sexta-feira, novembro 23, 2007

A JUSTIÇA DO COZINHEIRO


Esta segunda-feira, ficou a saber-se que o Tribunal da Relação de Lisboa, num acórdão de Maio, havia confirmado a sentença do Tribunal de Trabalho que em Março avalizara a justeza da cessação do contrato de trabalho de um cozinheiro com HIV. Para o Tribunal do Trabalho "ficou provado que [o cozinheiro] é portador de HIV e que este vírus existe no sangue, saliva, suor e lágrimas, podendo ser transmitido no caso de haver derrame de alguns destes fluídos sobre alimentos servidos ou consumidos por quem tenha na boca uma ferida" e portanto constitui "um perigo para a saúde pública, nomeadamente dos utentes do restaurante do hotel".Sendo certo que para uma parte substancial dos portugueses inquiridos sobre as vias de infecção do HIV os tampos das sanitas e apertos de mão estão no top - por que não então o suor, sangue e lágrimas aspergidos na comida por quem a cozinha, coisa que pelos vistos deve ser normal e corrente na restauração (onde está a ASAE quando mais precisamos dela?)- esperar-se-ia de juízes um pouco mais de informação. Que, por exemplo, atendessem ao Direito Comparado - nos anos 90, dois casos idênticos no Canadá e nos EUA foram considerados pelos tribunais "discriminatórios", "inaceitáveis" e "sem qualquer fundamento científico". Que conhecessem e atendessem às recomendações da Provedoria de Justiça - em 1999, a propósito de um militar seropositivo cuja função era, precisamente, cozinhar, o então provedor Menéres Pimentel escreveu: "O militar em causa, portador do HIV, nunca poderia ser considerado uma ameaça para a saúde pública no exercício das suas funções, que à altura eram de reforço na cozinha." Que ouvissem os especialistas (a negar, em bloco, a existência de perigo). Por fim e em suma, esperar-se-ia que os juízes conhecessem a lei e a Constituição e o fulcro da sua função: ser justos, pacificar. Mas estes juízes fizeram o contrário. Entrincheirados na sua ignorância e preconceito, certificaram que, afinal, todas as campanhas antidiscriminação de seropositivos, incluindo as que incidem sobre casos de crianças expulsas de escolas, estavam erradas. Que os seropositivos devem ser despedidos, marginalizados, perseguidos, expulsos. Que as pessoas devem recusar o teste de HIV e, caso estejam infectadas, devem escondê-lo de toda a gente - a começar pelos médicos do trabalho . O cozinheiro despedido percebeu-os muito bem: no restaurante onde entretanto arranjou emprego, ninguém sabe que ele é seropositivo. E, com um bocado de sorte, se um dos juízes em causa por lá aparecer, há-de cuspir-lhe na sopa.


Tribunal da Relação deu razão a despedimento de cozinheiro com HIV


O Tribunal da Relação de Lisboa considerou justificado e legítimo o despedimento de um cozinheiro infectado com HIV que trabalhava na cozinha de um hotel, confirmando decisão semelhante já tomada pelo Tribunal de Trabalho de Lisboa.No acórdão que o PÚBLICO consultou lê-se que "ficou provado que A. é portador de HIV e que este vírus existe no sangue, saliva, suor e lágrimas, podendo ser transmitido no caso de haver derrame de alguns destes fluidos sobre alimentos servidos ou consumidos por quem tenha na boca uma ferida". Por essa razão, os magistrados concluem que se continuasse a ser cozinheiro representaria "um perigo para a saúde pública, nomeadamente dos utentes do restaurante do hotel".Os três juízes desembargadores que assinam o acórdão da Relação - Filomena Carvalho, José Mateus Cardoso e José Ramalho Pinto - tinham ao seu dispor dois pareceres científicos, um deles pedido pela Coordenação Nacional para a Infecção HIV/sida ao Centro de Direito Biomédico, que desmentem alegados riscos de transmissão de um cozinheiro. Mas ignoraram-nos na sua decisão de Maio deste ano. O funcionário recorreu para o Supremo Tribunal de Justiça.O coordenador nacional para a infecção HIV/sida, Henrique Barros, não comenta a decisão judicial, mas "cientificamente" afirma que, "do ponto de vista biológico, as conclusões tiradas nunca foram provadas nem a comunidade científica as considera plausíveis". Explica que é verdade que o vírus existe no suor, lágrimas e saliva, "só que é irrelevante em termos de riscos de transmissão porque as concentrações do vírus nessas circunstâncias são incapazes de transmitir a infecção". Em causa está António (nome fictício), cozinheiro do quadro de um hotel do Grupo Sana Hotels durante sete anos. Em 2002 adoeceu com tuberculose e esteve um ano de baixa, quando regressou ao trabalho foi mandado ao médico do trabalho do hotel. Não revelou ter HIV e o médico do trabalho pediu ao médico assistente mais dados sobre a sua situação clínica. O tribunal superior constata que o médico de António respondeu ao médico do trabalho do hotel que este tinha sofrido de tuberculose, da qual estava completamente curado, e que era HIV positivo. Acrescentava que o cozinheiro podia "retomar a sua actividade laboral em pleno" e que "não representa qualquer perigo para os colegas". Apesar da informação, o funcionário foi impedido de voltar ao seu trabalho na cozinha e esteve sem nada para fazer durante meses. Em Março de 2004, recebeu uma carta onde se lia que o médico do trabalho o tinha dado como "inapto definitivamente para a profissão de cozinheiro, pelo que não pode manipular alimentos", lê-se no acórdão. Dever de lealdade violado?Inconformado, António contactou a Associação Positivo e decidiu recorrer aos tribunais ainda em 2004. A primeira decisão judicial (de Março deste ano), do Tribunal do Trabalho de Lisboa, deu razão ao hotel Sana e considerou legítimo o final do contrato de trabalho. António recorreu ao Tribunal da Relação, que em Maio deste ano voltou a dar razão ao hotel.O hotel nega alguma vez ter tido conhecimento de que António era portador de HIV antes do julgamento, ou de ter sido informado pelo médico do trabalho da sua condição. Afirma mesmo que o funcionário devia ter "informado imediatamente que é portador de HIV, o que nunca fez, violando assim o dever de lealdade". No julgamento do Tribunal do Trabalho a defesa de António juntou documentos científicos da agência governamental americana responsável pelo controlo e prevenção da doença (Centers for Disease Control and Prevention - CDC), em que se diz que ninguém foi infectado pelo HIV por transmissão ambiental e que as únicas formas de contágio conhecidas são as relações sexuais não protegidas, a via endovenosa ou por via materno-fetal.A sentença do Tribunal do Trabalho chega a referir-se ao documento do CDC mas diz que o caso em julgamento "não tem a ver com riscos conhecidos mas com a possibilidade desses riscos" e que o CDC refere que o vírus também está presente na saliva, suor e lágrimas. O documento científico em causa refere, de facto, que o vírus pode ser encontrado laboratorialmente naqueles fluidos mas nota que a transmissão por esta via é "zero", dado científico que é ignorado pelo magistrado Martins Alves.O magistrado do Tribunal do Trabalho ignorou na sua sentença a médica que tratou o trabalhador para o HIV, que disse em tribunal que António cumpria rigorosamente a terapêutica e que sua "carga viral é indetectável". Ao invés, o juiz escolheu citar o médico que tratou António para a tuberculose e que diz que existe risco no "caso de um pequeno derrame de sangue que passe despercebido e que caia sobre alimentos em cru consumidos por quem tenha na boca uma ferida". O médico em causa, António Gautier, afirma que o tribunal sabia que ele não é perito em infecciologia mas em pneumologia. "Eu não sou especialista nesta área, mas não fugi à pergunta." O médico diz que foi instado a responder em que situações o risco podia existir, explicando a situação da "ferida na boca", "algo que é muito remoto".O Tribunal da Relação de Lisboa, órgão de recurso, repete quase toda a argumentação da sentença do Tribunal do Trabalho e reforça: existe "o perigo concreto de no caso de qualquer corte ou ainda por qualquer das formas referidas (saliva, suor ou lágrimas segregados sobre alimentos) transmitir o vírus a terceiros". Os dois tribunais consideram que, provado que ficou que o cozinheiro é seropositivo, o despedimento é legítimo. Contactada pelo PÚBLICO, a administração do Grupo Sana Hotels recusou-se a comentar o caso.No parecer do Centro de Direito Biomédico, incluído no processo pela defesa, lê-se que "não está provado que um empregado de uma cozinha possa, no exercício das suas funções e por causa delas, transmitir o vírus HIV".Medo de represáliasO caso do cozinheiro do Grupo Sana Hotels só é diferente porque se deu num ambiente de trabalho estável e porque o trabalhador teve "coragem" de avançar judicialmente, mas situações destas "são corriqueiras", diz o responsável pela unidade de tratamento de HIV/sida do Hospital de Cascais, José Vera. A maioria dos casos de discriminação dá-se "em ambiente de trabalho temporário. Assim que se sabe que estão infectados não lhes é renovado o contrato", diz. Para que estes casos cheguem ao tribunal "é preciso que pessoas tenham contrato definitivo e que tenham coragem de avançar e se expor". Amílcar Soares, presidente da Associação Positivo, onde o cozinheiro foi denunciar o seu caso, afirma que "o problema da discriminação de trabalhadores mantém-se". Por ano costuma chegar pelo menos um caso à associação, mas muitos não avançam para tribunal "com medo de represálias, com medo de passarem para outra empresa onde isso se saiba".

quinta-feira, julho 26, 2007

Tratamento antecipado para crianças reduz perigo de morte






De acordo com o relato de hoje, no dia final de conferência da IAS em Sydney, acerca de um estudo da África do Sul, o tratamento com terapia anti-retroviral (ART) para bebês HIV-positivos, iniciado dentro das primeiras 12 semanas de vida – em vez de esperar até que os sinais de deterioração imunológica ou clínica apareçam –, diminui drasticamente os riscos de morte prematura.
O estudo observou crianças em cenários com limitação de recursos e comparou proposições para tratamento de HIV às crianças que não se encontravam suficientemente doentes para receber tratamento imediato sob as diretrizes atuais.
Um grupo adiou o tratamento até que suas porcentagens de CD4 tivessem queda abaixo do limiar indicando grave imunossupressão, enquanto o outro grupo iniciou tratamento imediatamente. As crianças tinham menos de 12 semanas de idade quando foram aleatoriamente designadas a fazer parte dos grupos.
O estudo descobriu que o tratamento imediato reduzira o perigo de morte em 75%, durante o período de acompanhamento médio de 32 semanas.
Em um comunicado do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA (NIAID), patrocinador do teste, Dr. Anthony S. Fauci afirmou: “Os resultados desse teste poderiam trazer implicações significativas na saúde pública do mundo inteiro.”
No entanto, para conseguir máximo impacto, programas de prevenção da transmissão de HIV da mãe para a criança (PMTCT) precisarão consideravelmente de mais força e deverão estar mais fortemente ligados aos serviços de saúde maternais à criança.
Mães e responsáveis oferecendo tratamento precisarão de considerável apoio no fornecimento consistente desses tratamentos para as crianças. O pagamento pela extensão do tratamento às crianças precisará da ajuda de todos os setores. Além disso, também serão necessários programas para aumentar a capacidade de diagnóstico o mais cedo possível das crianças.


Resultados decepcionantes nos testes para prevenção

A conferência não tem sido encorajadora no que se refere às novidades sobre intervenções biomédicas para prevenir a transmissão do HIV.
No início da semana, reportamos que um importante estudo sobre a supressão do HSV-2 [vírus herpes simples 2] pelo medicamento aciclovir fracassou na redução do risco de infecção por HIV em mulheres HIV-negativas na Tanzânia.
Outro estudo da mesma equipe descobriu que, nas mulheres HIV-positivas, o medicamento não havia reduzido a incidência de HIV ou HSV-2 de seus fluidos genitais, então seus parceiros continuariam a apresentar o mesmo risco de infecção por HIV como no período anterior ao tratamento.
A presença do HSV-2 aumenta o risco de transmitir o HIV caso você seja HIV-positivo e aumenta enormemente o risco de contrair o HIV caso seja HIV-negativo. Supõe-se que a supressão do HSV-2 seja uma maneira de reduzir o número de novas infecções por HIV, mas essas descobertas sugerem que há muito que se aprender antes que os medicamentos aciclovir e valaciclovir possam ser empregados como medida de prevenção do HIV.
Em uma das sessões finais da conferência, resultados de dois estudos com microbicidas mostraram que o produto mais perto de ser aprovado, UsherCell, na verdade, aumentava o risco de infecção por HIV em um estudo e, em outro, não surtiu efeito, comparado a um gel inativo.
Os investigadores ainda não entendem por que razão o UsherCell aparentemente aumentara o risco de infecção por HIV, já que tinha sido provado seguro e eficaz em muitos estudos anteriores.
Finalmente, um estudo da África do Sul, com mulheres aleatoriamente designadas para usar camisinha com seus parceiros ou a usar um diafragma e lubrificante em adição às camisinhas, não descobriu nenhum efeito de proteção extra no uso do diafragma e lubrificante. Ambos os grupos tinham a mesma taxa de infecção por HIV. Os resultados daquele estudo foram reportados anteriormente este mês quando houve sua publicação no The Lancet.
Apesar de muito entusiasmo pelas intervenções biomédicas ao longo dos últimos anos, até agora, a medida mais promissora para ser levada à prática é a circuncisão. Novidades sobre a circuncisão serão ainda discutidas neste boletim.


Antagonistas do CCR5, uma nova classe de medicamento anti-HIV

Quando o HIV penetra em uma célula, este se prende em diversos alvos de sua superfície. Um é o receptor CD4. Também, na superfície da célula, o vírus precisa ligar-se a outro receptor chamado quimiocina. Depois da infecção com o HIV, virtualmente, todos apresentarão uma população de vírus que somente poderá usar o receptor CCR5 para conseguir entrar nas células. Mas, como a contagem de células CD4 apresenta queda, alguns vírus se adaptam ao uso de outro receptor, o chamado CXCR4.
Há alguns anos, cientistas descobriram que pessoas sem o receptor CCR5 (uma condição hereditária não-prejudicial aos humanos e bem rara) menos provavelmente serão infectadas com HIV e, se realmente tiverem o HIV, têm menos probabilidade de progredir com a doença.
Medicamentos que bloqueiam o receptor CCR5 podem interromper a infecção das células pelo HIV. Esses medicamentos são chamados antagonistas da quimiocina ou inibidores do CCR5. Várias empresas vêm desenvolvendo produtos relacionados e os últimos resultados de suas pesquisas foram apresentados esta semana na conferência da IAS.
O primeiro medicamento a ser disponibilizado é o maraviroc (Celsentri). Este foi aprovado, semana passada, na Europa, e está prestes a ser aprovado nos EUA para pacientes experientes no tratamento.
Na quarta-feira, foram revelados os resultados de um estudo sobre o maraviroc para pessoas novas ao tratamento. Em um estudo de 48 semanas, o maraviroc foi comparado ao efavirenz. Todos tomaram, também, o Combivir (AZT/3TC). O estudo recrutou 729 pacientes de todo o mundo.
O maraviroc e o efavirenz suprimiram a carga viral para menos de 400 cópias/ml em uma mesma proporção de pacientes, mas o maraviroc foi inferior ao efavirenz na supressão de carga viral menor do que 50 cópias.
Contudo, ao compararem as respostas do hemisfério norte e sul, os pesquisadores descobriram que pacientes recrutados na Austrália, Argentina e África do Sul tiveram menos probabilidade de chegar à carga viral abaixo de 50 cópias/ml do que os pacientes do hemisfério norte, onde não houve diferença entre os grupos com o efavirenz e o maraviroc.
Ainda são necessárias análises adicionais para explicar tais resultados, cujas causas poderiam ser atribuídas ao subtipo viral.
Resultados de estudos com dois outros inibidores do CCR5 foram também apresentados esta semana em Sydney.
O vicriviroc está sendo desenvolvido pela Schering-Plough. Este medicamento alcançou estudos de fase II no qual doses diferentes são comparadas ao placebo. Vem-se testando o medicamento em pacientes experientes no tratamento, os quais seguiram um regime selecionado após o exame de resistência.
Depois de 48 semanas, até 37% no grupo com a dose mais alta, comparados aos 11% no grupo com o placebo, tiveram carga viral indetectável.
Mais pacientes que receberam o vicriviroc haviam desenvolvido câncer antes de 48 semanas em comparação ao grupo com o placebo (8 vs 2), e os pesquisadores estão ainda tentando determinar se alguns dos cânceres são causados pelo vicriviroc.
Outro inibidor do CCR5, cujo codinome é INC9471, está em desenvolvimento pela empresa Incyte. Diferentemente do maraviroc, esse pode ser tomado uma vez ao dia. Na verdade, resultados de um estudo de 14 dias com aplicação exclusiva do INC9471, sem outros anti-retrovirais, indicam para a possibilidade de se tomar o medicamento menos de uma vez ao dia. O estudo, com 19 indivíduos HIV-positivos, descobriu que, na média, eles ainda apresentavam níveis de carga viral 1,72 log abaixo do parâmetro de seis dias após a última dose.
Na próxima fase dos estudos, o INC9471 será testado como um medicamento administrado uma vez ao dia, porém os pesquisadores também querem colocar em teste o uso de uma dose baixa de ritonavir como estimulante suficiente ou não dos níveis do medicamento para que se permita a menor freqüência de doses.


Circuncisão

Na última conferência da IAS, em 2005, foi apresentado o primeiro grande estudo demonstrando que a circuncisão reduzira o risco de infecção por HIV em homens. Desde então, mais dois estudos mostraram resultados semelhantes: a circuncisão reduz o risco de infecção por HIV em homens em cerca de 60%.
Conseqüentemente, a Organização Mundial da Saúde e a UNAIDS recomendaram que os programas de prevenção do HIV devessem oferecer circuncisão médica aos homens.
Entretanto, ainda há muitas questões não-respondidas referentes à circuncisão como uma estratégia de prevenção do HIV.
Uma preocupação está relacionada com sua segurança: com que freqüência os homens sofrem complicações resultantes da circuncisão e quanto tempo as feridas levam para cicatrizar?
Um estudo analisando as taxas de complicação em dois grupos, homens HIV-negativos e homens HIV-positivos com contagens de células CD4 acima de 350, descobriu uma taxa semelhante de complicações, cerca de 3%, em ambos os grupos. Porém, homens HIV-positivos apresentaram menos probabilidade de cicatrização total da ferida após um mês. Quase 30% ainda apresentavam feridas não-cicatrizadas da cirurgia, comparados com 20% dos homens HIV-negativos.
O estudo foi criticado por Kevin de Cock da Organização Mundial da Saúde, porque deixou de incluir os homens com contagens de células CD4 mais baixas, os quais poderiam apresentar um risco maior de infecção depois da operação.
Ainda se desconhece também o efeito protetor da circuncisão dentre os homens que fazem sexo entre si. Embora os homens da América Latina - onde é rara a circuncisão - queiram participar de testes sobre a efetividade da circuncisão, um estudo na Austrália questionou se realmente houve um efeito de proteção para esse grupo.
Através de análises de todas as novas infecções dentre os homens que fazem sexo entre si, desde 2000, os pesquisadores não observaram diferenças nos seus riscos de infecção por HIV entre aqueles circuncisos e não-circuncisos.
Outra questão não-respondida está relacionada ao custo. Um estudo-modelo apresentado, hoje, sugere que programas de circuncisão em massa, nos países da África gravemente afetados, podem custar aos governos e doadores internacionais $500 milhões pelos próximos cinco anos. Mas, prevenindo-se as infecções existe o potencial de se economizar $3 - $4 bilhões em custos para tratamento anti-retroviral ao longo dos próximos 20 anos.


Comentários de especialistas
Comentários de especialistas no assunto, sumários das apresentações da conferência e conjuntos de slides disponíveis para download estarão em breve no website Clinical Care Options HIV.

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ARVs [Anti-Retrovirais] para mães durante amamentação a fim de prevenir a transmissão do HIV






4ª Conferência da Sociedade Internacional da AIDS (IAS), Sydney: 22 a 25 de julho de 2007
Notícias de terça-feira, 24 de julho de 2007
Quarta Conferência da Sociedade Internacional da AIDS, Sydney
ARVs [Anti-Retrovirais] para mães durante amamentação a fim de prevenir a transmissão do HIV
Raltegravir, o novo inibidor da integrase
Terapia de supressão do HSV-2 [vírus herpes simples-2] para mulheres HIV-positivas
Hepatite
Comentários de especialistas
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Tradução Marcela Frota Todos os links deste boletim são para artigos em inglês. Por favor, visite nossas seções de outras línguas para mais informações em:
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Quarta Conferência da Sociedade Internacional da AIDS, Sydney

ARVs [Anti-Retrovirais] para mães durante amamentação a fim de prevenir a transmissão do HIV

Talvez as descobertas mais importantes da conferência tenham sido apresentadas hoje, através de dois estudos sobre tratamento anti-retroviral para mães amamentando. Suas implicações são importantes para os países que estão tentando promover a amamentação como fonte única de alimentação do bebê, a fim de reduzir a transmissão do HIV da mãe para o filho.
Os dois estudos descobriram taxas extremamente baixas de transmissão do HIV durante o período de amamentação quando as mães recebiam terapia com três medicamentos anti-retrovirais até que desmamassem, quando a criança completasse seis meses de idade.
Até agora, a maioria dos principais estudos de prevenção da transmissão do HIV da mãe para o filho (PMTCT) se concentraram nos efeitos em proporcionar terapia com um, dois ou três medicamentos anti-retrovirais próximo ao momento do parto e o imediato pós-parto.
Outros estudos demonstraram que a amamentação como fonte única de alimentação do bebê, em vez da alimentação mista (leite e sólidos não-maternos, que irritam a parede do intestino), reduz significativamente o risco de transmissão do HIV. Por outro lado, somente a amamentação não elimina totalmente o risco da transmissão.
A administração da terapia com medicamentos que reduzem a carga viral no leite materno pode ser dificultada pelo fato de que o leite materno consiste em um compartimento protegido dentro do corpo. Não se sabe ao certo o quão bem os anti-retrovirais irão penetrar no leite e assim reduzir sua carga viral. Qualquer patamar abaixo da supressão total do vírus no leite materno poderia levar à resistência.
Alguns estudos preliminares com mulheres amamentando, e já aptas à utilização do ART para benefício da própria saúde, sugeriram que tal uso reduz o risco de transmissão. Porém, para a majoritária população das mães HIV-positivas que ainda não precisam de terapia anti-retroviral para benefício próprio, o valor, para um período limitado da terapia com três medicamentos, não foi constatado – até agora.
No estudo MITRA Plus, na Tanzânia, todas as mães receberam AZT, 3TC e nevirapina próximo à semana 34 de gravidez e interrromperam o tratamento depois de desmamar, aos seis meses, a não ser que a mãe precisasse de terapia anti-retroviral para si própria.
O número de transmissões, após o período de amamentação, foi muito baixo (menos do que 5%) e a maioria dessas crianças apareceu infectada no momento do parto.
No estudo AMATA, em Ruanda, todas as mães receberam terapia anti-retroviral e depois escolheram por amamentar ou alimentar seu filho com fórmula. Somente uma criança apareceu infectada neste estudo. Os pesquisadores acreditam que sua mãe tenha interrompido o uso das medicações anti-retrovirais.
Outra descoberta interessante foi a de que não houve diferenças estatisticamente significativas na mortalidade ou morbidade, mesmo com as descobertas de outros estudos comprovando que os filhos de mães HIV-positivas tomando o leite materno apresentavam taxas mais baixas da doença e morte do que aquelas alimentadas com fórmula.
Provavelmente, haverá mais discussões sobre as descobertas e como colocá-las em prática, mas a mensagem está clara: nos locais onde as mães vêm sendo encorajadas a somente amamentar, a terapia anti-retroviral para elas poderia poupar milhares de crianças da infecção por HIV.


Raltegravir, o novo inibidor da integrase

O raltegravir (Isentress) é um novo medicamento anti-HIV de uma classe completamente nova denominada inibidores da integrase. É provável que seja aprovado, para pacientes com experiência no tratamento, antes de Outubro, nos Estados Unidos e, logo depois, na Europa.
O raltegravir impede que o HIV integre seu material genético nas células humanas, por isso o nome “inibidor da integrase”.
Para pessoas novas ao tratamento, o raltegravir está ainda sendo testado. Resultados de um estudo sobre dosagem em fase 2b em que o raltegravir foi comparado ao efavirenz foram apresentados na terça-feira durante a conferência da IAS.
O raltegravir e o efavirenz suprimiram a carga viral a níveis indetectáveis aproximadamente na mesma proporção nos pacientes depois de 48 semanas (entre 80% e 90%). As pessoas do teste tomaram os medicamentos com tenofovir (Viread) e 3TC (Epivir). Somente 3% dos pacientes haviam sofrido um ressalto da carga viral após 48 semanas de tratamento em ambos os grupos de tratamento, o que indica a grande eficácia das duas combinações de medicamentos.
Entretanto, as pessoas que tomaram o raltegravir sofreram menos efeitos colaterais no sistema nervoso central, como pesadelos, tonteiras e dores de cabeça, do que as que tomaram o efavirenz.


Terapia de supressão do HSV-2 [vírus herpes simples-2] para mulheres HIV-positivas
Na segunda-feira, os pesquisadores relataram que a administração do aciclovir por mulheres HIV-negativas, a fim de controlar a infecção do HSV-2, não reduziu os riscos de infecção por HIV, possivelmente, devido à falta de aderência ao medicamento.
Na terça-feira, o mesmo grupo de pesquisa relatou os resultados de um segundo estudo sobre o aciclovir, também realizado na Tanzânia. Este observava se o aciclovir reduzira ou não a incidência de HSV-2 e HIV nos fluidos genitais de mulheres HIV-positivas.
Grandes estudos observaram se a medicação que suprime o HSV-2 poderia reduzir a incidência de HIV em mulheres HIV-positivas, um analisou o valaciclovir, outro, o aciclovir. Ambos os medicamentos anti-herpes reduziram indiretamente os níveis de HIV nos fluidos genitais.
Contudo, o estudo da Tanzânia não obteve evidências suficientes de um efeito. Embora houvesse tendência estatística em relação aos níveis reduzidos de HIV em mulheres com o aciclovir, o fato não foi necessariamente suficiente para chegar à conclusão de que o aciclovir possa reduzir efetivamente o risco de transmissão do HIV.
Além disso, não houve diferença significativa nos níveis de HSV-2 do fluido genital entre o grupo com o aciclovir e o de mulheres que receberam uma cápsula falsa. Isso surpreende pelo fato de que a terapia de longo-prazo com o aciclovir supostamente deveria reduzir a incidência de HSV-2 em indivíduos com herpes genital.
Igualmente ao estudo com os indivíduos HIV-negativos, reportado ontem, os pesquisadores concluíram que a fraca aderência explica os resultados. Somente 50% das mulheres do estudo tomaram mais do que 90% dos seus comprimidos, apesar de constante aconselhamento sobre aderência. Esses resultados ainda são um lembrete do inconveniente dos novos métodos de prevenção baseados em medicamentos ou microbicidas – esses têm de ser usados regularmente para que ofereçam proteção.

Hepatite

A Hepatite C é uma co-infecção bastante difundida entre pessoas com HIV, sobretudo onde é comum a transmissão de HIV através de drogas injetáveis. O HCV [vírus da hepatite c] manifesta-se normalmente como uma infecção apresentada no sangue, mas, ao longo dos últimos cinco anos, surtos de infecções sexualmente transmitidas do HCV ocorreram entre homens gays HIV-positivos no Reino Unido, no norte da Europa, nos Estados Unidos e na Austrália.
Freqüentemente, a infecção aguda por HCV em homens gays é identificada somente com o monitoramento regular da função do fígado durante o tratamento anti-retroviral. Níveis elevados de enzimas do fígado podem indicar infecção aguda pelo HCV e tal aumento deve ser considerado como uma explicação para os aumentos nos níveis enzimáticos no fígado em pessoas tomando anti-retrovirais.
Uma pesquisa apresentada na terça-feira, na conferência da IAS, revelou que surtos na Europa identificam fortes conexões internacionais. Os investigadores analisaram semelhanças genéticas entre os vírus da hepatite C de 190 homens HIV-positivos e descobriram grupamentos de transmissão. Um grupo continha vírus de quatro países diferentes e sete dos dez continham vírus de mais do que um país.
Viagens entre países representam um importante papel nessa nova epidemia, afirmam os pesquisadores, e mensagens direcionadas para homens gays sobre os riscos de infecção por HCV devem ser divulgadas pela Europa e América do Norte, não só em uma única cidade.
Os fatores de risco incluem penetração anal sem proteção, apunhaladas, sexo por influência de drogas, doenças sexualmente transmissíveis (em particular a sífilis), divisão de acessórios para cheirar drogas e sexo em grupo.


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Inicia em Sydney a Quarta Conferência da Sociedade Internacional da AIDS


A 4ª Conferência da Sociedade Internacional da AIDS (IAS) sobre Patogênese, Tratamento e Prevenção do HIV foi aberta em Sydney trazendo grandes expectativas. Oradores na conferência de imprensa da abertura enfatizaram os avanços recentes nas três áreas de foco da conferência: a ciência básica do HIV; a terapia anti-retroviral; e as tecnologias para prevenção.
Contudo, a parceria previamente bem-sucedida da Austrália entre governo, médicos, sociedade civil e as comunidades afetadas pelo HIV está “em risco de fragmentar-se” se o Primeiro Ministro australiano continuar a fazer discursos que “mostrem titubeios no compromisso da Austrália em reduzir o estigma e a discriminação”, declararam os oradores durante a sessão de abertura, no domingo à noite, da 4ª Conferência da Sociedade Internacional da AIDS sobre Patogênese, Tratamento e Prevenção do HIV, em Sydney.

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Interações entre medicamentos para TB e HIV

Os medicamentos para TB e HIV podem interagir entre si, reduzindo o nível sangüíneo. Muito se preocupa com o efeito dos medicamentos para a TB sobre os usados para o HIV, porém um novo estudo apresentado na segunda-feira na conferência da Sociedade Internacional da AIDS mostrou que a infecção pelo HIV pode reduzir os níveis de alguns medicamentos para a TB, sobretudo em pessoas em estágio avançado da doença do HIV.
Um estudo tailandês descobriu que, embora 80% dos pacientes que receberam a dosagem padrão de 400mg de nevirapina tivessem níveis plasmáticos sub-ótimos do medicamento, a eficácia foi apenas observada no controle da carga viral durante as 60 semanas de estudo. O aumento da dosagem de nevirapina para 600mg, com uma dosagem induzida de 400mg, uma vez ao dia, resultou em uma alta taxa de hipersensibilidade reativa.
Em contrapartida, um outro estudo de Botsuana descobriu que pessoas com HIV não recebendo os anti-retrovirais apresentaram níveis baixos do medicamento para a TB. Pesquisadores acreditam que a infecção por HIV possa afetar o modo como alguns medicamentos são metabolizados e afirmam que é necessário mais pesquisa com relação às doses corretas para tratar da TB em pessoas HIV-positivas.


A supressão do HSV-2 reduz o risco de infecção por HIV?

O HSV-2 [vírus herpes simples tipo 2], o vírus que causa a herpes genital, torna as pessoas mais vulneráveis à infecção por HIV. Mesmo quando as úlceras do herpes não se encontram nas partes genitais, o vírus pode causar lesões minúsculas que propiciam a entrada do HIV mais facilmente no corpo.
Tentou-se comprovar através de vários estudos se o medicamento que suprime o HSV-2 reduz ou não a incidência do HIV em mulheres HIV-positivas. Um testou o valaciclovir e outro, o aciclovir. Ambos os medicamentos anti-herpes reduziram indiretamente os níveis de HIV nos fluidos genitais.
Mas será possível que um medicamento supressor do HSV-2 em pessoas que já o tenha contraído seja capaz de proteger contra infecção por HIV? A questão foi investigada em um estudo importante apresentado no primeiro dia da conferência. O estudo foi realizado na Tanzânia e 820 mulheres HIV-negativas receberam o aciclovir ou um placebo.
O estudo não constatou diferença na taxa de novas infecções por HIV entre o grupo com o placebo e o grupo com o aciclovir. Os pesquisadores crêem que a falta de eficácia pode ter sido devido às baixas taxas de aderência ao aciclovir – somente metade dos participantes tomaram pelo menos 90% das doses durante os 30 meses de estudo.
Os resultados do estudo ressaltam uma desvantagem importante dos novos métodos de prevenção baseados em medicamentos ou microbicidas – esses têm de ser usados constantemente para que ofereça proteção. Um outro estudo recente sobre lubrificantes e diafragmas juntamente com camisinhas descobriu que 70% das mulheres relataram utilização constante do diafragma. Outros estudos com microbicidas reportaram um uso menos freqüente.


PPE após violência sexual
A Profilaxia Pós-Exposição – medicamentos anti-retrovirais tomados em até 72 horas de exposição em potencial ao HIV – talvez seja capaz de prevenir a infecção por HIV.
Dois estudos apresentados à conferência salientaram a necessidade, em locais de renda média e com limitação de recursos, de uma maior consciência sobre a profilaxia pós-exposição depois de violência sexual.

Concepção assistida

Muitas pessoas com HIV e seus parceiros HIV-negativos anseiam por filhos. Para aquelas HIV-positivas tomando medicamentos anti-retrovirais, o desejo de conceber é freqüentemente citado como razão para não usar camisinha. No entanto, a penetração sem proteção, mesmo o parceiro sendo HIV-positivo e com carga viral indetectável, oferece ainda um pequeno risco de infecção.
Um estudo apresentado na segunda-feira à conferência da IAS sugere que as mulheres HIV-negativas podem conceber com segurança, através da penetração sem proteção com seu parceiro HIV-positivo - desde que a carga viral no líquido seminal dele seja indetectável. A combinação de terapia de casais com exames para DST e penetração no momento certo – com a “salvaguarda psicológica” das duas doses de tenofovir (Viread), usadas como profilaxia pré-exposição (PPrE) – resultou em uma taxa de gravidez acima de 70% e sem transmissão do HIV.


Vacina para o HPV

O Papilomavírus Humano (HPV) é o vírus causador das verrugas genitais. Certos tipos de HPV causam o câncer anal e cervical.
Apesar da terapia anti-retroviral potente, as pessoas com HIV continuam a desenvolver esses cânceres, em parte porque parecem ser mais vulneráveis ao vírus, apresentando apenas os modestos níveis de imunossupressão.
Duas vacinas contra a infecção por HPV vêm sendo globalmente aprovadas, mas não se sabe ao certo sua eficácia contra o desenvolvimento de câncer anal ou cervical em pessoas com HIV.
Pesquisadores australianos declararam à conferência da IAS os testes de uma outra vacina gerada para prevenir o desenvolvimento do câncer em pessoas que já tenham o HPV. Eles a testaram em homens gays HIV-positivos e confirmaram sua segurança, havendo boas respostas imunológicas apesar de um histórico de danos graves ao sistema imunológico. Entretanto, não houve tendências claras na detecção do HPV ou mudanças nas células anais quando se comparou as dosagens das diferentes vacinas e o placebo.


Câncer de pele

Cânceres de pele são conhecidos por aparecerem em taxas mais altas em pessoas com supressão imunológica, incluindo as que sofreram transplante de órgão. A incidência do sarcoma de Kaposi na pele de pessoas HIV-positivas tem declinado drasticamente desde o advento da HAART [Terapia Anti-retroviral Altamente Ativa]. Mas alguns estudos sugerem que outros tipos de câncer de pele são mais comuns ou mais agressivos em pessoas com o HIV.
Pesquisadores americanos relataram uma análise das taxas de câncer de pele em 4.500 pacientes HIV-positivos. Eles descobriram uma taxa mais alta de alguns cânceres de pele (excluindo o sarcoma de Kaposi) quando comparados à população geral no período desde a introdução da terapia anti-retroviral potente, em 1966.
Na visão deles, como as pessoas com HIV vivem mais, exames regulares para câncer de pele em pessoas HIV-positivas devem ser considerados.

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segunda-feira, julho 02, 2007

Ministro da Saúde anuncia criação do Fórum Nacional da Sociedade Civil para o VIH/SIDA


Durante o discurso proferido no encontro ADIS, dia 19 de Junho de 2007, o Senhor Ministro da Saúde, anunciou a instituição este ano do FNSC


Cita-se alguns trechos do discurso e espera-se a sua concretização.


“É reconhecido o papel importante das organizações da sociedade civil no combate à infecção VIH/sida, enquanto líderes em activismo, advocacia, empoderamento e disponibilização de informação preventiva e serviços de apoio social. Estas têm sido capazes de envolver pessoas que vivem com VIH/sida nas suas actividades, ajudando a lidar com fenómenos como o estigma e a discriminação associados à infecção....De facto, a infecção VIH/sida exige uma resposta organizada da sociedade e dos governos em particular, pelo que as organizações da sociedade civil desempenham um papel chave de parceria no desenvolvimento de uma resposta alargada, através da sua experiência, os seus exemplos de boas práticas e a sua capacidade de implementar programas e disseminar informação, particularmente junto de populações com menor acesso à informação e aos serviços de saúde.... A articulação entre os organismos governamentais e a sociedade face ao desafio da infecção pressupõe, para além do apoio financeiro, um efectivo envolvimento e participação da sociedade civil no combate à epidemia.
Assim, decorrente da comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu relativa à luta contra o VIH/sida na União Europeia e nos países vizinhos 2006 – 2009, no que respeita à participação da sociedade civil, decidiu a Coordenação Nacional para a Infecção VIH/sida/Alto Comissariado da Saúde no âmbito do Plano de Acção 2007 – 2008, criar o Fórum Nacional da Sociedade Civil para o VIH/sida (FNSC/VIH).
Integrarão este Fórum organizações não governamentais e da sociedade civil e associações de pessoas que vivem com VIH/sida, com o objectivo de garantir a sua participação efectiva no desenvolvimento e implementação das políticas e programas nacionais”.


Junho 27, 2007

sexta-feira, junho 15, 2007

Imigrantes têm dificuldade em aceder a tratamentos


Os imigrantes e as minorias étnicas continuam a enfrentar grandes dificuldades em aceder aos serviços de saúde europeus, em especial no tratamento do HIV/Sida.Cerca de 200 participantes, incluindo redes comunitárias, autoridades da saúde, decisores políticos da Comunidade Europeia e de instituições internacionais e nacionais, estão reunidos em Lisboa para debater a situação de particular vulnerabilidade dos migrantes e minorias étnicas na Europa face à infecção pelo HIV/SIDA. A conferência, intitulada "The Right to HIV/AIDS prevention, treatment, care and support for migrants and ethnic minorities in Europe", que se realiza desde ontem no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, abordará, entre outras, questões como o acesso aos cuidados de saúde, direitos humanos, saúde pública, direitos sexuais e reprodutivos e políticas de saúde. "Lançámos esta conferência em Lisboa para discutir os principais desafios que enfrenta a Europa neste matéria e para que possam ser apresentadas recomendações que influenciem os processos políticos durante a Presidência Portuguesa [da União europeia, a partir de 01 de Julho de 2007]", explicou à Lusa um dos responsáveis da organização e membro do European Aids Treatment Group (EATG), Peter Wiessner. "Temos recebido sinais muito positivos do Governo português nesta matéria e esperamos que as recomendações e a identificação dos principais desafios que saiam deste debate sejam tomadas em conta e levadas avante pela Presidência Portuguesa, para obter resultados concretos", acrescentou. De acordo com Wiessner, os grandes objectivos da UE têm de passar "por garantir o acesso, a todas as pessoas que residam na EU, a tratamentos de saúde, o que inclui, necessariamente, também os imigrantes e as minorias étnicas". "A lacuna existente tem de ser resolvida, uma vez que é inadmissível que certos grupos ou comunidades sejam excluídas do direito à saúde, por não terem documentação, por falta de informação nas suas línguas ou, simplesmente, porque são discriminados". As migrações e a saúde dos migrantes residentes na Europa, foram escolhidas como o tema dominante da agenda da Presidência Portuguesa da União Europeia, tendo sido o tema escolhido para a área da saúde "Saúde e Migrações" Durante a Presidência Portuguesa, realizar-se-á, entre 27 e 28 de Setembro, uma conferência europeia sobre saúde e migrações: "Por uma sociedade inclusiva", assim como, em Outubro, um encontro dos coordenadores nacionais para a SIDA da UE e de países vizinhos sobre "VIH e Migrações". Como principais preocupações e objectivos a seguir pela UE para garantir uma melhor saúde às pessoas migrantes, o responsável apontou a necessidade "de aumentar a informação disponível sobre a saúde, conseguir obter um melhor conhecimento sobre os problemas que são trazidos pelos imigrantes para a Europa ou aqueles que são adquiridos nos países de acolhimento". De acordo com o responsável, os migrantes "são mais vulneráveis" e encontram–se expostos "a maiores riscos do que as populações europeias", sendo "as mulheres, as crianças e os imigrantes irregulares os grupos mais vulneráveis".

Gays continuam sem poder doar sangue


Médicos defendem aplicação da Lei em vigor

Continua a ser negada aos homossexuais a possibilidade de doar sangue, apesar de os critérios definidos em 2006 pelo Instituto Português do Sangue (IPS) defenderem que ninguém pode ser excluído da doação de sangue com base na sua orientação sexual.

É uma luta ridícula, por ainda ter de ser feita”, garante Ana Pires, da associação Médicos pela Escolha (MPE). No Dia Mundial do Dador do Sangue, celebrado ontem, a MPE questiona a discriminação latente, dado que não existe qualquer pressuposto científico que justifique a recusa de sangue de cidadãos homossexuais. “Existe um preconceito na sociedade e na comunidade médica que tem de ser combatido”, refere o médico Vasco Freire. Com o Plano Médico de 2004/10 a admitir a insuficiência da dádiva de sangue a nível nacional, a MPE garante que a triagem deve basear-se em factos científicos e não em preconceitos.


CM 07/06/15

quarta-feira, junho 06, 2007

Casos de HIV/SIDA aumentam entre mulheres


As mulheres representam quase 30 por cento do total dos chineses que sofrem com a infecção do HIV/SIDA, contra menos de 20 por cento no início da década, informa hoje a imprensa oficial da China, citando estatísticas oficiais.
Em 2006, as mulheres representavam 27,8 por cento de todos os casos de HIV/SIDA, contra 19,4 por cento no ano 2000, diz o jornal oficial Beijing Youth Daily, referindo dados que o vice-ministro da Saúde chinês, Wang Longde, avançou em conferência de imprensa.
Segundo Wang, entre os casos recentes de contágio pelo vírus, a proporção entre homens e mulheres aumentou de dois para um, enquanto na década de 1990 a proporção era de cinco chineses para cada chinesa.
Os casos femininos representaram também mais de metade dos novos detectados de contágio por via sexual, disse o vice-ministro, citado pelo Beijing Youth Daily.
Até o final de Abril de 2007, as autoridades de saúde chinesas registaram 203.527 casos de HIV/SIDA, quase mais 20.000 do que as 183.733 pessoas que as autoridades identificaram até 31 de Outubro de 2006.
O número total de casos na China, incluindo as pessoas que ignoram ser portadoras do vírus, é de cerca de 650.000, segundo estimativas do governo chinês que as organizações não-governamentais do sector de saúde a actuar na China contestam.
Os altos custos das consultas médicas - cerca de 400 renminbi (38 euros) - dificultam o apuramento do número de casos de contágio, mas as organizações não-governamentais calculam a existência de mais de seis milhões de seropositivos em todo o país.
O desconhecimento em relação ao HIV/SIDA e outras doenças sexualmente transmissíveis são uma das grandes causas de transmissão do vírus nas áreas rurais da China, onde os rendimentos médios anuais são de cerca de 260 euros e onde se concentram 80 por cento das doenças infecciosas.


© 2004 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

segunda-feira, junho 04, 2007

"O envolvimento do sector privado na prevenção da infecção VIH/sida",



A rentabilização do negócio através de medidas de resposnsabilidade social das empresas que tenham em vista a prevenção da infecção VIH/sida foi o principal desafio lançado pela Coordenação Nacional na conferência "O envolvimento do sector privado na prevenção da infecção VIH/sida", que decorreu em Lisboa.
Na sequência das boas práticas apresentadas pela L'Oreal, com a campanha "Cabeleireiros do Mundo contra a Sida", que inseriu o tema nos módulos de formação dos seus colaboradores, passando pelos exemplos da BP, Microsoft, Biomérieux, Bristol-Myers Squibb, Visabeira e Porto Editora, realçou-se a importância do sector privado na prevenção do VIH, de acordo com as recomendações das Nações Unidas, quer através de acções de marketing social, do apoio a programas da comunidade, bem como através da prática de saúde ocupacional de forma ética e da não discriminação de trabalhadores infectados e afectados pelo VIH.
Therese Lethu, presidente da Global Business Coalition na Europa, lançou o repto às empresas portuguesas, salientando as vantagens desta organização no apoio à adopção de programas de prevenção e tratamento a colaboradores, bem como à realização de parcerias público-privadas mediante valores como o ganhar-ganhar.
A medicina ocupacional tem como objectivo a eliminação dos factores profissionais de risco, melhorando o ambiente psicossocial do trabalho, com vista à protecção da vida e saúde dos trabalhadores, o respeito pela dignidade humana, seguindo os princípios éticos da confidencialidade.
Contudo, Amílcar Soares, da Comunidade de Pessoas que vivem com VIH, afirma que apesar da legislação portuguesa prever o princípio da igualdade e o direito à integridade pessoal, assim como o manifesto laboral contra sida afirmar que não pode dentro dos limites legais constituir a infecção VIH motivo de despedimento, existem ainda empresas que têm práticas discriminatórias face a pessoas infectadas, conduzindo inclusivamente ao despedimento.
A Infecção VIH não limita por si só nenhuma aptidão para o trabalho. O que pode ser limitador é o estado de saúde decorrente da evolução da doença, pelo que as empresas têm todo o benefício em prestar informações preventivas aos seus colaboradores, quer através de folhetos ou formações, poupando assim dinheiro em seguros de saúde, faltas por consultas hospitalares, que leva por sua vez ao declínio da produtividade, perda de know-how e despesas de recrutamento.
A Organização Internacional do Trabalho calcula que 2/3 dos portadores de VIH em todo o mundo se encontrem em idade activa - entre os 15 e 50 anos. Daí ser urgente agir em três frentes: contra a discriminação, pela prevenção e acesso ao tratamento em meio laboral, tendo os sectores dos média e farmacêutico um papel acrescido, quer na mobilização da opinião pública, como no desenvolvimento científico de terapêuticas.

domingo, junho 03, 2007

Ineficácia nos hospitais impede 50 transplantes todos os anos


As listas de espera para transplantes continuam a aumentar em Portugal, não tanto por falta de dadores, mas por dificuldades na colheita de órgãos. Apenas metade dos 42 hospitais autorizados o fazem com regularidade, o que leva a que "muitos órgãos se percam", denuncia Manuel Abecassis, presidente da Organização Portuguesa de Transplantação (OPT), ontem extinta. O médico deu como exemplo a falta de disponibilidade de recursos humanos no Hospital de Santa Marta (Lisboa), onde a instituição chega a "doar órgãos a Espanha".A colheita de órgãos no ano passado correu melhor do que em 2005, mas ficou aquém das expectativas de milhares de portugueses à espera de um órgão. Na Europa há mais de 40 mil doentes em listas de espera, cenário que estaria na base de um novo reality show na Holanda, cuja realização foi entretanto desmentida. O comissário europeu da Saúde, Markos Kyprianou, considerou que um programa como este seria de mau gosto, mas aproveitou para centrar as atenções no problema, frisando que em cada dia morrem dez europeus por falta de órgãos. A taxa de pacientes que morrem à espera de um transplante de coração, fígado ou pulmão ronda os 15 a 30%. Manuel Abecassis refere que, em Portugal, se perdem oportunidades em muitos hospitais. "Os dadores não são identificados atempadamente. Muitas vezes morrem na Unidade de Cuidados Intensivos e nem se chega a saber o seu potencial. Quem faz o diagnóstico, um neurocirurgião ou neurologista, não sabe atempadamente se o dador teve morte cerebral", condição para fazer a colheita. O diagnóstico de morte cerebral "falha mais", mas há outras limitações estruturais, como a necessidade de camas, a falta de recursos humanos e de preparação das colheitas", explica. Muitas vezes, só se fazem diagnósticos quando o doente está ligado ao ventilador. De acordo com dados da OPT, foram efectuadas 201 colheitas, resultando num total de 590 órgãos (rim, fígado e coração) recolhidos na maioria em cinco hospitais centrais. O número de córneas em 2006 ascendeu a 283, o que é inferior a outros anos. A colheita de pulmões não faz parte das estatísticas de colheitas, mas de transplantes, que foram apenas dois em 2006. Apesar de haver um programa de intercâmbio entre Espanha e Portugal, o responsável frisa que "há três a quatro casos por ano de colheitas feitas por técnicos espanhóis por não haver hipóteses de a equipa realizar o transplante em tempo útil".Se em cada ano as estatísticas flutuam, o certo é que Portugal está longe de Espanha, que é um bom exemplo de funcionamento para o médico do Instituto Português de Oncologia. "Eles têm 35 dadores por milhão de habitantes e nós apenas 21, quando podíamos ter números semelhantes", sublinha. Por essa razão, aponta, "Portugal podia fazer mais 30 transplantes de rim e mais 20 de fígado e de coração por ano". Meia centena de transplantes que ficam por fazer. Em 2006, foram efectuados 1457 transplantes em Portugal e só 452 de córnea. Com dadores vivos, foram realizados 38 transplantes de rim e dois de fígado. As listas de espera por um rim chegam a três anos; seis meses para fígado e coração; nos pulmões, pode chegar a um ano.


DN 02/06/07

Portugal apoia a legalização do ópio afegão


DN 29.05.07


Portugal poderá vir a apoiar a legalização da cultura da papoila e a produção de ópio no Afeganistão no âmbito da luta que a NATO desenvolve contra os talibãs que ameaçam o regime do Presidente Ahmid Karzai. E que, aparentemente, estão a recorrer ao narcotráfico para financiarem a sua insurreição, criando, em simultâneo, uma teia de protecções e de cumplicidades com os agricultores afegãos que dependem dessa cultura para sobreviverem.Se a opção pela legalização da cultura da papoila vier a ser adoptada, o ópio afegão passaria a ser canalizado para a produção de analgésicos (pain killers), cuja composição assenta naquela substância (opiáceos), abastecendo um mercado mundial que é deficitário e que pratica um nível de preços que é demasiado penalizador para os países do Terceiro Mundo. Ao ponto de nos hospitais de Cabul ser quase impossível encontrar a morfina ou a codeína que permitiria aliviar a dor dos doentes que ali se encontram internados.Esta medida, que já foi proposta pelo Senlis Council, um think tank sediado em Paris, permitiria introduzir igualmente alguns mecanismos de controlo sobre a cultura da papoila no Afeganistão, limitando a produção de ópio e evitando que o combate ao narcotráfico continue a empurrar os agricultores afegãos para os braços dos talibãs.Como tem vindo a suceder nos últimos cinco anos, período ao longo do qual a produção de ópio no Afeganistão subiu 32 vezes. Exemplo disso são os números citados pelos sucessivos relatórios da ONU, que deixam bem clara a forma como os agricultores e os narcotraficantes afegãos aproveitaram o caos que se seguiu à intervenção dos EUA no país e que lhes permitiu contornar muito rapidamente as medidas repressivas decretadas pelo regime talibã. Das escassas 185 toneladas de ópio que produzia em 2001, o Afeganistão passou para as 6100 toneladas registadas em 2006. Sendo que a expectativa para este ano, quando a época das colheitas ainda vai a meio, revela que a produção afegã deverá voltar a bater todas as fasquias, denunciando o fracasso das políticas erradicação da cultura da papoila lançadas por Cabul.A posição de Lisboa, que é anterior à recente transferência de uma companhia de comandos portugueses para a província de Kandahar, uma das regiões mais perigosas do Afeganistão, é, tanto quanto o DN apurou, idêntica às medidas que Itália, Canadá, Alemanha e Reino Unido poderão vir também a defender publicamente, ainda que elas esbarrem na intransigência dos EUA.Resta saber o que dirá o Paquistão e, em particular, o próprio Afeganistão, onde começam a surgir também alguns sinais que vão ao encontro da proposta formulada pelo Senlis Council. Seja como for, o facto é que o ópio do Afeganistão, que, neste momento, representa cerca de 90% da produção mundial, tende a crescer ainda mais, ocupando já 165 mil hectares de terra arável no país. O que contrasta com os escassos 7600 hectares de papoila que existiam em 2001, meses antes de os EUA terem passado à acção, derrubando o regime talibã que servia de anfitrião a Ben Laden e à Al-Qaeda.Sem que as novas autoridades do Afeganistão e a comunidade internacional que as sustentam tenham conseguido oferecer grandes alternativas de rendimento aos agricultores afegãos, que há séculos se dedicam à cultura da papoila e à produção de ópio, ganhando hoje dez vezes com o abastecimento dos narcotraficantes do que ganhariam se produzissem milho ou frutas.Caso ainda persistissem dúvidas sobre a relação entre a produção de ópio afegã, o narcotráfico e a insurreição talibã, um estudo recente da Jamestown Foundation encarregar-se-ia de as desfazer. Nesse estudo, o think tank norte-americano demonstra que dois terços das baixas que a NATO sofreu até agora no Afeganistão ocorreram em províncias que são responsáveis pela produção de 62% do ópio afegão.O que ajuda a perceber também as razões por que Helmand e Kandahar - duas províncias que em conjunto representam 54% do ópio que se produz no Afeganistão - são dois dos lugares mais inóspitos e perigosos para as forças da NATO.

Barroso anuncia doação de 400 milhões de euros para combater Sida, Tuberculose e Malária



A Comissão Europeia vai contribuir, até 2010, com 400 milhões de euros para o Fundo Global de Luta contra a Sida, Tuberculose e Malária, anunciou hoje, em Bruxelas, o líder do executivo comunitário, Durão Barroso.
Uma primeira fatia de 100 milhões de euros será disponibilizada imediatamente e os restantes 300 milhões serão atribuídos entre 2008 e 2010.
O anúncio foi feito após uma reunião com responsáveis do Fundo Global e de outras organizações envolvidas no combate a estas doenças, incluindo o antigo Presidente da República Jorge Sampaio.
Uma semana antes da cimeira do G8, em Berlim, José Manuel Durão Barroso garantiu também que irá levantar o tema perante os líderes dos países mais industrializados.
A verba hoje anunciada pela Comissão "é uma parte do esforço da União Europeia", que, no seu conjunto, contribui com mais de metade - 55 por cento - do orçamento do Fundo Global.
"Vamos pedir aos outros que dêem mais, mas todos temos que contribuir para o esforço global", sublinhou Barroso.
Outro palco privilegiado para abordar a questão da saúde pública, adiantou, será a Cimeira UE/África, que se realizará em Lisboa, durante a presidência portuguesa da União, em Dezembro.
Por seu turno, o director-executivo do Fundo, Michel Kazatchkine, salientou que as estimativas actuais apontam que diariamente são salvas 3.000 vidas graças aos programas desenvolvidos através da organização.
O enviado especial das Nações Unidas para a iniciativa "Parar a tuberculose", Jorge Sampaio, lembrou que é precisa "muita luta para erradicar esta doença, que mata 5.000 pessoas por dia".
"A saúde passou a ser uma questão pública global, o que traz aspectos positivos no campo da investigação e da prevenção", sublinhou.
Sampaio disse ainda que devem ser melhorados o acesso aos medicamentos e aos meios de diagnóstico, além de ser necessária a investigação de novas vacinas e de novos medicamentos.
O Fundo Global de Luta contra a Sida, Tuberculose e Malária é um instrumento financeiro destinado a ajudar os países em desenvolvimento a combater estas três doenças.


© 2004 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.2007-05-31 13:00:01

quinta-feira, maio 24, 2007

Anti-democracia, 25 países bloqueiam conteúdo gay na internet


Uma pesquisa realizada pelas universidades de Oxford, Cambridge, Harvard e Toronto mostra que a censura na internet está crescendo. De 41 países pesquisados, ao menos 25 impõem filtros ou bloqueios ao conteúdo que seus cidadãos acessam.China, Irão, Síria, Tunísia e o Vietname são as nações que utilizam os filtros mais rígidos relacionados à política. Arábia Saudita, Sudão e Emirados Árabes Unidos são mais rígidos em relação às práticas sociais, bloqueando páginas pornográficas e sites gays e lésbicos. De acordo com os pesquisadores, o número de nações que bloqueiam conteúdo pode ser bem maior, uma vez que a pesquisa foi realizada em apenas 41 nações, excluindo diversas regiões do mundo, como América do Norte.

“Nos últimos cinco anos, partimos da censura em poucos países, como China, Irão e Arábia Saudita, para ao menos duas dúzias. Conforme esse tipo de bloqueio cresce, temos mais motivos para nos preocuparmos com o impacto dessa censura nos direitos humanos, no ativismo político e no desenvolvimento econômico”, afirmou à revista “Technology Review” John Palfrey, diretor-executivo do Centro Berkman para Internet e Sociedade na Escola de Direito de Harvard.

Os testes para o estudo foram realizados durante o ano de 2006 e no início de 2007.

O instituto utilizou ferramentas que testam remotamente os filtros, além de contar com a contribuição de pesquisadores locais que analisaram o uso da internet dentro de seus países.

Governo trava hemorragia financeira na Saúde


Longe parecem estar os tempos em que a meio do ano foram necessários rectificar orçamentos de Estado para "expurgar" e estancar a hemorragia financeira na Saúde. Entre Janeiro e Março deste ano, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) fechou as contas com um saldo positivo avaliado em 187 milhões de euros, o que permite a Correia de Campos, o ministro da pasta, afirmar que as "contas estão controladas".Como isto sucedeu? Vejamos o lado da receita do SNS. Cresceu 3,9% nos primeiros três meses do ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Mas isto sucedeu graças às "transferências do orçamento do Estado". Ou seja, às receitas com origem em impostos cobrados aos cidadãos. Isto significa a módica quantia de 1,9 mil milhões de euros, mais 50 milhões de euros do que em igual período do ano passado. Contas feitas, já foram "estourados" cerca de 5,5% dos impostos que o Estado espera cobrar este ano. Uma curiosidade: em 2007 o SNS já foi o feliz contemplado de 30,5 milhões de euros dos "jogos sociais", Totobola e Totoloto.Caso sempre complicado é o dossier da despesa. Em três meses, já se "esfumaram" pelos corredores hospitalares - em salários, medicamentos, clínicas e contratos - cerca de 1,86 mil milhões de euros, quase metade do custo previsto para a Ota, o novo aeroporto, a norte de Lisboa.Os gastos equivaleram aos contabilizados no ano passado, para os primeiros três meses do ano, e em salários ao pessoal da função pública - incluindo as famosas horas extraordinárias do pessoal médico hospitalar - foram despendidos 394 milhões de euros. Nada de escandaloso, já que a evolução está ligeiramente abaixo do verificado nos gastos salariais com o pessoal público dos restantes ministérios. O esforço é de realçar. É que, desde Janeiro, as Administrações de Saúde, ARS, passaram a descontar para a Caixa de Aposentações e a "entidade patronal" foi "obrigada" a aumentar a taxa de desconto sobre os salários de 13% para 15%.O terror para os últimos ministros da pasta da Saúde - e também dos titulares das Finanças - são as compras com os medicamentos. Aqui parecem existirem sinais de "garrote" financeiro. Nas compras de produtos farmacêuticos para consumo hospitalar e em "material de consumo clínico", foram escoados 69 milhões de euros, um aumento de dois milhões de euros em comparação com o ano passado. Nos pagamentos aos laboratórios, clínicas de diagnóstico e farmácias já foram consumidos mais de 1,3 mil milhões de euros, entre Janeiro e Março deste ano, quase 1% da riqueza gerada pelo país (PIB). Neste capítulo das contas existem despesas em contracção. Por exemplo, com os "meios complementares de diagnóstico" - onde estão os encargos com os laboratórios de raios X - as despesas ascenderam aos 168,3 milhões de euros, um corte de 18 milhões de euros em relação ao primeiro trimestre de 2006.O custo com os medicamentos comparticipados, vendidos nas farmácias, é semelhante ao apurado no ano passado - 365,9 milhões de euros. O que resulta numa evolução abaixo da inflação anual.


By: RUDOLFO REBÊLO DN24/05/07


quinta-feira, maio 10, 2007

Mineral selénio melhora vida de infectados com HIV


Custa apenas dez euros por mês, mas pode melhorar significativamente a vida dos doentes com HIV/sida que estão em tratamento. Um estudo da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, concluiu que a simples toma de um suplemento mineral, o selénio, atrasa a progressão da doença e diminui a carga viral nestes pacientes. Uma ajuda que tem a grande vantagem de ser fácil e barata, em doentes cujo tratamento tem um preço muito alto.Publicado na revista de especialidade Archives of Internal Medicine, o estudo realizou-se em 174 doentes a receber tratamentos anti-retrovirais. Ao longo de nove meses, 91 deles tomaram uma cápsula de 200 microgramas de selénio, enquanto outros 83 receberam apenas placebo. Os resultados mostram que os primeiros apresentavam uma carga viral mais reduzida e um maior número CD4 - as células de defesa do organismo contra a infecção. "Este é um modo simples, barato e seguro de potenciar a terapêutica", afirma um dos autores da investigação, Barry Hurwitz, "face aos desafios decorrentes do uso das terapias farmacológicas convencionais para reduzir e manter estável a carga viral". Os resultados não foram tão promissores nos doentes com problemas digestivos sujeitos. Um dos efeitos comuns dos anti-retrovirais é a diarreia crónica, que impede a absorção do selénio.Não foi, no entanto, ainda identificado o mecanismo através do qual o selénio consegue estes efeitos. Uma das hipóteses é que as propriedades antioxidantes deste mineral contribuam para reparar os danos feitos pelo oxigénio nas células imunitárias - o que se torna uma arma importante neste tipo de pacientes.Reticências ao resultado"Mais um estudo". É desta forma que o coordenador Nacional de Luta contra a Sida comenta o trabalho. Henrique Barros lembra que o selénio e outros antioxidantes foram estudados há vários anos como complemento no tratamento de várias doenças - do cancro do pulmão às patologias cardiovasculares - e os resultados "não são animadores". Por isso, os guia terapêutico que a coordenação elaborou para tratar os doentes em Portugal não integra suplementos deste tipo. Apesar de a alimentação ter um papel fundamental nos portadores de HIV/sida, "não há evidência científica" que suporte a integração deste tipo de suplementos naquilo que deve ser administrado aos doentes. "A alimentação deve ser encarada de uma maneira mais global, não através de um ou outro suplemento", refere. Reagindo ao estudo, também os especialistas internacionais lembram que se trata apenas de uma esperança. "Não aconselhamos às pessoas com HIV que vão a correr comprar estes suplementos", lembra também à BBC Roger Pebody, da organização inglesa Terrence Higgins Trust. Os especialistas lembram que antes já se sabia de um potencial impacto do selénio no sistema imunitário, mas este nunca tinha sido testado nos HIV positivos. Contudo, sublinham que se trata apenas de um complemento e já nada substitui o tratamento com anti-retrovirais.



in DN 07.05.08, by RUTE ARAÚJO

De 30 comprimidos para um em apenas sete anos


Há sete anos, um doente com HIV/sida em tratamento antiretroviral chegava a tomar mais de 30 comprimidos diários para controlar a replicação do vírus. Hoje, a evolução das terapias reduziram este número para duas cápsulas e, durante este ano, deverá surgir um novo remédio que implica apenas uma toma.Para Ricardo Camacho, médico especialista em HIV, esta tem sido uma das grandes evoluções no combate à doença. Até porque uma das dificuldades para tratar estes pacientes é a adesão à terapêutica - quanto mais medicamentos têm de tomar, mais difícil é o cumprimento da medicação. Mesmo assim, o médico sublinha que, em Portugal, a adesão tem vindo a subir desde 2001, de acordo com um estudo recente do qual é um dos autores. "Ao contrário do que se pensa, os níveis actuais de adesão estão ao nível dos grandes hospitais pela Europa", afirma o especialista do centro de virologia do Hospital Egas Moniz.Para este ano, há três inovações esperadas no tratamento, com a introdução de novos fármacos de classes terapêuticas diferentes daqueles que existem actualmente no mercado.Um deles é um inibidor da protease, que "tem apresentado muito bons resultados em doentes em tratamento há muitos anos e que criaram resistências aos medicamentos". Outro é um inibidor da integrase, uma proteína que permite ao vírus instalar-se e replicar-se. A grande mais valia passa por impedir que este penetre as células, funcionando como um inibidor da sua entrada. "Vai-nos permitir tratar um doente que se tornou resistente a outros tratamentos e cuja saúde se está a degradar de forma a que este comece tudo de novo", explica Ricardo Camacho.Além destes dois, espera-se a chegada de um fármaco de acção tripla, que reduzirá para uma comprimido o tratamento anti-retroviral. A juntar aos anti-retrovirais, os doentes acabam por tomar também medicamentos para combater as doenças oportunistas que para atenuar s efeitos secundários do tratamento.

quinta-feira, maio 03, 2007

Homossexuais não podem dar sangue


É verdade que os homossexuais não podem dar sangue? Sim. Mas isso significa que são discriminados? Não. E o que é que acontece se mentirem? Nada. O problema da doação de sangue por homossexuais em Portugal poderia inspirar um sketch dos Gato Fedorento. Por serem considerados grupo de risco, os homens que praticam sexo com outros homens estão impedidos de dar sangue em muitos hospitais. Esta não é uma originalidade portuguesa, uma vez que a proibição existe noutros países e originou uma polémica que se arrasta há anos.

O curioso em Portugal é a forma como as autoridades de saúde têm lidado com a questão. Depois de ter assegurado que ia acabar com a exclusão, o anterior presidente do Instituto Português do Sangue (IPS), Almeida Gonçalves, mandou retirar do site da instituição a controversa pergunta - "Sendo homem, tem relações sexuais com outros homens?" -, mas não alterou as indicações dadas aos hospitais, que mantêm a homossexualidade como factor de exclusão. Porque é "um critério internacional" que "Portugal não pode modificar unilateralmente", explicou, numa carta enviada no final do ano passado ao administrador do Hospital Geral de Santo António (HGSA), no Porto. A polémica motivou, até à data, requerimentos ao ministro da Saúde apresentados por dois partidos políticos (Os Verdes e o Bloco de Esquerda). O último foi subscrito esta semana pelo BE, que pretende ver esclarecido, de uma vez por todas, se os homossexuais podem ou não dar sangue e quais são as directrizes em que as unidades de saúde se apoiam para rejeitar as dádivas. "Qual é o fundamento técnico-científico? Inclui os avanços entretanto verificados nos nossos conhecimentos? Ou é o resquício de preconceitos e práticas discriminatórias?", pergunta o deputado João Semedo, do BE.Na carta enviada para o HGSA em Outubro de 2006, Almeida Gonçalves justifica a sua estratégia com a "enorme pressão por parte de organizações homossexuais" para conseguirem ser colocados "em igualdade de circunstâncias com os heterossexuais". Os "visados", escreve, obtiveram "a concordância de altas entidades do Estado português" - que entenderam ser a pergunta "susceptível de gerar discriminação de pessoas pela sua orientação sexual". A frase "fere" ainda a Constituição do país, lamenta. Aconselhado "a diferentes níveis a modificar aquela referência, retirando-a da visibilidade que detinha", o ex-presidente do IPS explicava que a brochura com os critérios de selecção estava a ser revista e que o item em questão iria desaparecer. Ainda assim, sublinhava que "o impedimento para a doação de sangue propriamente dito" se mantém vigor, uma vez que "não houve qualquer alteração internacional", apesar de o assunto estar em reapreciação em comités de peritos de alguns países."Isto é completamente hipócrita,", considera o administrador do HGSA, Sollari Allegro, agastado. Este hospital continua a não aceitar a doação de sangue por homossexuais, tal como o Hospital de S. João (Porto), o Instituto Português de Sangue de Lisboa e o Instituto Português de Oncologia, a crer nos relatos feitos ao PÚBLICO. Mas a o impedimento não será generalizado, segundo garantiu Sérgio Vitorino, do movimento Panteras Rosa. "Em alguns hospitais, os médicos não fazem a pergunta." E se há países em que a proibição ainda vigora (Reino Unido), há outros em que foi banida recentemente (Espanha e Suíça), assevera. O que as normas para a selecção do sangue da União Europeia estabelecem é que a exclusão se faça caso a caso, por comportamento de risco e não por grupo de risco, diz. Henrique Barros, coordenador da luta contra a sida, defende também que não há critérios técnicos que justifiquem a exclusão, enquanto Almeida Gonçalves prefere agora esquecer a questão. "Saí do IPS em Dezembro passado. Fechei um ciclo da minha vida", justifica. O actual presidente remeteu o PÚBLICO para o Ministério da Saúde. Que, até ao fecho da edição, não adiantou uma resposta.

quarta-feira, maio 02, 2007

UGANDA: Homossexuais excluídos da estratégia do HIV/SIDA


Segunda-feira, 23 Abril 2007


Num bar de karaokê mal iluminado, num subúrbio de Kampala, capital do Uganda, Crystal Namanya imita a canção “Get into the groove”, de Madonna, seguindo a letra num ecrã de televisão. A sua exibição atrai aplausos. “Vai ai, menina”, gritam os seus colegas da diversão nocturna.Esta não é uma ordinária noite de karaokê. Quase toda a gente no bar é homossexual, algo que muitos ugandeses consideram não africano, nem cristão. Em 2005, a polícia visitou este bar várias vezes. Mas agora é um dos poucos lugares onde os homens e mulheres homossexuais da cidade se sentem seguros.A homossexualidade transporta um grande estigma no conservador Uganda. A sodomia –“um acto contra a natureza”– pode levar à prisão perpétua.Muitos ugandeses preferem fingir que as minorias sexuais não existem, uma crença de todas as classes sociais. "Fazem-nos sentir como se não tivéssemos o direito de existir", disse Crystal. "No dia que descobres que és homossexual, perdes tudo - as pessoas olham para ti como se fosses um doente, outros dizem que estás enfeitiçado".Como consequência fatal da recusa da existência da homossexualidade no Uganda, o programa nacional de combate ao HIV/SIDA não toma em conta as minorias sexuais, apesar da evidência científica de que os homens homossexuais são altamente susceptíveis à transmissão do HIV. O relatório da ONUSIDA, "SIDA e homens que fazem sexo com homens", de 2000, diz que o risco de transmissão do HIV através de sexo anal desprotegido é "várias vezes mais alto do que a categoria seguinte de mais alto risco". A política de fingimentoNinguém sabe qual é a taxa de seroprevalência entre os homens homossexuais no Uganda porque não há estatísticas. "Não há menção de homossexuais ou lésbicas na estratégia nacional, porque a prática homossexual é ilegal", disse James Kigozi, porta-voz da Comissão do SIDA, do Uganda. "Estes dois grupos (homossexuais e lésbicas) são marginais, os seus números são irrisórios". O Ministro da Saúde, Jim Muhwezi, insistiu recentemente que a abordagem ugandesa atende adequadamente a todos os grupos no país, incluindo homossexuais: "Eles não merecem uma mensagem especial. Eles não deviam existir e esperamos que não existam. Se existem, então estão cobertos pela tripla acção ABC (abstenção, fidelidade e preservativo), e deviam se contentar com isso". Um médico ugandês que, nos últimos três anos, trabalhou de perto com as minorias sexuais, disse, em anonimato, ao PlusNews que tem a certeza de que a seroprevalência entre homossexuais é várias vezes superior à média nacional de 6 por cento: "No Uganda, quando se descobre que alguém é seropositivo não perguntamos o seu comportamento sexual, assim, temos uma estatística assumida para uma população heterossexual", referiu. Muitos homens homossexuais desconhecem os riscos de contrair infecções através de sexo desprotegido. O médico defende que esta ignorância é devida à "política de fingimento" sobre a existência de homossexuais, dai que incorporá-los equivaleria a admitir a sua existência. "Há homens homossexuais no Uganda, são um grupo mais vulnerável do que qualquer outro, e por isso precisam de ser educados", salientou. Joel, de 20 anos, homossexual de Kampala, disse que "alguns rapazes acreditam que dormir com um homem é seguro, porque todos os cartazes de publicidade na cidade mostram casais heterossexuais... nada se diz sobre os casais homossexuais usarem preservativos". Numa pizaria que tolera homossexuais no centro da cidade, Joel contou a confusão de descobrir a sua sexualidade aos 14 anos. Desde então, ele tem sido encorajado pelo pai a fazer testes de sangue mensalmente. A atitude do pai tornou-se mais liberal após viver no Reino Unido. Joel disse ser sortudo por ter o apoio moral e financeiro da família, o que minimizava o risco de se tornar seropositivo. Muitos dos seus contemporâneos homossexuais não tiveram tanta sorte. Marginalizados pelas suas famílias e desprezados pela sociedade, vendem os seus corpos, iludidos pela sensação de segurança dos posters da campanha anti-SIDA. Relutantes em contar os sintomas de infecções transmitidas sexualmente por recearem questionamentos sobre a sua orientação sexual, muitos homossexuais e lésbicas dizem que não têm escolha, nem oportunidade de serem honestos sobre a sua sexualidade. Poucas alternativas.

O relatório da UNAIDS apela aos governos para adoptarem uma abordagem não discriminatória em relação às minorias sexuais, mas Beatrice Were, uma analista política na ActionAid, disse que tal abordagem nunca foi adoptada no Uganda."As nossas mãos estão atadas nas nossas costas pelas leis", disse. Em 2005, o parlamento ugandês passou uma emenda à Constituição proibindo casamentos homossexuais. Were admitiu que o preconceito entre as ONGs significava que elas, também, não atenderiam às minorias sexuais. "Muitos de nós não praticam o que pregam. Ainda não resolvemos os nossos próprios receios e estigmas e por isso somos parciais nas acções de prevenção", disse. O resultado é que aos homossexuais homens e lésbicas é negado o aconselhamento e tratamento. "Agora nós temos de ser honestos connosco próprios e falar sobre as minorias sexuais", concluiu.

Presidente do Banco Mundial não se vai demitir


Presidente do Banco Mundial ouvido por painel de investigação

Paul Wolfowitz diz que não se vai demitir

30.04.2007 - 19h05 Reuters

O presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, disse hoje num painel de investigação que não pretende apresentar a demissão, numa altura em que é acusado de nepotismo. O Presidente George W. Bush reiterou hoje "inteira confiança" em Wolfowitz.
Durante a sua audição no painel do Banco Mundial, Paul Wolfowitz disse que não tem intenção de se demitir por considerar estar a ser vítima de uma “campanha de difamação”.“Não acredito que o que estão a fazer sirva os interesses dos mais pobres do mundo que, supostamente, seriam os primeiros a preocupar-nos a todos”, acrescentou.


Jornal público 01/05/07

sábado, abril 28, 2007

Descoberta proteína no sangue que combate o vírus da Sida



A solução para o controlo do vírus HIV pode estar no sangue dos próprios infectados, segundo um estudo da Universidade de Ulm, na Alemanha. A descoberta baseia-se numa proteína que, ao unir-se ao agente infeccioso, impede que se propague aos linfócitos.
A longo prazo, poderá ser desenvolvido um tratamento ou um fármaco que estimule a produção do péptido, que, tratando-se de uma proteína humana, tem a vantagem de praticamente não se verificarem os efeitos secundários agressivos que se registam com os anti virais administrados na actualidade.
Por outro lado, como o péptido actua, bloqueando o vírus e impedindo que este afecte os glóbulos brancos, abre-se uma nova linha terapêutica, que serviria para tratar os casos em que o HIV se tornou resistente aos medicamentos existentes.
(...)
Para ler a notícia em pormenor, consulte o site da BBC News,