sexta-feira, junho 15, 2007

Imigrantes têm dificuldade em aceder a tratamentos


Os imigrantes e as minorias étnicas continuam a enfrentar grandes dificuldades em aceder aos serviços de saúde europeus, em especial no tratamento do HIV/Sida.Cerca de 200 participantes, incluindo redes comunitárias, autoridades da saúde, decisores políticos da Comunidade Europeia e de instituições internacionais e nacionais, estão reunidos em Lisboa para debater a situação de particular vulnerabilidade dos migrantes e minorias étnicas na Europa face à infecção pelo HIV/SIDA. A conferência, intitulada "The Right to HIV/AIDS prevention, treatment, care and support for migrants and ethnic minorities in Europe", que se realiza desde ontem no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, abordará, entre outras, questões como o acesso aos cuidados de saúde, direitos humanos, saúde pública, direitos sexuais e reprodutivos e políticas de saúde. "Lançámos esta conferência em Lisboa para discutir os principais desafios que enfrenta a Europa neste matéria e para que possam ser apresentadas recomendações que influenciem os processos políticos durante a Presidência Portuguesa [da União europeia, a partir de 01 de Julho de 2007]", explicou à Lusa um dos responsáveis da organização e membro do European Aids Treatment Group (EATG), Peter Wiessner. "Temos recebido sinais muito positivos do Governo português nesta matéria e esperamos que as recomendações e a identificação dos principais desafios que saiam deste debate sejam tomadas em conta e levadas avante pela Presidência Portuguesa, para obter resultados concretos", acrescentou. De acordo com Wiessner, os grandes objectivos da UE têm de passar "por garantir o acesso, a todas as pessoas que residam na EU, a tratamentos de saúde, o que inclui, necessariamente, também os imigrantes e as minorias étnicas". "A lacuna existente tem de ser resolvida, uma vez que é inadmissível que certos grupos ou comunidades sejam excluídas do direito à saúde, por não terem documentação, por falta de informação nas suas línguas ou, simplesmente, porque são discriminados". As migrações e a saúde dos migrantes residentes na Europa, foram escolhidas como o tema dominante da agenda da Presidência Portuguesa da União Europeia, tendo sido o tema escolhido para a área da saúde "Saúde e Migrações" Durante a Presidência Portuguesa, realizar-se-á, entre 27 e 28 de Setembro, uma conferência europeia sobre saúde e migrações: "Por uma sociedade inclusiva", assim como, em Outubro, um encontro dos coordenadores nacionais para a SIDA da UE e de países vizinhos sobre "VIH e Migrações". Como principais preocupações e objectivos a seguir pela UE para garantir uma melhor saúde às pessoas migrantes, o responsável apontou a necessidade "de aumentar a informação disponível sobre a saúde, conseguir obter um melhor conhecimento sobre os problemas que são trazidos pelos imigrantes para a Europa ou aqueles que são adquiridos nos países de acolhimento". De acordo com o responsável, os migrantes "são mais vulneráveis" e encontram–se expostos "a maiores riscos do que as populações europeias", sendo "as mulheres, as crianças e os imigrantes irregulares os grupos mais vulneráveis".

Gays continuam sem poder doar sangue


Médicos defendem aplicação da Lei em vigor

Continua a ser negada aos homossexuais a possibilidade de doar sangue, apesar de os critérios definidos em 2006 pelo Instituto Português do Sangue (IPS) defenderem que ninguém pode ser excluído da doação de sangue com base na sua orientação sexual.

É uma luta ridícula, por ainda ter de ser feita”, garante Ana Pires, da associação Médicos pela Escolha (MPE). No Dia Mundial do Dador do Sangue, celebrado ontem, a MPE questiona a discriminação latente, dado que não existe qualquer pressuposto científico que justifique a recusa de sangue de cidadãos homossexuais. “Existe um preconceito na sociedade e na comunidade médica que tem de ser combatido”, refere o médico Vasco Freire. Com o Plano Médico de 2004/10 a admitir a insuficiência da dádiva de sangue a nível nacional, a MPE garante que a triagem deve basear-se em factos científicos e não em preconceitos.


CM 07/06/15

quarta-feira, junho 06, 2007

Casos de HIV/SIDA aumentam entre mulheres


As mulheres representam quase 30 por cento do total dos chineses que sofrem com a infecção do HIV/SIDA, contra menos de 20 por cento no início da década, informa hoje a imprensa oficial da China, citando estatísticas oficiais.
Em 2006, as mulheres representavam 27,8 por cento de todos os casos de HIV/SIDA, contra 19,4 por cento no ano 2000, diz o jornal oficial Beijing Youth Daily, referindo dados que o vice-ministro da Saúde chinês, Wang Longde, avançou em conferência de imprensa.
Segundo Wang, entre os casos recentes de contágio pelo vírus, a proporção entre homens e mulheres aumentou de dois para um, enquanto na década de 1990 a proporção era de cinco chineses para cada chinesa.
Os casos femininos representaram também mais de metade dos novos detectados de contágio por via sexual, disse o vice-ministro, citado pelo Beijing Youth Daily.
Até o final de Abril de 2007, as autoridades de saúde chinesas registaram 203.527 casos de HIV/SIDA, quase mais 20.000 do que as 183.733 pessoas que as autoridades identificaram até 31 de Outubro de 2006.
O número total de casos na China, incluindo as pessoas que ignoram ser portadoras do vírus, é de cerca de 650.000, segundo estimativas do governo chinês que as organizações não-governamentais do sector de saúde a actuar na China contestam.
Os altos custos das consultas médicas - cerca de 400 renminbi (38 euros) - dificultam o apuramento do número de casos de contágio, mas as organizações não-governamentais calculam a existência de mais de seis milhões de seropositivos em todo o país.
O desconhecimento em relação ao HIV/SIDA e outras doenças sexualmente transmissíveis são uma das grandes causas de transmissão do vírus nas áreas rurais da China, onde os rendimentos médios anuais são de cerca de 260 euros e onde se concentram 80 por cento das doenças infecciosas.


© 2004 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

segunda-feira, junho 04, 2007

"O envolvimento do sector privado na prevenção da infecção VIH/sida",



A rentabilização do negócio através de medidas de resposnsabilidade social das empresas que tenham em vista a prevenção da infecção VIH/sida foi o principal desafio lançado pela Coordenação Nacional na conferência "O envolvimento do sector privado na prevenção da infecção VIH/sida", que decorreu em Lisboa.
Na sequência das boas práticas apresentadas pela L'Oreal, com a campanha "Cabeleireiros do Mundo contra a Sida", que inseriu o tema nos módulos de formação dos seus colaboradores, passando pelos exemplos da BP, Microsoft, Biomérieux, Bristol-Myers Squibb, Visabeira e Porto Editora, realçou-se a importância do sector privado na prevenção do VIH, de acordo com as recomendações das Nações Unidas, quer através de acções de marketing social, do apoio a programas da comunidade, bem como através da prática de saúde ocupacional de forma ética e da não discriminação de trabalhadores infectados e afectados pelo VIH.
Therese Lethu, presidente da Global Business Coalition na Europa, lançou o repto às empresas portuguesas, salientando as vantagens desta organização no apoio à adopção de programas de prevenção e tratamento a colaboradores, bem como à realização de parcerias público-privadas mediante valores como o ganhar-ganhar.
A medicina ocupacional tem como objectivo a eliminação dos factores profissionais de risco, melhorando o ambiente psicossocial do trabalho, com vista à protecção da vida e saúde dos trabalhadores, o respeito pela dignidade humana, seguindo os princípios éticos da confidencialidade.
Contudo, Amílcar Soares, da Comunidade de Pessoas que vivem com VIH, afirma que apesar da legislação portuguesa prever o princípio da igualdade e o direito à integridade pessoal, assim como o manifesto laboral contra sida afirmar que não pode dentro dos limites legais constituir a infecção VIH motivo de despedimento, existem ainda empresas que têm práticas discriminatórias face a pessoas infectadas, conduzindo inclusivamente ao despedimento.
A Infecção VIH não limita por si só nenhuma aptidão para o trabalho. O que pode ser limitador é o estado de saúde decorrente da evolução da doença, pelo que as empresas têm todo o benefício em prestar informações preventivas aos seus colaboradores, quer através de folhetos ou formações, poupando assim dinheiro em seguros de saúde, faltas por consultas hospitalares, que leva por sua vez ao declínio da produtividade, perda de know-how e despesas de recrutamento.
A Organização Internacional do Trabalho calcula que 2/3 dos portadores de VIH em todo o mundo se encontrem em idade activa - entre os 15 e 50 anos. Daí ser urgente agir em três frentes: contra a discriminação, pela prevenção e acesso ao tratamento em meio laboral, tendo os sectores dos média e farmacêutico um papel acrescido, quer na mobilização da opinião pública, como no desenvolvimento científico de terapêuticas.

domingo, junho 03, 2007

Ineficácia nos hospitais impede 50 transplantes todos os anos


As listas de espera para transplantes continuam a aumentar em Portugal, não tanto por falta de dadores, mas por dificuldades na colheita de órgãos. Apenas metade dos 42 hospitais autorizados o fazem com regularidade, o que leva a que "muitos órgãos se percam", denuncia Manuel Abecassis, presidente da Organização Portuguesa de Transplantação (OPT), ontem extinta. O médico deu como exemplo a falta de disponibilidade de recursos humanos no Hospital de Santa Marta (Lisboa), onde a instituição chega a "doar órgãos a Espanha".A colheita de órgãos no ano passado correu melhor do que em 2005, mas ficou aquém das expectativas de milhares de portugueses à espera de um órgão. Na Europa há mais de 40 mil doentes em listas de espera, cenário que estaria na base de um novo reality show na Holanda, cuja realização foi entretanto desmentida. O comissário europeu da Saúde, Markos Kyprianou, considerou que um programa como este seria de mau gosto, mas aproveitou para centrar as atenções no problema, frisando que em cada dia morrem dez europeus por falta de órgãos. A taxa de pacientes que morrem à espera de um transplante de coração, fígado ou pulmão ronda os 15 a 30%. Manuel Abecassis refere que, em Portugal, se perdem oportunidades em muitos hospitais. "Os dadores não são identificados atempadamente. Muitas vezes morrem na Unidade de Cuidados Intensivos e nem se chega a saber o seu potencial. Quem faz o diagnóstico, um neurocirurgião ou neurologista, não sabe atempadamente se o dador teve morte cerebral", condição para fazer a colheita. O diagnóstico de morte cerebral "falha mais", mas há outras limitações estruturais, como a necessidade de camas, a falta de recursos humanos e de preparação das colheitas", explica. Muitas vezes, só se fazem diagnósticos quando o doente está ligado ao ventilador. De acordo com dados da OPT, foram efectuadas 201 colheitas, resultando num total de 590 órgãos (rim, fígado e coração) recolhidos na maioria em cinco hospitais centrais. O número de córneas em 2006 ascendeu a 283, o que é inferior a outros anos. A colheita de pulmões não faz parte das estatísticas de colheitas, mas de transplantes, que foram apenas dois em 2006. Apesar de haver um programa de intercâmbio entre Espanha e Portugal, o responsável frisa que "há três a quatro casos por ano de colheitas feitas por técnicos espanhóis por não haver hipóteses de a equipa realizar o transplante em tempo útil".Se em cada ano as estatísticas flutuam, o certo é que Portugal está longe de Espanha, que é um bom exemplo de funcionamento para o médico do Instituto Português de Oncologia. "Eles têm 35 dadores por milhão de habitantes e nós apenas 21, quando podíamos ter números semelhantes", sublinha. Por essa razão, aponta, "Portugal podia fazer mais 30 transplantes de rim e mais 20 de fígado e de coração por ano". Meia centena de transplantes que ficam por fazer. Em 2006, foram efectuados 1457 transplantes em Portugal e só 452 de córnea. Com dadores vivos, foram realizados 38 transplantes de rim e dois de fígado. As listas de espera por um rim chegam a três anos; seis meses para fígado e coração; nos pulmões, pode chegar a um ano.


DN 02/06/07

Portugal apoia a legalização do ópio afegão


DN 29.05.07


Portugal poderá vir a apoiar a legalização da cultura da papoila e a produção de ópio no Afeganistão no âmbito da luta que a NATO desenvolve contra os talibãs que ameaçam o regime do Presidente Ahmid Karzai. E que, aparentemente, estão a recorrer ao narcotráfico para financiarem a sua insurreição, criando, em simultâneo, uma teia de protecções e de cumplicidades com os agricultores afegãos que dependem dessa cultura para sobreviverem.Se a opção pela legalização da cultura da papoila vier a ser adoptada, o ópio afegão passaria a ser canalizado para a produção de analgésicos (pain killers), cuja composição assenta naquela substância (opiáceos), abastecendo um mercado mundial que é deficitário e que pratica um nível de preços que é demasiado penalizador para os países do Terceiro Mundo. Ao ponto de nos hospitais de Cabul ser quase impossível encontrar a morfina ou a codeína que permitiria aliviar a dor dos doentes que ali se encontram internados.Esta medida, que já foi proposta pelo Senlis Council, um think tank sediado em Paris, permitiria introduzir igualmente alguns mecanismos de controlo sobre a cultura da papoila no Afeganistão, limitando a produção de ópio e evitando que o combate ao narcotráfico continue a empurrar os agricultores afegãos para os braços dos talibãs.Como tem vindo a suceder nos últimos cinco anos, período ao longo do qual a produção de ópio no Afeganistão subiu 32 vezes. Exemplo disso são os números citados pelos sucessivos relatórios da ONU, que deixam bem clara a forma como os agricultores e os narcotraficantes afegãos aproveitaram o caos que se seguiu à intervenção dos EUA no país e que lhes permitiu contornar muito rapidamente as medidas repressivas decretadas pelo regime talibã. Das escassas 185 toneladas de ópio que produzia em 2001, o Afeganistão passou para as 6100 toneladas registadas em 2006. Sendo que a expectativa para este ano, quando a época das colheitas ainda vai a meio, revela que a produção afegã deverá voltar a bater todas as fasquias, denunciando o fracasso das políticas erradicação da cultura da papoila lançadas por Cabul.A posição de Lisboa, que é anterior à recente transferência de uma companhia de comandos portugueses para a província de Kandahar, uma das regiões mais perigosas do Afeganistão, é, tanto quanto o DN apurou, idêntica às medidas que Itália, Canadá, Alemanha e Reino Unido poderão vir também a defender publicamente, ainda que elas esbarrem na intransigência dos EUA.Resta saber o que dirá o Paquistão e, em particular, o próprio Afeganistão, onde começam a surgir também alguns sinais que vão ao encontro da proposta formulada pelo Senlis Council. Seja como for, o facto é que o ópio do Afeganistão, que, neste momento, representa cerca de 90% da produção mundial, tende a crescer ainda mais, ocupando já 165 mil hectares de terra arável no país. O que contrasta com os escassos 7600 hectares de papoila que existiam em 2001, meses antes de os EUA terem passado à acção, derrubando o regime talibã que servia de anfitrião a Ben Laden e à Al-Qaeda.Sem que as novas autoridades do Afeganistão e a comunidade internacional que as sustentam tenham conseguido oferecer grandes alternativas de rendimento aos agricultores afegãos, que há séculos se dedicam à cultura da papoila e à produção de ópio, ganhando hoje dez vezes com o abastecimento dos narcotraficantes do que ganhariam se produzissem milho ou frutas.Caso ainda persistissem dúvidas sobre a relação entre a produção de ópio afegã, o narcotráfico e a insurreição talibã, um estudo recente da Jamestown Foundation encarregar-se-ia de as desfazer. Nesse estudo, o think tank norte-americano demonstra que dois terços das baixas que a NATO sofreu até agora no Afeganistão ocorreram em províncias que são responsáveis pela produção de 62% do ópio afegão.O que ajuda a perceber também as razões por que Helmand e Kandahar - duas províncias que em conjunto representam 54% do ópio que se produz no Afeganistão - são dois dos lugares mais inóspitos e perigosos para as forças da NATO.

Barroso anuncia doação de 400 milhões de euros para combater Sida, Tuberculose e Malária



A Comissão Europeia vai contribuir, até 2010, com 400 milhões de euros para o Fundo Global de Luta contra a Sida, Tuberculose e Malária, anunciou hoje, em Bruxelas, o líder do executivo comunitário, Durão Barroso.
Uma primeira fatia de 100 milhões de euros será disponibilizada imediatamente e os restantes 300 milhões serão atribuídos entre 2008 e 2010.
O anúncio foi feito após uma reunião com responsáveis do Fundo Global e de outras organizações envolvidas no combate a estas doenças, incluindo o antigo Presidente da República Jorge Sampaio.
Uma semana antes da cimeira do G8, em Berlim, José Manuel Durão Barroso garantiu também que irá levantar o tema perante os líderes dos países mais industrializados.
A verba hoje anunciada pela Comissão "é uma parte do esforço da União Europeia", que, no seu conjunto, contribui com mais de metade - 55 por cento - do orçamento do Fundo Global.
"Vamos pedir aos outros que dêem mais, mas todos temos que contribuir para o esforço global", sublinhou Barroso.
Outro palco privilegiado para abordar a questão da saúde pública, adiantou, será a Cimeira UE/África, que se realizará em Lisboa, durante a presidência portuguesa da União, em Dezembro.
Por seu turno, o director-executivo do Fundo, Michel Kazatchkine, salientou que as estimativas actuais apontam que diariamente são salvas 3.000 vidas graças aos programas desenvolvidos através da organização.
O enviado especial das Nações Unidas para a iniciativa "Parar a tuberculose", Jorge Sampaio, lembrou que é precisa "muita luta para erradicar esta doença, que mata 5.000 pessoas por dia".
"A saúde passou a ser uma questão pública global, o que traz aspectos positivos no campo da investigação e da prevenção", sublinhou.
Sampaio disse ainda que devem ser melhorados o acesso aos medicamentos e aos meios de diagnóstico, além de ser necessária a investigação de novas vacinas e de novos medicamentos.
O Fundo Global de Luta contra a Sida, Tuberculose e Malária é um instrumento financeiro destinado a ajudar os países em desenvolvimento a combater estas três doenças.


© 2004 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.2007-05-31 13:00:01