da terapia anti-retroviral potente, as pessoas com HIV continuam a desenvolver esses cânceres, em parte porque parecem ser mais vulneráveis ao vírus, apresentando apenas os modestos níveis de imunossupressão.
Duas vacinas contra a infecção por HPV vêm sendo globalmente aprovadas, mas não se sabe ao certo sua eficácia contra o desenvolvimento de câncer anal ou cervical em pessoas com HIV.
Pesquisadores australianos declararam à conferência da IAS os testes de uma outra vacina gerada para prevenir o desenvolvimento do câncer em pessoas que já tenham o HPV. Eles a testaram em homens gays HIV-positivos e confirmaram sua segurança, havendo boas respostas imunológicas apesar de um histórico de danos graves ao sistema imunológico. Entretanto, não houve tendências claras na detecção do HPV ou mudanças nas células anais quando se comparou as dosagens das diferentes vacinas e o placebo.


Câncer de pele

Cânceres de pele são conhecidos por aparecerem em taxas mais altas em pessoas com supressão imunológica, incluindo as que sofreram transplante de órgão. A incidência do sarcoma de Kaposi na pele de pessoas HIV-positivas tem declinado drasticamente desde o advento da HAART [Terapia Anti-retroviral Altamente Ativa]. Mas alguns estudos sugerem que outros tipos de câncer de pele são mais comuns ou mais agressivos em pessoas com o HIV.
Pesquisadores americanos relataram uma análise das taxas de câncer de pele em 4.500 pacientes HIV-positivos. Eles descobriram uma taxa mais alta de alguns cânceres de pele (excluindo o sarcoma de Kaposi) quando comparados à população geral no período desde a introdução da terapia anti-retroviral potente, em 1966.
Na visão deles, como as pessoas com HIV vivem mais, exames regulares para câncer de pele em pessoas HIV-positivas devem ser considerados.

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segunda-feira, julho 02, 2007

Ministro da Saúde anuncia criação do Fórum Nacional da Sociedade Civil para o VIH/SIDA


Durante o discurso proferido no encontro ADIS, dia 19 de Junho de 2007, o Senhor Ministro da Saúde, anunciou a instituição este ano do FNSC


Cita-se alguns trechos do discurso e espera-se a sua concretização.


“É reconhecido o papel importante das organizações da sociedade civil no combate à infecção VIH/sida, enquanto líderes em activismo, advocacia, empoderamento e disponibilização de informação preventiva e serviços de apoio social. Estas têm sido capazes de envolver pessoas que vivem com VIH/sida nas suas actividades, ajudando a lidar com fenómenos como o estigma e a discriminação associados à infecção....De facto, a infecção VIH/sida exige uma resposta organizada da sociedade e dos governos em particular, pelo que as organizações da sociedade civil desempenham um papel chave de parceria no desenvolvimento de uma resposta alargada, através da sua experiência, os seus exemplos de boas práticas e a sua capacidade de implementar programas e disseminar informação, particularmente junto de populações com menor acesso à informação e aos serviços de saúde.... A articulação entre os organismos governamentais e a sociedade face ao desafio da infecção pressupõe, para além do apoio financeiro, um efectivo envolvimento e participação da sociedade civil no combate à epidemia.
Assim, decorrente da comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu relativa à luta contra o VIH/sida na União Europeia e nos países vizinhos 2006 – 2009, no que respeita à participação da sociedade civil, decidiu a Coordenação Nacional para a Infecção VIH/sida/Alto Comissariado da Saúde no âmbito do Plano de Acção 2007 – 2008, criar o Fórum Nacional da Sociedade Civil para o VIH/sida (FNSC/VIH).
Integrarão este Fórum organizações não governamentais e da sociedade civil e associações de pessoas que vivem com VIH/sida, com o objectivo de garantir a sua participação efectiva no desenvolvimento e implementação das políticas e programas nacionais”.


Junho 27, 2007

sexta-feira, junho 15, 2007

Imigrantes têm dificuldade em aceder a tratamentos


Os imigrantes e as minorias étnicas continuam a enfrentar grandes dificuldades em aceder aos serviços de saúde europeus, em especial no tratamento do HIV/Sida.Cerca de 200 participantes, incluindo redes comunitárias, autoridades da saúde, decisores políticos da Comunidade Europeia e de instituições internacionais e nacionais, estão reunidos em Lisboa para debater a situação de particular vulnerabilidade dos migrantes e minorias étnicas na Europa face à infecção pelo HIV/SIDA. A conferência, intitulada "The Right to HIV/AIDS prevention, treatment, care and support for migrants and ethnic minorities in Europe", que se realiza desde ontem no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, abordará, entre outras, questões como o acesso aos cuidados de saúde, direitos humanos, saúde pública, direitos sexuais e reprodutivos e políticas de saúde. "Lançámos esta conferência em Lisboa para discutir os principais desafios que enfrenta a Europa neste matéria e para que possam ser apresentadas recomendações que influenciem os processos políticos durante a Presidência Portuguesa [da União europeia, a partir de 01 de Julho de 2007]", explicou à Lusa um dos responsáveis da organização e membro do European Aids Treatment Group (EATG), Peter Wiessner. "Temos recebido sinais muito positivos do Governo português nesta matéria e esperamos que as recomendações e a identificação dos principais desafios que saiam deste debate sejam tomadas em conta e levadas avante pela Presidência Portuguesa, para obter resultados concretos", acrescentou. De acordo com Wiessner, os grandes objectivos da UE têm de passar "por garantir o acesso, a todas as pessoas que residam na EU, a tratamentos de saúde, o que inclui, necessariamente, também os imigrantes e as minorias étnicas". "A lacuna existente tem de ser resolvida, uma vez que é inadmissível que certos grupos ou comunidades sejam excluídas do direito à saúde, por não terem documentação, por falta de informação nas suas línguas ou, simplesmente, porque são discriminados". As migrações e a saúde dos migrantes residentes na Europa, foram escolhidas como o tema dominante da agenda da Presidência Portuguesa da União Europeia, tendo sido o tema escolhido para a área da saúde "Saúde e Migrações" Durante a Presidência Portuguesa, realizar-se-á, entre 27 e 28 de Setembro, uma conferência europeia sobre saúde e migrações: "Por uma sociedade inclusiva", assim como, em Outubro, um encontro dos coordenadores nacionais para a SIDA da UE e de países vizinhos sobre "VIH e Migrações". Como principais preocupações e objectivos a seguir pela UE para garantir uma melhor saúde às pessoas migrantes, o responsável apontou a necessidade "de aumentar a informação disponível sobre a saúde, conseguir obter um melhor conhecimento sobre os problemas que são trazidos pelos imigrantes para a Europa ou aqueles que são adquiridos nos países de acolhimento". De acordo com o responsável, os migrantes "são mais vulneráveis" e encontram–se expostos "a maiores riscos do que as populações europeias", sendo "as mulheres, as crianças e os imigrantes irregulares os grupos mais vulneráveis".

Gays continuam sem poder doar sangue


Médicos defendem aplicação da Lei em vigor

Continua a ser negada aos homossexuais a possibilidade de doar sangue, apesar de os critérios definidos em 2006 pelo Instituto Português do Sangue (IPS) defenderem que ninguém pode ser excluído da doação de sangue com base na sua orientação sexual.

É uma luta ridícula, por ainda ter de ser feita”, garante Ana Pires, da associação Médicos pela Escolha (MPE). No Dia Mundial do Dador do Sangue, celebrado ontem, a MPE questiona a discriminação latente, dado que não existe qualquer pressuposto científico que justifique a recusa de sangue de cidadãos homossexuais. “Existe um preconceito na sociedade e na comunidade médica que tem de ser combatido”, refere o médico Vasco Freire. Com o Plano Médico de 2004/10 a admitir a insuficiência da dádiva de sangue a nível nacional, a MPE garante que a triagem deve basear-se em factos científicos e não em preconceitos.


CM 07/06/15